A internet como ferramenta de ensino

Com objetivo de tornar o conteúdo do Direito Penal mais compreensível aos acadêmicos e concurseiros, professora e aluna de graduação criaram um canal no YouTube

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A dificuldade encontrada pela maioria dos alunos que recém ingressaram na faculdade, em optar pela carreira que vão seguir logo à frente, foi o que inspirou a professora de Direito Penal e delegada de Polícia Civil, Carolina Goulart, a criar um canal no Youtube. Além de explorar as profissões, através de entrevistas com pessoas que atuam em diferentes áreas, mas sempre envolvendo a legislação penal, o “Direito+Simples”, como foi denominado, também traz conteúdo jurídico, porém, com uma linguagem mais clara e fácil de compreender. “São duas séries de vídeos, no primeiro momento: uma com entrevistas de profissionais das mais diversificadas áreas do direito penal e outra com a diferença entre crimes, esses que as pessoas mais se confundem, como furto e roubo, por exemplo”, explica.

Além de atuar na graduação, há sete anos integrando o corpo docente na UPF, Carolina também trabalha em cursinhos preparatórios para concurso. “Eu amo a sala de aula e me encontro nela. E por gostar tanto do que faço, acabo inspirando meus alunos”, comenta. Esses mesmos alunos, que foram motivados em sala de aula, se formaram e sentiram falta da dinâmica da delegada: “Então eles me cobravam muito, pra eu fazer aulas online, pra eles conciliarem com os estudos do concurso. Foi a soma dessa cobrança dos ex-alunos com a dificuldade dos novos estudantes, em definir seu futuro profissional, que me levou a gravar os vídeos”, relata.
Com apoio de uma acadêmica e amiga, a ideia saiu do papel. A conta do canal e a vinheta de abertura – partes mais técnicas – ficaram sob responsabilidade da quase formanda de Direito, Helena Folle. “Eu faço a ponte entre ela – Helena – e os entrevistados e ela realiza as entrevistas, edita os vídeos e cuida do nosso Instagram, que é o meio criado para que o público entre em contato conosco, mande suas sugestões e dúvidas”, diz a delegada.
Criado há pouco menos de dois meses, o canal já conta com 275 inscritos. Segundo as duas envolvidas no projeto, embora a ideia inicial tivesse como público alvo os estudantes da área do direito, os questionamentos a serem respondidos podem ser feitos por qualquer pessoa com dúvidas ligadas à legislação penal ou as profissões jurídicas. “Não temos planos de criar nada muito elaborado. Ao contrário, os vídeos não são profissionais, mas são simples e esperamos atender dúvidas de todo o Brasil mais para frente.”

Inscritos

O número de inscritos é avaliado pela professora como baixo, se comparado às publicações em outras redes sociais, como Facebook. Já a estudante enxerga como positivo o alcance do canal até agora, porque entende que o público é diferente: “Pra curtir uma publicação no Facebook, seguir uma página, por exemplo, é muito fácil. É um clique. Já pra se inscrever em um canal do Youtube, precisa cadastrar e-mail e abrir uma conta. Quem assiste na internet, não tem muita paciência pra todo esse processo”, comenta.
Mesmo exigindo um procedimento mais trabalhoso, Helena ressalta os benefícios de estar inscrito em uma plataforma que pode contribuir para a formação profissional. “Os nossos inscritos, quando postamos um vídeo novo, recebem a notificação. Vale a pena. Se eu gostei do canal, sempre que houver nova publicação, vou receber o aviso. Eu não preciso procurar por ele e, também, não corro o risco de perder uma nova explicação”, esclarece.

É mesmo um Direito+Simples?

Segundo a estudante, sim! “Eu, como aluna, percebo que o nome encaixou perfeitamente na ideia, porque o Direito demanda estudo, leitura, tempo e o conteúdo é sempre corrido, cheio de diferenças minuciosas. O canal busca esclarecer, simplificar mesmo! Eu amo o curso, mas ele é maçante. Então porque não ser um conteúdo maravilhoso e mais fácil, mais simples?”, questiona.
A professora completa: “Percebo que alguns colegas tentam ensinar os alunos, de 17 anos, 18 anos, com uma linguagem rebuscada, aquela que se usa em audiência. Acho que isso não tem necessidade, pelo menos não hoje em dia. E essa é nossa ideia. Falar de modo que todos nos entendam”, conclui.

Inspirar

Com 27 anos Carolina resolveu que se tornaria delegada de Polícia Civil. Ela era estudante de Direito e havia se tornado mãe há poucos meses. No intervalo das aulas ela amamentava a primeira filha e, apesar da dificuldade encontrada em criar uma criança e estudar, não desistiu. Foram três anos de muita dedicação e disciplina. Nesse período fez concursos para delegada, mas não passou. Não perdeu a motivação, ao contrário: passou a estudar em dobro, até que atingiu seu objetivo. Foi delegada depois dos 30 anos e conta a sua história sempre que começa a dar aula em uma turma nova. A intenção é clara: inspirar, motivar e mostrar que todos são capazes. “Eu nunca fui a mais inteligente, mas sempre fui disciplinada. E é isso que precisamos para ingressar na carreira jurídica”, conclui.

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