A ERS 324 entre Passo Fundo e Marau ficou interrompida por mais de 12 horas, entre às 16h de terça-feira e às 7h da manhã de quarta. O motivo: o tombamento de uma carreta carregada com 46 mil litros de metanol, dos quais 500 litros vazaram para a pista e o acostamento. A remoção da carreta e limpeza da pista envolveu os Bombeiros de Passo Fundo, Marau e técnicos da Fepam, por se tratar de combustível altamente inflamável, que produz uma chama azul invisível. A equipe da Divisão de Emergências Ambientais da Fepam acompanhou e orientou a remoção da carga e da carreta.
Os engenheiros químicos André Milanez e Margareth Foernges explicaram que uma pequena quantidade do produto vazou formando apenas uma poça no solo. Mesmo assim, foi preciso retirar toda a carga que era transportada para reerguer o caminhão e retirá-lo do local onde caiu. Por volta das 9h da manhã de ontem um caminhão guincho realizou o destombamento do veículo acidentado.
Os Bombeiros de Passo Fundo utilizaram duas viaturas: um caminhão e uma ambulância e seis militares atuaram em todo o processo. Assim que chegaram no local do acidente no Km 198 da rodovia, o local do vazamento, num raio de 50 metros, foi isolado com serragem. O transbordo da cargo começou por volta de 1 hora da madrugada e se estendeu até o começo da manhã. Somente a partir das 7h, que uma das pistas das pistas foi liberada para o tráfego de veículos.
Motoristas de caminhão que estavam no trecho tiveram que estacionar e passar parte da tarde e toda a noite no local. Os veículos leves retornaram para Passo Fundo ou Marau. Alguns buscaram vias alternativas para fugir do congestionamento.
Mesmo depois de liberada uma das pistas, o trânsito na rodovia demorou para ser normalizado. Policiais Rodoviários precisaram percorrer os quase seis quilômetros de congestionamento, nos dois sentidos, para acordar a maioria dos caminhoneiros que dormiram nos veículos, enquanto aguardavam a liberação da pista para seguir viagem. “Bate na cabine de um por um e vai acordando eles”, foi a ordem dada ao soldado, pelo tenente da Polícia Rodoviária Estadual.
Os que já estavam de pé conversavam no acostamento, acompanhados do chimarrão matinal, sem qualquer informação sobre o horário de liberação da via. “Eu estou desde ontem à tarde aqui, parado no mesmo lugar. Será que vai mais quanto tempo?” questiona ansioso, um dos motoristas que passou a madrugada no local.
Imprudência
O capitão Darci Bugs Junior, comandante do Batalhão Rodoviário, com sede em Passo Fundo, disse que a ultrapassagem indevida e a velocidade acima do limite estão entre as principais causas de acidentes na rodovia. Embora, sem os números em mãos, comentou que depois que a rodovia foi restaurada os acidentes aumentaram. A causa do acidente com a carreta de metanol ainda não foi definida. Mas este acidente ocorreu uma semana depois que outro caminhão,carregado de lixo, tombou no acostamento da rodovia interrompendo parcialmente o fluxo de veículos.
Uma das reclamações dos motoristas, depois que a rodovia foi restaurada, é o desnível da pista para o acostamento. Em velocidade acima da média e em curvas muito fechadas, veículos mais pesados podem tombar com maior facilidade. Sobre estas questões técnicas, o Comandante do Batalhão Rodoviário disse que não fala a respeito. “A estrutura da via é uma questão de engenharia e está sob responsabilidade do Daer”, disse o comandante.
Acidente em julho
Em julho do ano passado também ocorreu um acidente com uma carreta carregada de metanol. Foi no Km 201 da ERS 324. Com o impacto do tombamento, próximo a curva de Burro Preto, o tanque furou e os 40 mil litros do produto tóxico vazaram para o rio Burro Preto. Neste acidente, a rodovia também ficou bloqueada por horas até que o que restava da carga foi transbordada e a carreta retirada do local. O metanol é de fácil dissolução na água e evaporação no contato com o solo. Por esta razão, a Fepam não conseguiu medir se houve dano ambiental.