?EURoeJá esperávamos isso?EUR?, diz advogado sobre bala que matou bancário ser da BM

Família emitiu nota por meio de advogados pedindo que morte de Rodrigo Mocelin da Silva ?EURoenão faça parte de mera estatística?EUR?

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O bancário Rodrigo Mocelin da Silva estava dentro do carro com o porta-malas aberto quando foi atingido pelo tiro que o matouO bancário Rodrigo Mocelin da Silva estava dentro do carro com o porta-malas aberto quando foi atingido pelo tiro que o matou
O bancário Rodrigo Mocelin da Silva estava dentro do carro com o porta-malas aberto quando foi atingido pelo tiro que o matou
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Após o laudo do Instituto Geral de Perícia (IGP) identificar que a bala que matou o bancário Rodrigo Mocelin da Silva, durante assalto a banco em dezembro de 2018 em Ibiraiaras, a família da vítima se manifestou pelo advogado pedindo que a justiça prevaleça. “Que a morte do pai, marido, filho e acima de tudo, do ser humano Rodrigo, não faça parte de mera estatística”, disse em nota. De acordo com um dos advogados da família, Flávio Gonçalves da Silva, o laudo do IGP não surpreendeu, uma vez que as circunstancias do crime davam a entender que o disparo veio da polícia. “Já esperávamos isso”, disse.

 

Um vídeo divulgado na época do assalto mostra os dois reféns, Rodrigo e o gerente do banco, sem camisa dentro do porta-malas, que estava aberto. Nas imagens o carro passa por uma estrada de chão e é seguido de uma viatura.

 

“Então já esperávamos isso. Tínhamos indícios de que o tiro que atingiu o Rodrigo era proveniente da arma do policial até pela circunstância em que aconteceu o fato. Se vê a passagem do veículo em que estava o Rodrigo e o gerente, com o porto malas aberto, então quando começou o disparo o policial disparou em direção ao carro com o porta-malas aberto, onde ele podia ver só o refém sem camisa”, defendeu.

 

Para a família, que não está se manifestando à imprensa, Silva disse que a cada nova informação volta a se sentir “como no dia do fato”. A esposa e as duas filhas de Rodrigo permanecem vivendo em Passo Fundo e seguem com atendimento psicológico.

 

Outras falhas

Além do despreparo do policial que efetuou o tiro que matou o bancário, o advogado denuncia falhas no sistema de segurança do banco, uma agência do Banco do Brasil, que facilitaram o assalto e não garantiram a segurança dos funcionários.

 

No mesmo dia do crime, os homens tentaram assaltar uma lotérica, localizada em frente à agência em que Rodrigo trabalhava, desferindo um golpe de marreta contra o vidro – que não quebrou por ser blindada.

 

“Eles [banco] haviam passado por uma situação semelhante em maio passado. E naquela ocasião eles simplesmente colocaram um vigilante a mais. Então, a exemplo da loteria, eles poderiam ter portas blindadas. Tanto que o acesso ao banco se deu pelo rompimento da porta giratória com uma marreta”, criticou.

 

Além disso, Silva aponta que não houve preocupação do banco com o funcionário, protegendo o cofre e deixando os funcionários à mercê. Isso porque, de acordo com o advogado, a abertura do cofre se dava pro uma senha oferecida online a partir de um monitoramento em outra sede, seguido por um momento de retardo para abertura.  “Nessas condições eles tinham a possibilidade de ver o que estava acontecendo dentro do cofre. Ao meu ver, o banco do Brasil se preocupou apenas em proteger o que estava dentro do cofre. Tanto que o que foi levado do banco foi apenas o que estava nos caixas.”

 

A família aguarda que na esfera trabalhista seja responsabilizado o banco pela “falta de zelo com o profissional que perdeu a vida no trabalho”, que o policial que efetuou o disparo responda pela justiça militar e que a o estado também responda pela “forma inadequada que preparou o profissional que não teve o tino necessário” e disparou contra o refém.


Crime

O ataque a duas agências bancárias e uma lotérica foi em dezembro de 2018. Era pouco antes das 14h, quando os assaltantes, fortemente armados, atacaram as agências do Banco do Brasil e Banrisul, localizadas lado a lado. O bando chegou encapuzado e efetuando disparos. O vigia da agência foi rendido. Funcionários e clientes foram feitos reféns e obrigados a formar um cordão humano. Os assaltantes ainda tentaram invadir uma agência lotérica em frente. Eles usaram uma marreta, mas não conseguiram estourar o vidro blindado.


Três vítimas foram levadas como reféns. Os assaltantes fugiram em dois veículos, modelos Voyage e Onix, ambos vermelhos. Para dificultar a perseguição, espalharam miguelitos (pregos retorcidos pelas ruas da cidade. Na localidade de PIO X, distante cerca de oito quilômetros do centro da cidade, ocorreram os confrontos. Foram pelo menos sete deles, em um intervalo de uma hora. No primeiro, enquanto os policiais trocavam tiros, os reféns saíram da outra ponta do mato, com as mãos para cima gritando por socorro. Neste momento, Rodrigo Mocelin da Silva já estava baleado. Os PMs socorreram a vítima até o hospital São José, mas não resistiu aos ferimentos e acabou morrendo. A vítima trabalhava em Ibiraiaras havia 60 dias. Ele deixou a esposa e dois filhos.


Seis integrantes da quadrilha envolvida no crime também foram mortos, durante confronto no interior do mato. Em poder do bando, havia dois fuzis, revólver, pistola, coletes balísticos, duas mochilas com dinheiro e uma granada.


Íntegra da nota da família:  

“A família de Rodrigo Mocelin da Silva, refém morto no assalto ao Banco do Brasil de Ibiraiaras em dezembro de 2018, através de seus advogados, refere que irá acompanhar o andamento do processo crime que está ao encargo do Ministério Público de Lagoa Vermelha e também o inquérito policial militar que está sendo conduzido pelo  Comando da Serra de Caxias do Sul. Registra ainda, que quanto a autoria do disparo que vitimou Rodrigo, identificado pelo IGP como sendo da arma do policial militar, relata que, independentemente disso, buscará na esfera competente que a justiça prevaleça na medida em que a lei determina.  E que, a morte do pai, marido, filho e acima de tudo, do ser humano Rodrigo, não faça parte de mera estatística.  Mas que sirva de exemplo para que, futuramente, outra família não venha sofrer dor tão intensa e desmedida.” 

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