Após rápido recesso para almoço, julgamento do réu acusado de matar os pais, um casal de idosos que residia da Vila Rodrigues, voltou a ocorrer no Fórum de Passo Fundo. A previsão é de mais 5 horas de sessão no salão do fórum. Depois de nove anos de um crime que chamou a atenção dos passo-fundenses pela brutalidade, vai a julgamento. O Tribunal do Júri deve decidir ainda hoje (19) se Lázaro Geraldo Eckert Macedo é ou não culpado pela morte dos próprios pais. Ele é acusado de duplo homicídio qualificado. A sessão começou às 9h no salão do forum.
À época do crime, Edith Maria Eckert Macedo, com 74 anos, e Jader Moacir Macedo, com 77 anos, foram mortos a tiros na residência em que viviam, na Rua 14 de Julho. O assassinato ocorreu em 2009, no dia 18 de abril. Conforme arquivos do O Nacional da época, os corpos foram encontrados pelo único filho do casal, naquela ocasião com 42 anos, e a esposa dele, quando chegaram à residência para almoçar, como costumavam fazer aos sábados.
Jader foi morto com dois tiros, um na nuca e outro no ouvido. Já Edith foi alvejada duas vezes na nuca. O idoso teria sido assassinado primeiro, conforme apurou a perícia, já que Edith não estava em casa e foi morta ao retornar. Não foram encontrados outros sinais de violência e nem de arrombamento no imóvel.
Após entrar na casa e ver os corpos, Lázaro foi até o Colégio Tiradentes e acionou a Brigada Militar, que chegou rapidamente ao local. Testemunhas disseram que viram Edith entrando na garagem da residência com o automóvel do casal, um Fiat Brava branco. Um vizinho também declarou ter ouvido os estampidos, mas não imaginou que os sons tivessem sido produzidos por disparos de arma de fogo.
No mesmo dia, o filho do casal e a esposa foram encaminhados à 1ª Delegacia de Polícia, onde prestaram depoimento. A arma que pertencia ao idoso, não foi encontrada na casa, somente a caixa que servia como recipiente estava no local.
O processo
Há três anos foi definido pela juíza Lisiane Marques Pires Sasso, titular da 1ª Vara Criminal de Passo Fundo, que o único suspeito pelo crime iria a Júri Popular. Naquela ocasião já havia se passado seis anos do crime.
Ainda na época do fato, a delegada Daniela de Oliveira Mineto, então já titular da 1ª Delegacia de Polícia, disse que após o término das investigações, que duraram seis meses, os indícios apontavam Lázaro como o autor. Apesar da acusação formal, Lázaro sempre negou a autoria dos crimes. Após a conclusão do inquérito, três meses se passaram até que o Ministério Público encaminhasse a denúncia ao Judiciário.
Investigação
Conforme a versão do acusado, ele teria ido ao escritório para buscar alguns documentos para fazer uma declaração de Imposto de Renda, porém, as imagens das câmeras de vigilância do prédio não mostram o homem carregando qualquer pasta ou envelope contendo documentos, tanto na entrada quanto na saída, mas sim, uma garrafa de água em uma das mãos e um canudo na outra.
Ao final do inquérito a delegada declarou que não havia sinais de arrombamento ou desordem na casa. Ela ainda relatou que o acusado sempre se mostrou muito calmo, mesmo diante da perda dos pais. "Um dos fatores que mais chamou a atenção foi o fato de que o pai do Lázaro saía do quarto, que é um cômodo bastante íntimo da casa, quando foi atingido pelos tiros. A própria direção dos disparos não indicava surpresa, como poderia acontecer em um assalto, mas em um assalto as vítimas não são mortas pelas costas com tiros na nuca”, explicou na ocasião.
Outros indícios que levaram à acusação de Lázaro foram uma lesão na mão que ele apresentava no dia do crime e que se parecia, com a marca produzida por uma arma de fogo após ser disparada. Uma pistola 765 registrada em nome de Lázaro foi apreendida pela Polícia Civil posteriormente, mas o laudo pericial que determinaria se a arma apreendida era a mesma utilizada no crime não foi finalizado.
*Atualizado às 16h