“Vamos sair no jornal, na página policial”, disse a diretora da Escola Municipal de Ensino Fundamental (EMEF) Escola do Hoje, Vanderleia Lara Salles, a um grupo de alunos que passavam por ela no pátio da instituição na tarde de ontem (19). “É verdade que assaltaram a escola?”, retrucou um dos garotos. “É verdade. E vocês vão ter que achar o ladrão!”, brincou Vanderleia. Minutos antes, ela enchia os olhos de lágrimas pelo quarto furto em cerca de dois meses e meio que a escola foi alvo.
No último, ocorrido na segunda-feira (17), início desta semana, foi levado uma roçadeira – no valor de R$ 700 e comprada com recursos que a escola conquistou por meio da venda de cachorros-quentes –, um teclado elétrico, violão e uma caixa de som com amplificador.
Os outros ocorreram nos dias 10 de junho, 3 de maio e 1º de abril. Vanderleia listou os objetos furtados: um baixo, uma caixeta, roupas de brechó, um pandeiro, um ar condicionado, materiais escolares, materiais de expediente (utilizados pelos professores), brindes (dados às crianças em campeonatos de tabuadas ou leitura), um computador, valores em dinheiro economizado pelos alunos para o Dia das Mães e um relógio de parede.
“E a gente se sente impotentes”, desabafou a diretora. “Eu só choro, porque é um esforço coletivo destruído em meia hora.”
Furto
Como das outras três vezes, os indivíduos acessaram a escola por uma das janelas. A coordenadora dos anos finais, Gisieli Barea Vailati, suspeita que os indivíduos chegaram na escola por meio do telhado, já que as janelas quebradas ficam no pátio interno.
Os estilhaços de vidros ainda estavam no chão na tarde de ontem, mas as janelas, que tiveram as barras de ferro cerradas, receberam outras, que impedem a passagem de pessoas caso as basculantes sejam retiradas novamente.
Na primeira vez, em abril, a janela quebrada foi substituída por tijolos. A janela fica dentro de uma sala em que são guardados vários utensílios. Na ocasião, a diretora disse que depois da janela quebrada, a porta foi arrombada e utilizaram a escada da própria escola para conseguir fugir com o ar condicionado.
“Hoje a gente chega na escola e já se pergunta: qual janela foi hoje? O que levaram hoje? (...) Daqui a pouco estaremos em uma escola sem janelas”, lamentou, referindo-se aos sucessivos reparos que tiveram que fazer na escola.
Medidas
Ainda em maio, a diretora solicitou que fosse aumentado os pontos de sensores de vigilância, de 6 para 12. Na época, segundo ela, foi dito que servidores da empresa que possui convênio com a prefeitura iria na instituição,o que não aconteceu. Ontem ela aguardava novamente os servidores, mas até o fechamento da escola, no final da tarde, ninguém havia aparecido.
Secretário de Educação de Passo Fundo, Edemilson Brandão disse que a medida já foi solicitada por meio de indicativo, já que se trata de uma empresa licitada, e que está sendo analisada. “Prazo não tem como dar. Porque não somos nós, são empresas. Mas certamente será atendido”, justificou.
Vanderleia disse ainda que a comunidade já solicitou que a escola contratasse um guarda noturno – o que não existe ainda. “O que vamos fazer é um abaixo-assinado para a Secretaria de Educação solicitando isso”, pontuou. A medida ganha respaldo dos pais. Na rede social da escola, em que foi compartilhado fotos das janelas quebradas e a informação do furto, uma mãe comentou: “E aí prefeito vai dar olhos pras escolas de bairro quando?? Não são seus filhos que estão lá. Até agora foi a escola, e quando entrarem e tiverem nossos filhos lá? Tá na hora de botar segurança. Pra pedir votos aparece pra cuidar nem as caras dá.”