Um homem de 30 anos foi preso nesta segunda-feira (7) após atirar contra o padrasto, no bairro Boqueirão, roubar dois veículos, bater um carro e se entregar à Polícia Civil.
De acordo com o Boletim de Ocorrências, o acusado foi à casa do padrasto e da mãe e desferiu disparos que acertaram a nadega e a mão esquerda do padrasto. O Corpo de Bombeiros foi acionado e o padrasto encaminhado ao Hospital São Vicente de Paulo (HSVP), sem risco de morte. No local foi encontrado três projéteis de arma de fogo amassadas.
A mãe do acusado não quis comentar o caso à tarde. “Só quero descansar minha cabeça um pouquinho. A única coisa que posso te dizer no momento é que me sinto totalmente insegura com o meu próprio filho”, desabafou.
Dois roubos
Após os disparos, o acusado fugiu e furtou um veículo Toyota Etios, com placas de Passo Fundo. A dona do veículo, uma mulher de 64 anos, estava na rua Livramento, “caminho de todo dia”, e diminuiu a velocidade ao ver o homem. “Eu estava em movimento. Como tinha uma pessoa passando na frente do carro eu diminuí a velocidade. Nem cheguei a pensar. Ele realmente deu na frente do meu carro. Mas eu recém tinha dobrado da avenida. Ele queria fugir. Então ele mandou sair do carro. ‘Sai! Sai! larga o carro!’ E estava com a arma na mão”, conta a vítima.
A mulher desceu do carro, mas logo foi amparada por populares que viram a ação. Cerca de três quilômetros do local do roubo, o acusado bateu o veículo em um poste, na Avenida Brasil Oeste, furtando um segundo veículo, um VW Gol, com placas de Uruguaiana. Desta vez, o dono do veículo permaneceu junto ao acusado dentro do carro, até ser abandonado no bairro Morada do Sol.
“[Ele] só me ameaçou com uma arma carregada e disse pra eu levar ele do local, que tinha batido o Etios em um poste”, relembra a vítima, de 40 anos, que disse ainda estar atordoada com o ocorrido.
Ao telefone, ele contou que estava no serviço, na rua 10 de abril, onde trabalha em uma obra, quando deixou o local para comprar um lanche para o filho, de quatro anos. No retorno e já com as compras, percebeu a movimentação na região do Trevo da Caravela, diminuindo a velocidade do carro.
“Se ele me atirasse eu morria ali”
“Logo que eu saí da faixa eu vi que tinha uma confusão e fui devagar. Mas não sabia o que era. Quando olhei para direita vi um carro meio tombado, com os fios no chão por causa do poste [onde havia colidido]. E eu diminuí [a velocidade] e ele se jogou na frente do carro. Se ele me atirasse eu morria ali. Ele entrou no carro. Disse que tinha roubado um carro e a polÍcia estava atrás dele. Eu não reagi em nada. Ele tava meio machucado.”
A vítima acredita que dirigiu por 10 minutos com o acusado ao lado, apontando-lhe a arma. Segundo o homem, o acusado pediu para que não olhasse no seu rosto. Deu ordens indicando por quais ruas a vítima deveria guiar, até que pediu para sair do carro. “Fui dirigindo quase um quilômetro e meio para sair dali. Fui pela Avenida Brasil, passei pela rodovia, e aí ele falou para dobrar a esquerda, dobrar a direita, e fui fazendo o que ele pedia, até que disse: ‘Depois da esquina tu me deixa. Vai e não olha pra trás. Vai e não olha para o meu rosto’. Tentei manter a calma para ele não me atirar. Eu nasci de novo. Com quase 40 anos eu nasci de novo. Ma ainda bem que mantive a calma.”
O homem só foi encontrado no final da manhã quando se entregou à Polícia Civil. O caso foi registrado como tentativa de homicídio doloso, quando há a intenção de matar, e segue investigado.