Quase dois meses depois da Operação Pólis, uma das maiores ações de combate à lavagem de dinheiro já realizadas no Estado, a Polícia Civil deu outro passo importante nas investigações e obteve na Justiça, o bloqueio de bens dos suspeitos.
Foram 142 ordens judiciais, entre sequestro de veículos e indisponibilidades de bens imóveis, cumpridas na manhã dessa sexta-feira (17), no município. As diligências foram realizadas através das equipes da Defrec e da Sexta Delegacia Regional, com apoio da Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa.
De acordo com o delegado titular da Defrec, Diogo Ferreira, ao contrário da primeira ação, que apreendeu 100 veículos – esses continuam retidos –, dessa vez a polícia apenas os tornou indisponíveis. São 50 automóveis, que não podem ser transferidos de um nome para outro, além dos que já haviam sido apreendidos anteriormente.
Também foram bloqueados judicialmente 80 imóveis. “Com a deflagração da operação, na primeira fase, apreendemos muitos documentos. Com base nas análises, descobrimos que havia ainda dezenas de imóveis e veículos que pertencem aos investigados ou que tem alguma vinculação com a lavagem de dinheiro e que permaneciam disponíveis”, explica.
Os investigados continuam utilizando as mansões, os apartamentos e as casas, avaliados juntos em mais de R$ 22 milhões, mas não podem vender de forma legal, com transferência de titularidade. “Dessa forma se garante que ao final do processo, se condenados os réus, os imóveis sejam vendidos ou leiloados, a fim de garantir o reembolso dos valores às vítimas e à própria polícia”, comenta.
Além de Passo Fundo, os imóveis indisponíveis também estão em Ernestina, Mato Castelhano, São Leopoldo e no litoral catarinense, em Balneário Camboriú, Itapema e Balneário Gaivota.
Na mira da polícia
As investigações prosseguem pelos próximos meses. Mais de 160 passo-fundenses estão sob a mira policial. Todos são investigados por adquirirem dinheiro de forma ilícita, com golpes do Conto do Bilhete, e, em seguida, esconder a origem dos valores obtidos.
Ainda na primeira fase, as contas bancárias dos investigados e “laranjas” –alguém que empresta o nome para ocultar a origem ou o destinatário de dinheiro ilícito – foram bloqueadas. Mais de R$ 400 mil, que foram encontradas nas contas, estão indisponíveis para uso.
Lucro ilícito
Entre os golpes que foram registrados a polícia somou R$ 2 milhões e meio de prejuízo. Segundo o delegado, entretanto, muitos golpes – cada grupo chega aplicar cinco por semana – nem se quer são registrados, motivo pelo qual a polícia acredita que o rombo passe dos R$ 20 milhões.