?EURoeFoi brincadeira. Meu filho não é terrorista?EUR?, desabafa mãe

Adolescente irá se mudar para Santa Catarina; família teme retaliação

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O adolescente de 15 anos autor do comentário em que ameaça o Instituto Estadual Cecy Leite Costa irá se mudar de Passo Fundo para um município de Santa Catarina após a postagem viralizar nas redes sociais e preocupar pais e professores. Segundo a mãe do adolescente, que pediu para não ser identificada, o comentário foi uma “brincadeira de guri”. “Meu filho não é terrorista”, frisou, dizendo que teme pela integridade do filho. Ontem (18), a Brigada Militar esteve no Instituto reforçando a segurança a pedido da direção. 

 

Por telefone, a mãe do adolescente, abalada pelo caso, explicou que o comentário que ganhou a repercussão surgiu após uma discussão que o filho teve no whatsapp. “De cabeça quente ele falou isso. Mas ele não tem nada de terrorista. Alguém foi lá e denunciou ele como se fosse terrorista e por isso eu estou tirando ele da cidade.”

 

O caso tomou repercussão no final de semana após alunos encaminharem a professores e direção do Instituto o comentário do adolescente: “Olha só tia não queria falar nada mas na escola CECY leite costa eu vou fazer igual. Tudo aqueles lixo vão pagar quarta feira”. O “fazer igual” foi entendido como alusão ao ataque a escola de Suzano, em São Paulo, que deixou 10 mortos e 11 feridos, na quarta-feira, dia 13 de março. A direção tomou conhecimento do caso no sábado e registrou um Boletim de Ocorrência na Delegacia.


A mãe criticou a postura da escola que não a buscou antes de ir à Delegacia e diz que repercussão abalou o adolescente, que “está sofrendo”. Ontem, a Brigada Militar esteve no Instituto reforçando a segurança. O adolescente não foi à escola. “Ele está perdendo tudo. Ele vai perder essa semana de aula (...) É uma palhaçada. Eu vou abrir um processo contra a pessoa [que divulgou o comentário]. Se pegassem todos os comentários anteriores não teria acontecido isso. Assim como as páginas beneficiam elas acabam com a gente”, lamentou.


Segundo a mãe, o adolescente sempre foi tranquilo, mas está abalado pelo caso. Ela aponta que perfis falsos também foram criados, demonizando a imagem do garoto. “Dentro da minha casa não tem nem varinha, muito menos arma”, frisou. Enquanto mãe, ela também demonstrou abalo quanto a repercussão. Familiares a procuraram para saber do caso e disse que se sente péssima em ver o filho tratado como “terrorista”. “Eu sempre dei o meu melhor. A gente sempre ensinou o melhor”, lamentou.


Escola
Ainda no final de semana, pais temeram a possibilidade de um ataque e fizeram publicações nas redes sociais, o que motivou o escola a buscar a Brigada Militar para fazer acompanhamento dos estudantes na entrada, saída e intervalo das aulas.


Em nota, também emitida no final de semana, a direção pediu que fossem evitados julgamentos e que pais mantivessem tranquilidade. “Não há motivo para pânico e sim responsabilidade e cuidado. Compreendemos a aflição das famílias e solicitamos a tranquilidade possível para que nosso qualificado quadro de professores possa seguir desenvolvendo seu trabalho”, dizia trecho.


De acordo com o diretor do Instituto, Rodrigo Gomes Rodrigues, a Brigada Militar esteve durante todo o dia de ontem pela escola, acompanhando as entradas, saídas e intervalo dos estudantes. O movimento de pais também foi maior, devido ao medo de um suposto ataque, e houve um fluxo de alunos abaixo da normalidade, mas nada comprometedor.


O diretor destaca que ações devem ser realizadas nos próximos dias a fim de reforçar o respeito entre os colegas e a cultura da não violência, sem frisar o caso especificamente. Como educador, Rodrigues disse entender que se trata de uma questão delicada em que há um adolescente envolvido. “Imagino como está a cabecinha dele”, pontuou.


Quanto à mudança do estudante para outra escola, Rodrigues vê como “uma boa saída”, pela segurança do adolescente e diante de uma possibilidade de represália por meio de outros jovens. “Porque causou um sentimento entre os jovens. A gente não sabe o que vai causar ali na frente. Aqui dentro da escola fazemos o possível para que não aconteça. Mas e quando sair?”, disse.


A Brigada, por meio da patrulha escolar, deve continuar a reforçar a segurança no Instituto durante esta semana. Para a próxima, o diretor da escola acenou que deve conversar com a Brigada para buscar meios que tornem a presença dos agentes mais constantes.


Segundo ele, apesar dos brigadianos estarem armados, a presença deles no Instituto transmitiu uma sensação de segurança aos demais alunos.


Outro caso
Na tarde de ontem a Polícia Civil da cidade de Candelária, a cerca de 250 quilômetros de Passo Fundo, cumpriu mandado de apreensão na casa de um jovem de 23 anos após ele publicar uma foto usando uma máscara com um comentário de que “iria visitar” a escola onde estudou. A máscara é um modelo usado no jogo Free Fire e semelhante a usada por um dos assassinos do atentado na Escola Estadual Professor Raul Brasil, em Suzano, São Paulo, na semana passada.


A publicação ganhou vários compartilhamentos nas redes sociais e foi excluída pelo autor. À polícia, o jovem disse que se tratava de uma brincadeira.

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