Envolvida em um grave episódio que ocorreu em sala de aula, no Colégio Cecy Leite Costa, na semana anterior, quando um adolescente de 17 anos saiu com oito ferimentos causados por um canivete, a autora dos golpes foi ouvida na delegacia, pela Polícia Civil, no final da manhã de ontem (06).
Acompanhada do advogado de defesa, a jovem de 16 anos alegou à equipe da Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa que sofria bullying, devido a sua orientação sexual e negou a versão dada pelo colega ferido, sobre tê-lo convidado a realizar um massacre na escola.
O criminalista Jabs Paim Bandeira afirmou que a garota sentia medo das ameaças que sofria, motivo pelo qual carregava facas na mochila. “Ela passou um período de três meses sofrendo sem reagir, com piadas e ameaças que mencionavam matar homossexuais, até que explodiu”, relata.
Sobre o depoimento da vítima, o advogado também se posicionou: “Ela não convidaria esse adolescente para praticar qualquer atividade com ela. Eles não são amigos, não conversavam”, acrescenta. Após o ocorrido, a adolescente saiu da escola correndo e ficou desaparecida até a manhã seguinte. Quando os pais da jovem a encontraram, estava ferida, com possíveis autolesões no corpo. “Foi uma explosão de sentimentos e ela está arrependida”, completa.
Versão da vítima
A vítima foi ouvida um dia antes e contou para a polícia que foi pego de surpresa. Segundo o pai do jovem, que terá a identidade preservada para que o filho também não seja identificado, a adolescente havia convidado o colega para realizar um ataque em sala de aula, contra os demais alunos. “Ela disse pra ele que estava armada. Meu filho achou que era brincadeira, respondeu que não ajudaria ela e ela ficou quieta. Depois disso ele sentiu uma dor nas costas, como se fossem tapas e viu o sangue”, conta.
O adolescente foi atendido no hospital e deu alta no sábado, dois dias após ter sofrido os ferimentos. Os golpes foram desferidos no pescoço, braço e um deles atingiu o peito, na região do mamilo. Foram oito pontaços. A vítima se recupera em casa e deve concluir o ano letivo longe do educandário, com estudos à distância. Segundo a mãe do aluno, ele não retornará para a mesma escola.
Investigação
Além dos envolvidos, a polícia ouviu testemunhas – professores e colegas. Nas redes sociais da estudante havia um videoclipe americano, sobre uma música que faz menção a um ataque dentro do educandário, que também foi analisado.
Questionada sobre a publicação, a menor disse que compartilhou o vídeo porque gosta da música. O inquérito será concluído nos próximos dias e encaminhado ao Ministério Público. A adolescente deve responder por tentativa de homicídio com medidas sócio-educativas.
Ela pretende retornar para a mesma escola, segundo informou a mãe, para evitar uma nova adaptação, já que se mudou para Passo Fundo junto com a família este ano. A jovem é de Arvorezinha.