Os mesmos soldados, que compartilharam os turnos de trabalho nos últimos três anos com o policial militar Luciano Chaves Lemes, carregaram o caixão do colega de farda na tarde dessa sexta-feira (20), durante cortejo fúnebre. A honraria militar ocorreu na rua Erexim, em frente ao Cemitério Memorial da Paz, onde ele foi enterrado.
Há sete anos na corporação, o soldado integrava a equipe da Ronda Ostensiva Com Apoio de Motos (Rocam) desde 2015. Foi depois de um dia de serviço e ainda fardado, que Lemes sofreu um acidente de trânsito e morreu. O fato ocorreu por volta das 20h30, na ERS 324, Perimetral Sul.
Ele trafegava pela rodovia com a motocicleta pessoal, quando se deparou com um cavalo solto na pista. Além de colidir contra o animal e ser arremessado, ainda foi atropelado por outra motocicleta, que passava pelo local na mesma hora. Os Bombeiros prestaram socorro e o encaminharam ao hospital, mas ele não resistiu aos ferimentos.
Segundo a comandante da tropa, capitã Graciela Michelotti, Lemes era habilidoso, tinha muita energia e amava a profissão. “Nós fizemos treinamento um dia antes, no Quartel. Depois que passam pela instrução, eles saem igual uns ‘Pitbull’. Então ontem (quinta-feira), eles atenderam três ou quatro ocorrências, inclusive com perseguição e prisão”, conta.
A prisão à qual a capitã se refere é um flagrante por adulteração dos sinais identificadores de veículo e direção perigosa. “Ele ficou muito feliz pelo êxito da ação, mesmo precisando trabalhar um tempo a mais, pra apresentar a ocorrência na delegacia”, acrescenta. Por volta das 20h os três policiais saíram da delegacia, entregaram as viaturas no Regimento – motocicletas – e cada um tomou seu rumo.
Conforme um dos policiais que esteve em serviço com o soldado à tarde, Diego Menezes Dias, eles faziam o mesmo caminho pra casa, mas não foram juntos, naquela noite, porque Lemes passou rapidamente visitar os pais. “Nós fazemos o mesmo trajeto, só que eu passei cinco minutos antes dele naquele local. Cheguei em casa e já comecei receber as mensagens que ele tinha se acidentado”, lamenta.
Alegre, dedicado e brincalhão
De forma unanime, os colegas definem o soldado como alegre e brincalhão. “Ele dava umas reinada, mas não perdia o bom humor”, conta Fábio Scaglia, também integrante da Rocam. “Ele era muito dedicado ao treino, fazia Jiu Jitsu, Muay Thai, e sempre queria se destacar. Também era muito amigo. Até no dia que treinamos, ele trouxe uma moto dele, de trilha, pra gente andar um pouco na pista que temos no Quartel. Todos andaram com a moto, fizemos um churrasco, parecia que era despedida.”
Outra característica de Lemes, segundo contam os colegas, era chamar os amigos por apelidos que ele mesmo criava. “Ele sempre tinha um nome diferente pra cada um, que ele mesmo inventava e só ele chamava. Nós nunca mais vamos ouvir alguém nos chamar igual”, lembra Jean Michel Bartolomei. Triste, o militar faz questão de mencionar sobre a ajuda que recebeu amigo quando passou a integrar a Rocam: “Ele me deu muitas dicas de como pilotar a moto, pra ser mais ágil nas ocorrências, pra fazer melhor as curvas. Ele ajudava a gente quando podia”, completa. Além da guarda fúnebre, o policial foi homenageado com sirenaço dos demais setores da segurança pública.