Caso Bernardo: ?EURoeAlmoçava e jantava na nossa casa, ninguém ligava perguntando sobre ele?EUR?

Confira os depoimentos de pessoas que acompanham o Caso

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Proprietária de uma padaria, em frente ao fórum, a comerciante Marcia Gerhardt aguardava  da porta do estabelecimento, com uma certa ansiedade,  o início do júri. Assim como dezenas de moradores de Três Passos, ela é uma das testemunhas do descaso com que o menino Bernardo era tratado pelo pai e madrasta.


A aproximação da família com o garoto iniciou cedo através da escola. Ele e o filho dela, que também se chama Bernardo, eram colegas desde o jardim de infância no Colégio Ipiranga. Uma amizade que ultrapassou a sala de aula. “Nos fim de semana ele ia lá para casa. Muitas vezes, aos domingos,  almoçava e jantava com a gente. Lá pelas 22h, dizia que já estava na hora de ele retornar para casa. Então eu o levava. Ninguém ligava pra saber onde  estava, se estava bem. Só ligou na noite em que já haviam desaparecido com ele, achei muito estranho”, relembra. Márcia conta que Bernardo também costumava acompanhar o colega nas idas até a granja dos Gherardt.


A comerciante conta com indignação a cena em que encontrou a madrasta durante as buscas ao garoto “ Ajudei muito nas buscas, procuramos até na nossa granja, imaginamos que pudesse ter se escondido por lá. Ficamos desesperados. Vi a  Graciane perto da agência do Banco do Brasil, perguntei se haviam encontrado alguma coisa, ela respondeu que parecia que sim e que estavam indo para a delegacia. Estava procurando o menino que já havia dado fim. É um comportamento de psicopata. Espero que a justiça seja feita”, disse emocionada.
 
Advogada viaja 700 quilômetros para acompanhar júri
 
A advogada Mara Aspary, 49 anos, viajou aproximadamente 10 horas, do município de Tuparendi, onde reside, até Três Passos para acompanhar o júri. Primeira na fila das senhas disponíveis para a comunidade, ela estuda o caso desde o dia em que o corpo de Bernardo foi encontrado. A justificativa, conforme ela,  para encarar os cerca de 700 quilômetros entre os dois municípios é a complexidade que envolve o crime. “Há um leque enorme de situações jurídicas dentro desse processo. Já atuei em três julgamentos e estou me especializando”, afirma.


Ela diz que a maneira como a situação do menino foi conduzida pelos órgãos que tinham o poder e o dever de protege-lo, é o aspecto que mais lhe chama a atenção. “Pelos relatos da comunidade, a vida do menino foi ceifada porque quem tinha o poder de tirar ele daquela situação não o fez. Ele chegou a sentar no colo da promotora para pedir ajuda”, criticou.

 

Escola
O júri no fórum de Três Passos não chegou a interferir na rotina do colégio Ipiranga, onde Bernardo estudava.  O diretor Nelson Weber limitou-se a informar que, logo após o crime, o educandário intensificou o trabalho de apoio psicológico aos alunos. “Não vamos voltar a remexer em algo que causou tanto dor a todos nós. Não é fácil superar, mas agora está nas mãos da Justiça”.
 
Reforço policial
A quadra em torno do fórum de Três Passos, no centro da cidade, já amanheceu totalmente isolada. A medida foi adotada para evitar aglomeração e garantir a segurança em frente ao prédio. O trabalho contou com o reforço de 30 policiais do 2º Batalhão de Polícia de Choque de Santa Maria e também por policiais da Brigada Militar local.   Algumas pessoas que passavam pelo local paravam por alguns minutos e seguiam para o trabalho. O movimento foi considerado tranquilo pelos policiais. Não houve registro de protesto.


Mensagens
A grade de ferro, em frente à residência onde Bernardo residia, segue coberta por dezenas de banners com imagens e mensagens para o menino. Entre elas, duas placas menores lembram o assassinato da vereadora do Rio de Janeiro Marielle Franco. 

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