A Polícia Federal (PF) prendeu oito pessoas entre a manhã e à tarde desta terça-feira (26) acusadas de participarem do assassinato do cacique Antônio Mig Claudino, na Reserva Indígena Serrinha, em Ronda Alta, no ano de 2017. As prisões fizeram parte da Operação Mig deflagrada em cinco cidades e gaúchas e uma catarinense.
Foram 19 ordens judiciais cumpridas, sendo nove de prisão preventiva e 10 de busca e apreensão nos municípios gaúchos de Pelotas, Ronda Alta, Planalto, Constantina e Três Palmeiras, e em Santa Catarina, na cidade de Chapecó. Um dos acusados não foi localizado. Sessenta e cinco policiais federais participaram da Operação e tiveram apoio das polícias militar e civil.
Investigação
Segundo a PF, o inquérito policial apurou que o crime foi minuciosamente planejado, tanto para garantir a execução da vítima quanto para prejudicar a investigação.
Claudino foi morto por cinco tiros nas costas após ser atraído para um bar, na Reserva Indígena Serrinha, para supostamente resolver uma briga de casal.
De acordo com a investigação, ao menos uma testemunha do crime teria participado da ação, atraindo a vítima para o bar e, posteriormente, fornecendo informações desconexas aos policiais. A investigação indicou ainda que dois “matadores” que atuavam no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina foram contratados por pelo menos quatro indígenas da região para realizar a execução, motivada pela disputa pela liderança, dinheiro oriundo de arrendamento de terras indígenas e vingança.
Durante os dois anos de investigação diversas diligências foram realizadas, inclusive a reconstituição do crime, oitiva de aproximadamente 60 pessoas, perícias e troca de informações com a Polícia Civil do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina.
Conforme o delegado Sandro Bernardi, da Polícia Federal de Passo Fundo, a dificuldade na elucidação do caso estava em encontrar testemunhas, além de que os próprios investigados plantaram testemunhas falsas para atrapalhar os policiais.
Hoje foram presos os mandantes, um dos executores e cúmplices que atraíram a vítima para a emboscada. Todos irão responder por homicídio qualificado. As prisões e apreensões devem ajudar a confirmar a participação dos investigados no homicídio e acrescentar novos elementos às informações já coletadas.
Rinha de galo
Durante as buscas, a Polícia Federal também localizou uma rinha de galo na comunidade indígena do município de Três Palmeiras.
Foram identificados três tambores característicos para uso em rinhas de galos, dois relógios cronômetros digitais, uma balança digital, 87 galos de rinhas adultos, 53 galinhas adultas, 50 pintos recém nascidos, duas chocadeiras elétricas em processo de chocar os ovos, um exemplar de pássaro trinca ferro e dois coleirinhos com suas respectivas gaiolas.
Os animais foram apreendidos e colocados para fiel depositário, até e polícia definir o destino das aves.