O Ministério Público acompanhou, na manhã desta quarta-feira, 14, operação da Polícia Civil para combater o crime de lavagem de dinheiro. A organização criminosa que explorava jogos de azar é investigada por adquirir de forma ilícita 31 apartamentos e estabelecimentos comerciais no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina. São mais de 50 suspeitos envolvidos e todos os bens, incluindo veículos, foram avaliados em mais de R$ 16 milhões. Ao todo, 27 mandados judiciais foram cumpridos em Porto Alegre, Canoas e em Bombinhas, no litoral norte catarinense, 22 desses mandados foram de busca e cinco de prisão. No entanto, três alvos não foram localizados porque os suspeitos fugiram para fora do país e os outros dois envolvidos no esquema criminoso seguem procurados.
LAVAGEM DE DINHEIRO
O grupo atuava inicialmente na exploração de bingos e máquinas caça-níqueis. Assim que conseguiam formar um caixa considerável, iam abrindo empresas de fachada de forma paralela, sempre em nome de laranjas, tanto familiares quanto de terceiros. O segundo passo era o uso das máquinas para passar cartão de crédito dentro dos bingos. Esses cartões estão vinculados às empresas de fachada, abertas para esquentar ou lavar dinheiro sujo, dessa forma o dinheiro do bingo caia direto na conta bancária da empresa de fachada. Com isso, o faturamento das empresas de fachada é elevado, dando suposta legitimidade para que elas adquiram bens de forma direta.
CONTAS DE PASSAGEM
Além desta forma de lavar dinheiro, a organização tinha 57 pessoas envolvidas que emprestavam suas contas bancárias, mediante um ganho financeiro, para depositar dinheiro da exploração de jogos de azar. Muitas vezes, depósitos feitos via empresas de fachada. A investigação da Polícia Civil apurou que um mesmo valor era depositado seguidamente em várias contas por meio de transferências, para se afastar o máximo possível da origem ilícita e dificultando o rastreamento.
AQUISIÇÃO E TRANSFERÊNCIA DE BENS
O último passo do esquema criminoso era a aquisição de lojas, cafés, mercados, apartamentos, inclusive de luxo, e veículos. Este grupo também realizava uma espécie de confusão patrimonial, os investigados faziam entre eles diversas compras de bens, apenas no papel, bem como apenas a troca de titularidade dos imóveis, estabelecimentos comerciais e veículos, fazendo uma compensação de créditos e débitos.
Segundo o promotor de Justiça Marcelo Tubino, que atua no projeto-piloto da Promotoria Especializada no Combate aos Crimes de Lavagem de Dinheiro e Organização Criminosa, diz que “além de congelar os bens e imóveis, impedindo a organização de seguir atuando e localizar, prender e responsabilizar os criminosos, outro importante objetivo deste trabalho em parceria é o de evitar a concorrência desleal entre empresários, proporcionando às empresas regulares e que pagam normalmente seus tributos tenham um mercado atrativo de investimentos. Estamos agindo e esse é o caminho no combate patrimonial”, concluiu o promotor.