Trabalhadores disseram ouvir explosão antes de queda do silo

Sindicato da categoria notificou MP e MPT e aguarda perícia

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Rodrigo de Mello Cavalheiro tinha 23 anos e deixou esposa e filhoRodrigo de Mello Cavalheiro tinha 23 anos e deixou esposa e filho
Rodrigo de Mello Cavalheiro tinha 23 anos e deixou esposa e filho
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Antes do silo que matou Rodrigo de Mello Cavalheiro, de 23 anos, cair no final da tarde de segunda-feira (18), trabalhadores da empresa JBS que estavam próximo ao local disseram terem ouvido uma explosão, segundo informações do Boletim de Ocorrências. Rodrigo era casado, tinha um filho, de um ano, e trabalhava quando foi esmagado pelo silo. As causas do acidente ainda são investigadas pela Polícia Civil.


De acordo com o Boletim de Ocorrências, Rodrigo trabalhava no carregamento de farinha. Ele fazia isso de forma manual indo em direção ao silo de farinha de pena. No momento do acidente, o silo, que tem capacidade para 50 toneladas, estava com 40 toneladas e Rodrigo levava a primeira remessa para lá. Nesse momento, por volta das 16h30, funcionários relataram terem ouvido uma explosão “além de uma claridade”. Em seguida, toda a estrutura caiu, inclusive a plataforma de acesso em que Rodrigo estava. A vítima usava um cinto de segurança e estava ancorada, mas foi esmagada pelo silo.


Pelo menos três funcionários, conforme o registro policial, viram a cena.

O Corpo de Bombeiros Militar, Samu, Argus e segurança local auxiliaram na ocorrência. A Brigada Militar, Polícia Civil e Instituto Geral de Perícias (IGP) também foram acionados. O Corpo de Bombeiros Militar só deixou o local após a meia-noite. Foi necessário o uso de guindastes para retirada do silo.


Vítima

Rodrigo tinha 23 anos, era casado e possuía um filho, com quem vivia no bairro Cruzeiro. No domingo (17) ele havia comemorado o primeiro ano da criança.

Rodrigo foi velado na capela da Planaltina e enterrado no cemitério São João. 

Nas redes sociais, amigos e parentes próximos lamentaram a morte de Rodrigo. Um deles desabafou: “A pior dor que alguém pode viver é ver algum ente amado partir. A impotência diante da morte é o que nos faz lembrar que somos humanos, e nos darmos conta de como a vida é frágil. Apesar do sofrimento é preciso lidar com a morte com força e coragem. É preciso pensar que, embora essa pessoa querida não esteja mais entre nós, o amor nunca vai embora. O amor e as boas memórias sempre ficam depois da morte.Viva o seu luto, chore, sofra. Mas saiba que você não estará sozinho nunca em sua dor. Olhe para o céu e tenha a certeza de que há uma estrela lá em cima brilhando e iluminando cada um dos seus passos. Quando toda esta dor passar, vai ficar apenas a saudade de quem se foi. Essa saudade vai sempre fazer o seu peito apertar, mas a memória que se mantém viva em seu coração, vai lhe dar força para volta a sorrir.”

 

Sindicato notificou Ministério Público

Presidente do Sindicato do Sindicato dos Trabalhadores da Indústria de Alimentação de Passo Fundo, Miguel Luis dos Santos, disse que assim que soube do caso notificou ao Ministério Público (MP) e Ministério Público do Trabalho (MPT).


Segundo Santos, Rodrigo trabalhava há dois anos e oito meses na JBS. O Sindicato também se posicionou a favor da família para prestar apoio e disse que está aberto para receber os familiares quando estiverem dispostos a conversar.


Santos disse ainda que outros trabalhadores apontaram para situações questionáveis sobre o caso. Uma delas é de que Rodrigo não estaria qualificado para a função que exercia e que reformas teriam sido feitas no silo, que desabou sobre o trabalhador. “Não estamos procurando responsáveis. Mas se há coisas que poderiam ter sido evitadas, queremos saber. Muitos trabalhadores falaram para nós que vinham cobrando do setor da JBS de que havia um barulho estranho nos silos. Inclusive, no velório, os trabalhadores falaram que tinha um guindaste mexendo [nos silos]. Será que esse guindaste não bateu? Não deixou mais frágil a estrutura? Agora vamos esperar a perícia. Temos que evitar que morram os funcionários e que sejam evitadas negligências. Então vamos aguardar”, defendeu.


O que diz a empresa


Hoje (19), a empresa emitiu uma nota lamentando o caso e dizendo que irá investigar as causas. “A JBS lamenta o falecimento do colaborador Rodrigo de Mello Cavalheiro da sua unidade de Passo Fundo – RS. A prioridade da Companhia neste momento é prestar toda a assistência aos familiares e colegas de trabalho. A empresa ressalta que irá investigar as causas do acidente”, diz íntegra.

Sobre as posíveis reformas no silo e se o trabalhador era qualificado, a assessoria disse que  "o colaborador era super treinado e competente, e não é verdade que o silo passou por reforma."

 

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