"Mãe, estou colocando o pé pra fora e com liberdade"

Passo-fundense Daniel Guerra e outros dois velejadores brasileiros presos há 18 meses em Cabo Verde foram soltos ontem

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Brasileiros deixaram a prisão e devem retornar ao BrasilBrasileiros deixaram a prisão e devem retornar ao Brasil
Brasileiros deixaram a prisão e devem retornar ao Brasil
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Por volta das 15h de ontem, o telefone tocou na residência da professora Fátima Guerra, em Passo Fundo. Ao atender, ouviu a notícia mais esperada dos últimos 18 meses. No outro lado da linha, o filho, Daniel Guerra, disse emocionado. "Mãe, estou colocando o pé pra fora e com liberdade".

 

O velejador passo-fundense e outros dois brasileiros, presos desde agosto de 2017, em Cabo Verde, foram soltos ontem pela Justiça daquele país. Eles poderão aguardar os próximos trâmites judiciais em liberdade. Ontem, Fátima ainda não tinha informações se o filho retornaria para Florianópolis, onde reside, ou viria para Passo Fundo.

 

Os três brasileiros, Daniel Guerra, Daniel Dantas e Rodrigo Dantas, e mais um francês foram presos acusados de tráfico internacional de drogas. No barco tripulado por eles havia uma tonelada de cocaína escondida no casco. Eles foram condenados a 10 anos de prisão, em um processo no qual a justiça cabo-verdiana desconsiderou testemunhas brasileiras e um inquérito feito pela Polícia Federal brasileira que apontava que os velejadores desconheciam o transporte da droga. A sentença foi anulada em janeiro de 2019 e o processo voltou para a 1ª Instância da justiça do país.

 

Na segunda-feira (04) os velejadores receberam um documento informando que o processo tinha caído da 2ª para a primeira instância, sendo recebido pelo juiz Antero Tavares, o mesmo que os condenou a dez anos de prisão.

 

Com isso, ontem, o juiz Antero Tavares emitiu uma documentação determinando a soltura deles de acordo com o Código de Processo Penal do país, conforme os apontamentos feitos pelos advogados das partes. Não há data para novo julgamento.

 

A prisão dos brasileiros desencadeou dezenas de campanhas pelo país, através das redes sociais, pedindo pela liberdade deles. Diversos artistas e atletas participaram das manifestações.

 

 Emocionada, Fátima agradeceu por todo apoio recebido durante os 18 anos meses de angústia e incertezas. " Agradecemos primeiramente a Deus que tínhamos a certeza que jamais nos abandonaria. O dia chegou, esperaram muito para a liberdade de nosso filho e dos demais. Temos gratidão a todas as pessoas do Brasil e de outros países que sempre confiaram e nos apoiaram em todos os momentos temos por elas um agradecimento e um carinho muito especial.  Que Deus as abençoe sempre".

 

Fátima também contou a emoção de receber a ligação de Daniel e a notícia de que finalmente ele estava em liberdade. " Uma alegria incontida saber da liberdade de nosso filho. Uma espera que parecia não ter fim. Ele me ligou como o celular do advogado e disse "Mãe estou colocando o pé para fora com LIBERDADE!", descreveu. Após a primeira conversa, ela ainda recebeu uma segunda ligação do filho.

 

Defesa

Os velejadores alegaram terem sido incriminados injustamente. A defesa tentou incluir no processo um inquérito da Polícia Federal que reforçava essa argumentação, indicando possibilidades de participação do dono da embarcação.

 

A anulação da sentença, contudo, se deu porque uma juíza atendeu aos questionamentos dos advogados alegando a existência de problemas processuais e de desrespeito ao direito de defesa dos condenados.

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