Acusado de matar padre e atirar em esposa é condenado

Crime aconteceu em 2015; Jairo Paulinho Kolling deverá cumprir 26 anos e 10 meses de prisão

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Jairo Paulinho Kolling foi condenado na noite de ontem, a 26 anos e 10 meses de prisão, pelo assassinato do padre Eduardo Pegoraro e por atirar na então esposa, Patrícia Kolling, em 22 de maio de 2015, em uma Casa Paroquial, em Tapejara. O julgamento foi no salão da Câmara Municipal de Vereadores e presidido pelo Juiz de Direito Márcio César Sfredo, que pediu a prisão imediata do réu.

 

Durante o julgamento, que se estendeu pela manhã e tarde de ontem, as partes apresentaram suas versões dos fatos.

 

“Meu Deus, Jairo, o que você fez?"

Patrícia, ouvida pela manhã, disse que o dia anterior ao crime havia sido normal, mas que, à noite, Kolling teria começado a fazer cobranças, pedindo se ela mantinha um caso com o padre. "E ele me acertou um tapa", disse a vítima, que foi a reação do marido. “O padre Eduardo é apenas um grande amigo. Por que você está sofrendo por algo que nunca existiu?”, teria respondido a ele.

 

Antes, o marido também havia colocado um rastreador no seu carro e por isso ela já pensava em abandonar suas atividades no seminário.

 

No dia do crime, quando iriam à Casa Paroquial para uma confraternização, ela disse ter pensado em desistir, mas que manteve o compromisso.

 

Já na confraternização, Patrícia sustentou que antes de efetuar os disparos o marido disse ao padre: "Você mandou mensagem para a minha mulher", apontando a arma em direção a ela na sequência. “Meu Deus, Jairo, o que você fez?", disse ter perguntado ao marido caído, que também tentou se matar.  Quando tentava sair da sala em que estavam, em busca de ajuda, viu o padre ferido e ensanguentado, sendo atingida por um disparo nas costas.

 

Patrícia também sustentou que não sabia que o marido possuía uma arma.

 

"Atirei para tudo que é lado"

À tarde, Kolling foi interrogado e, embora fosse réu confesso, disse que a intenção de ir à paróquia era para conversar com o padre. Ele também negou que um dia antes tivesse agredido a esposa, dizendo que havia tido apenas uma “discussão normal”.

 

Ele sustentou que a atitude não era da conduta dele e que ele e o padre também eram amigos.

 

Kolling não deu detalhes sobre o crime. “Atirei para tudo que é lado”, resumiu. “Eu tava cego. Foi tudo muito rápido, a gente esquece das coisas", disse, defendendo que queria falar com o padre porque ele e a esposa trocavam mensagens e que ela havia as apagado do celular – mostrando que vasculhava no aparelho da vítima.

 

"As vítimas não tiveram qualquer chance"

Nos debates, a promotora Marisaura Ines Raber Fior apresentou o comportamento machista de Kolling, alegando que ele tinha uma “individualidade psicológica ciumenta, egoísta" e que “por desconfiança” o réu premeditou o homicídio. "As vítimas não tiveram qualquer chance”, concluiu em sua fala. Ela também apresentou imagens no telão da cena do crime e que provas juntadas no processo apontaram que a revista encontrou outras cinco balas, além das disparadas.

 

A assistência de acusação (da família do padre), também apresentou que a arma usada no crime foi comprada 25 dias antes do assassinato.

 

Já o advogado Carlos Eduardo Hoff, da defesa de Kolling, quis apontar que a vítima Patrícia teve parte de culpa no crime, sobretudo por apagar as mensagens trocadas com o padre. "Jairo foi criado numa comunidade muito conservadora. Imaginem como essa sociedade lida com o adultério", pontuou, dizendo que ele foi violentamente atingido em sua honra. A acusação e a defesa mantiveram os argumentos na réplica e na tréplica, antes da sentença ser proferida pelo juiz Márcio César Sfredo.

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