Catarinense que roubou pacientes em seis estados agiu em Passo Fundo

Policial identificou golpista através de uma reportagem veiculada em rede nacional

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Com uma receita em mãos e a promessa da cura contra o câncer, um catarinense de 67 anos, que dedicou a vida ao mundo do crime, encontrou na fragilidade dos pacientes, uma maneira de se beneficiar ilicitamente. Entre os 29 municípios dos seis estados por onde passou, enganando as vítimas para obter lucro, está a cidade de Passo Fundo.


Foi na saída da oncologia do Hospital da Cidade, no dia 29 de janeiro deste ano, que um idoso de Barracão, em tratamento, foi abordado. Já com cabelos brancos e uma sacola em mãos – aparentemente guardando exames –, o criminoso se aproxima da vítima. Ele puxa conversa, se identifica como tenente e aparenta ser solidário.


O golpista vai além. Diz que também já tratou um câncer, mostra uma cicatriz na barriga e argumenta que se curou da doença com auxílio de um remédio caseiro. A vítima, esperançosa, ouve com atenção. É no interesse do paciente, que o marginal encontra a brecha para agir.
As imagens do estabelecimento hospitalar são nítidas e flagram os passos do criminoso: ele pede ao paciente que aguarde sentado, enquanto busca a receita e um copo com o remédio pronto, que supostamente carrega consigo, para a vítima experimentar.


Quando retorna com um copo em mãos, convida o idoso para ir até a Praça Antonino Xavier, em frente ao hospital, onde poderão conversar com mais calma. É num ponto sem muito movimento, que entrega o remédio para a vítima. Assim que o paciente toma o líquido, adormece.


Imóvel e sem possibilidade de defesa, o senhor teve a carteira roubada pelo homem, que já aproveitou o cartão do banco da vítima para fazer umas compras nas imediações do hospital, além de sacar o restante do valor que havia na conta, em uma agência bancária.


O idoso é encontrado algum tempo depois, desmaiado. Ele passou três dias no hospital, desacordado, em consequência do forte sonífero que ingeriu sem saber. O suspeito desapareceu.


Investigações
A Polícia Civil iniciou as investigações, através da equipe da 2ª Delegacia de Polícia. As imagens foram coletadas, mas o suspeito não fazia parte do rol de suspeitos da cidade, nem do estado. Foram meses com inquérito aberto, nas buscas pela identificação. Francisco Djalma Francioni foi reconhecido pelo policial que cuidava do caso, no dia 30 de setembro, ao assistir um programa da rede nacional, que falava justamente sobre sua atuação delituosa.


O agente que cuidava do caso, Fabiano Bolner, não teve dúvidas ao comparar as imagens da notícia assistida, com as gravações que havia coletado no hospital. Francioni foi capturado em Goiás, preventivamente, pela morte de uma vítima que tomou o suposto remédio e não acordou mais.


O homem também é suspeito de outras duas mortes. Ele admitiu, ao delegado que colheu seu depoimento, ter passado por Passo Fundo. Pelo crime cometido no município, deverá responder por roubo. Ainda há a possibilidade de indiciamento por tentativa de homicídio ou latrocínio tentado, conforme entendimento do delegado local, responsável pelo inquérito.


Outros nomes
Francisco Francioni se identificava com diferentes nomes por onde passava. Alguns nomes como José Augusto Fernandes, Daniel Luiz Moreno de Carpi, ou tenente Fabiano, foram utilizados. Até o próprio nome, com pequenas alterações, como Francisco Djalma Moreno Francioni foi usado durante sua atuação.

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