Polícia Civil desarticula organização criminosa

Em duas fases da operação foram presas 26 pessoas, envolvidas no esquema de roubo de caminhonetes

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A ação ocorreu me Marau, Passo Fundo e na fronteira com ArgentinaA ação ocorreu me Marau, Passo Fundo e na fronteira com Argentina
A ação ocorreu me Marau, Passo Fundo e na fronteira com Argentina
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Em sete meses de investigações, a Polícia Civil identificou e prendeu uma grande quadrilha especializada em roubo e adulteração de veículos. Eles agiam em Passo Fundo e na fronteira do Estado e tinham como foco, caminhonetes Hilux. Dos 32 envolvidos, 26 foram presos. As capturas ocorreram durante duas grandes operações policiais, uma, realizada na manhã de ontem (23).
Denominada como “Operação Hermanos – Depuração”, a segunda fase da ação policial capturou 14 pessoas que participavam do esquema. As prisões ocorreram em Passo Fundo, Marau e em dois municípios da fronteira com a Argentina – Crissiumal e Tiradentes do Sul.
O esquema contava com várias categorias de atuação, que incluiam assaltantes, fabricantes de placas, batedores – pessoas que realizam o percurso para informar se há polícia – e receptores.

Investigação

De acordo com o delegado titular da Defrec, Diogo Ferreira, a equipe de investigação chegou ao grupo após a prisão de três homens e a apreensão de um adolescente, ocorridos em março deste ano, quando quem coordenava as investigações era o delegado Adroaldo Schenkel, hoje, titular da Regional.
Na época os criminosos foram capturados quando chegavam ao esconderijo das caminhonetes, em um mato fechado da estrada que dá acesso ao Capingui, distante cinco quilômetro da ERS-324, entre Passo Fundo e Marau. Após a prisão, seguiram as investigações.
Segundo Ferreira, ao menos 15 caminhonetes foram roubadas em Passo Fundo. Durante as diligências, os policiais concluíram que cinco veículos chegaram à Argentina, possivelmente destino final, e quatro foram recuperadas no trajeto ou nos esconderijos.
Cinco meses depois de iniciada as investigações, foi realizada a primeira fase da operação. Na data – 28 de agosto – seis pessoas foram presas preventivamente, outras seis foram capturadas em flagrante e 37 mandados de busca e apreensão foram cumpridos.  Com o material localizado foi possível chegar aos demais participantes e desarticular toda a estrutura.


Conheça o esquema

Dois moradores de Marau comandavam o esquema. Os cabeças atuavam como batedores. Em Passo Fundo estavam os assaltantes, que subtraiam os veículos, escondiam e trocavam as placas. Aqui também estava o fabricante das placas falsas. Elas eram clonadas de veículos similares, que rodavam pelas ruas.
Após o roubo da caminhonete, os marginais escondiam em um determinado mato, adulteravam os sinais de identificação do veículo e saíam em viagem, sempre no período da noite, em direção à Argentina. Pouco a frente do veículo roubado, viajava o batedor. Ele sinalizava se havia polícia na estrada e se havia abordagens no caminho.
Quando chegavam aos municípios da fronteira, entregavam o veículo. Eles recebiam R$ 5 mil em espécie e o restante do valor em cigarros. “Algumas vezes trocavam por armas e drogas”, conta o delegado.
Ao chegar em Passo Fundo, a mercadoria era repassada por um valor menor do que a do mercado. “Vendiam os cigarros para revendedores ou nos próprios mercadinhos e bares de bairros. Já as armas eram entregues para os criminosos”, esclarece.
Na fronteira, o receptador atravessava a caminhonete para Argentina, pelo Rio Uruguai. “Não usavam a balsa normal. Chegavam a encostar dois barcos e carregavam o veículo neles. Acreditamos que algumas caminhonetes tenham caído no rio, pois não se preocupavam muito se havia correnteza no momento da travessia”, conclui.

O mesmo cabeça

O módus operandi da quadrilha não é novidade. Nem a identificação de quem comandava toda a estrutura. Em 2010, um dos líderes do esquema atual, foi preso, também acusado de liderar uma organização criminosa que trocava veículos por mercadorias.
Segundo Schenkel, a diferença da atuação de quase oito anos atrás é mínima. “Na época não eram caminhonetes, mas carros de alto valor e não seguiam para a Argentina, mas para Foz do Iguaçu. De resto, exatamente igual”, relata. O “cabeça” da estrutura, entretanto, segue solto. O processo não foi concluído, o que deu ao homem direito a liberdade. “Na época ele foi capturado na operação Lagoão, que teve 20 presos”, lembra e completa: “O fato de já ter sido preso dificulta o trabalho da polícia, pois ele está mais experiente. Não vai querer repetir os erros realizados no passado e encontra outros meios de nos despistar”, completa. 

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