A Polícia Civil de Passo Fundo, através da Draco, vai investigar o conteúdo e a procedência de um áudio de mais de quarenta minutos, que supostamente foi gravado dentro da casa prisional do município, ainda no ano anterior. O delegado responsável, Diogo Ferreira, teve acesso à gravação na tarde de ontem (14). O conteúdo dá a entender que existe um esquema de suborno entre agentes penitenciários e detentos do Presídio Regional e havia sido entregue ainda no ano anterior à corregedoria da Superintendência dos Serviços Penitenciários (Susepe), que deveria apurar questões administrativas.
A gravação veio à tona depois que 17 detentos escaparam da casa prisional por um portão do prédio, que foi derrubado após a colisão proposital de uma caminhonete. Alguns trechos ouvidos falam em valores de R$ 5 e R$ 10 mil para que os presos sejam realocados na galeria A, justamente onde estavam os criminosos que escaparam.
Servidores se manifestam
Amapergs Sindicato, representada pelos diretores Marcos Silva e Marili Antunes Neubüser esteve na tarde de ontem reunida com servidores penitenciários lotados no Presídio de Passo Fundo, definido pela entidade como o mais indigno, precarizado e exposto do RS. “Um verdadeiro queijo suíço, que só não foi derrubado pelos delinquentes ainda pela abnegação e bravura dos colegas que lá resistem”, diz a nota.
Segundo os dirigentes, durante a reunião houve três tentativas de arremesso de objetos para o interior do presídio, que imediatamente, foi frustrada pelos agentes que estavam em maior número por decorrência da reunião. “Falar em segurança perfeita num presídio como o de Passo Fundo: é inocência, na melhor das hipóteses. É desconhecer que não existe segurança perfeita num presídio com capacidade para 307 detentos mas que abrigar 739 com uma média de seis agentes de plantão”, reforça a entidade.
A Associação protesta contra o que chama “requentar falas de presos para repórter desconhecido”, referindo-se a uma matéria produzida pela RBS e, que presos estariam denunciando propina a agentes penitenciários de Passo Fundo. Segundo a entidade, a Penitenciária tem profissionais sérios buscando soluções para os problemas do PRPF, que se arrastam por anos. E destaca que “existe um projeto de uma nova penitenciária em perímetro adequado, que por irresponsável falta de vontade política até hoje não saiu do papel. Apontar os servidores para justificar o descaso com o PRPF é fácil, mas difícil ir a fundo nos reais problemas do Regional de Passo Fundo”.