Delegado da PF é afastado por suspeita de corrupção

Ação da PF e do MPF também investiga empresários e um advogado

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Em entrevista a Rádio Uirapuru Delegado disse que ação é uma perseguição ao seu trabalhoEm entrevista a Rádio Uirapuru Delegado disse que ação é uma perseguição ao seu trabalho
Em entrevista a Rádio Uirapuru Delegado disse que ação é uma perseguição ao seu trabalho
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O delegado da Polícia Federal de Passo Fundo, Mário Luiz Vieira, foi afastado de suas funções na manhã de ontem, durante a operação Dois Campos, desencadeada pela própria PF e Ministério Público Federal. Ele é suspeito de corrupção. As investigações tiveram início após informações indicarem que o policial afastado teria recebido recursos de empresários, investigados e advogados, sob o pretexto de investir os valores na Comunidade Terapêutica Maanaim, localizada no município de Água Santa, distante cerca de 40 quilômetros de Passo Fundo. A entidade oferece tratamento para dependentes químicos. Diligências indicaram que os recursos captados eram gastos com despesas do próprio delegado.
A Polícia Federal e o Ministério Público Federal já começaram a ouvir os doadores para que esclareçam de qual lado partiu a iniciativa de aproximação para apadrinhamento de dependentes químicos e doações, em que contexto ocorreram as solicitações e se sofreram algum tipo de constrangimento. Além do delegado, são investigados empresários e um advogado.


A operação recebeu o nome de “Dois Campos”, que é a tradução do idioma hebraico para a palavra que designa a instituição terapêutica, porque retrata o conflito de interesses que permeava a atuação da autoridade policial. Ao todo, nove mandados de busca e apreensão foram cumpridos na região. A operação foi comandada por um delegado vindo de Brasília. O caso deverá ser encaminhado à Corregedoria da Polícia Federal.

 

Delegado nega acusação e fala em perseguição
Em entrevista ontem à tarde na Rádio Uirapuru, o delegado Mário Luiz Vieira negou as acusações de envolvimento em corrupção, falou em perseguição e que está disposto a dar todos os esclarecimento necessários. Afirmou que seu afastamento foi uma decisão judicial equivocada e extravagante. Também fez provocações e ironizou dois procuradores do MPF para que dessem explicações sobre a acusação de corrupção que pesa sobre ele. "Gostaria que os senhores dessem uma explicação, que não ficassem escondidos como costumam ficar. Que vocês digam o que tem contra o delegado Mário, a corrupção do delegado Mário".


Em relação ao advogado investigado, declarou ser uma das pessoas que mais ajudou a Maanaim. "Ele se responsabiliza pelas causas trabalhistas. Faz tudo de graça para a Maanaim, tenho alguns processos antigos movidos pelo MPF contra mim, que ele cobrou R$ 500, simbolicamente".


Vieira afirmou pagar algumas despesas da entidade com recursos próprios. Segundo ele, há uma planinha de controle dessas despesas no escritório. "Quando a Maanaim tem algum dinheiro, devolve o meu", justificou.

 

MPF divulga nota de esclarecimento
Logo após as declarações do delegado Mário Luiz Vieira, a assessoria do Ministério Público Federal divulgou uma nota rebatendo as acusações feitas pelo policial. Segue a nota na íntegra. "Os procuradores da República que atuaram na Operação Dois Campos, em relação as entrevistas concedidas pelo delegado da Polícia Federal afastado em decorrência das investigações, vêm esclarecer que: ao contrário da alegação de que o afastamento do delegado aconteceu pelo motivo de perseguição, as decisões tomadas na operação conjunta do MPF com a Polícia Federal e com a participação do núcleo de inteligência da PF, se deram após análises técnicas de quatro procuradores, autorizadas pelo juízo em Passo Fundo e após a quebra dos sigilos bancário, fiscal e telemático do investigado.Ainda, ressaltam que o investigado já foi condenado por corrupção e improbidade em outros processos".

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