Indígena é morto a tiros em Charrua

Crime ocorreu em um ginásio que abriga pessoas que foram expulsas da Reserva do Ligeiro

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Um indígena foi morto a tiros na tarde de domingo (17), em Charrua, município a cerca de 70 km de Passo Fundo. A vítima foi identificada como Zacarias Lalau, de 26 anos. Ele estava em um ginásio com um grupo de cerca de 400 pessoas que foi expulso da Reserva do Ligeiro por causa de conflitos. "Nós estávamos conversando com eles no fim da tarde, quando vi chegar um arro. Depois ouvi os disparos e eles [os criminosos] fugiram", relatou o prefeito de Charrua, Valdésio Roque Della Betta.

 

Segundo o prefeito, dois tiros foram efetuados e os criminosos estavam um automóvel de cor branca. A vítima chegou a ser levada para atendimento no Hospital Santo Antônio de Tapejara, mas não resistiu aos ferimentos e morreu. A Brigada Militar deslocou um efetivo de policiais do 3º Batalhão de Operações Especiais (BOE) para ajudar no enterro da vítima, que foi realizado durante a tarde na Reserva do Ligeiro. "O policiamento ostentesivo já está sendo reforçado desde que se iniciou o conflito na aldeia, mas na área urbana. Dentro da reserva, nós não temos competência legal para atuar. Se eu entrar lá, estarei cometendo um abuso de autoridade", explica o comandante do CRPO/Planalto, coronel Jair Euclésio Ely. Assim, a responsabilidade pela aldeia é da Polícia Federal, que investiga o crime.

 

Após a morte do indígena, durante a segunda-feira (18), a Prefeitura de Charrua suspendeu as aulas em três escolas: Osvaldo Cruz, Carmelina Baseggio e Dentinho de Leite. Em nota, o Executivo municipal informou que a medida se deve "ao agravamento das tensões entre os indígenas e a situação de insegurança que o município se encontra". As aulas já tinham sido suspensas por uma semana após conflitos, e chegaram a ser retomadas na última segunda-feira (11). Segundo o prefeito de Charrua, as aulas serão retornadas assim que a BM garanta a segurança.

 

O conflito

 

O conflito teve início em agosto, quando mais de 50 residências foram queimadas na Reserva do Ligeiro, área de 4 mil hectares onde moram 1,5 mil pessoas. A briga teria ocorrido por causa de um trator doado pela Fundação Nacional do Índio (Funai). Após esses primeiros conflitos, parte dos moradores foi expulsa. Eles foram para Tapejara e depois para Charrua, após decisão judicial. Na última terça-feira (12), a Polícia Federal cumpriu mandados de prisão na reserva do Ligeiro, no ginásio onde ocorreu o crime e em municípios da região, que resultou em cinco prisões.

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