Na esquina da rua Independência, onde está instalado o 7º Batalhão de Bombeiros Militar de Passo Fundo, se via o carro alemão Magirus-Deutz com a lataria brilhando ao sol na tarde de quinta-feira (26). Já usado para apagar incêndios, agora era uma relíquia na unidade que naquele dia completava 70 anos no município. A garagem estava vazia de carros e quem a ocupava eram os bombeiros militares e autoridades, lembrando em solenidade as conquistas da corporação.
A luta para o município receber uma estação do corpo de bombeiros, como foi chamada do início, começou há mais de 70 anos. Quatro grandes livros guardados no atual batalhão trazem essa história, com fotos que vão do preto e branco ao colorido e registros de minuciosas atividades.
Se foi em 26 de dezembro de 1949 que o Corpo de Bombeiros foi inaugurado com sede em Passo Fundo, foi 23 anos antes que o primeiro debate pela necessidade da corporação surgiu.
A necessidade em números
Na época, o médico Benedito Irydberg sugeriu um estudo orçamentário para a instalação do serviço dos bombeiros. O estudo era limitado, com base na situação do município e as bases que se tinha no estado. Nele, constava apenas a aquisição de um carro-tanque (com capacidade para 2 mil litros de água) puxado a tração animal ou mesmo manual. O corpo de agentes também deveria ser de voluntários e sem remuneração – o chamado serviço honorífico, que não possui vínculo empregatício. Mas a baixa incidência de incêndios, que ficava entre um e dois por ano, deixou a iniciativa ser abafada, até ser retomada em agosto de 1947.
Encabeçado por uma campanha do Rotary Club de Passo Fundo, o segundo semestre de 1947 começou com o frenesi de se terminar o ano com uma instalação do Corpo de Bombeiros. Os dados, na época, já eram outros, e tinham oito incêndios em 1945, 20 em 1946 e nove só nos seis primeiros meses de 1947: um total de 37 em dois anos e meio.
Os números apontavam para a necessidade, mas só em dezembro de 1949 é que Passo Fundo conquistou seu primeiro batalhão, com 16 agentes. Ainda limitado, possuía apenas um veículo auto bomba com tanque e uma pequena bomba reboque, usado pela primeira vez em 1950, quando o primeiro incêndio foi atendido pela corporação, no município de Carazinho. Aquele ano terminou com o saldo de 30 incêndios. Os primeiros 30 atendidos pela unidade.
Ampliação
A partir de 1951 começaria um movimento constante de aumento de efetivo e busca por melhorias. Um dos marcos foi a criação, só em 1997, do Fundo de Reequipamento do Corpo de Bombeiros Militar (Funrebom), em que as taxas de prevenção depositadas junto ao município eram destinadas para aquisição de materiais para os bombeiros.
Hoje, o 7º BBM, que após anos foi assim reconhecido, atende 132 municípios e possui unidades distribuídas em Passo Fundo, Carazinho, Palmeira das Missões, Frederico Westphalen, Soledade, Erechim, Guaporé, Lagoa Vermelha, Getúlio Vargas e Nonoai.
Novo prédio
Com o Batalhão na rua Independência e outra unidade instalada na Avenida Brasil, o Corpo de Bombeiros está em fase de ampliação.
No dia 18 de dezembro deste ano prefeito de Passo Fundo Luciano Azevedo já anunciou a construção do novo prédio para o Corpo de Bombeiros. O espaço será estruturado ao lado da unidade existente na Avenida Brasil, no bairro Petrópolis, onde funciona a 1ª Companhia de Bombeiro Militar (CiaBM) – Estação Alebrante.
A obra será realizada com recursos do Funrebom. Para o tenente-coronel do 7º Batalhão de Bombeiros Militar, Alexandre Pires Bittencourt, a nova estrutura será uma central de análise para Passo Fundo e região do Planalto e emergências. “Teremos à disposição atendimento pré-hospitalar e tratamento de desinfecção das viaturas de resgate, além da emergência no atendimento nessa parte da região, já que no deslocamento da nossa unidade no centro encontramos dificuldades em certos horários devido ao fluxo do trânsito”, destacou.
Na quinta-feira, dia 26, essa história era lembrada. Os pioneiros já não estavam ali, mas os que dia a dia ocupam os postos de serviço e atendem as ocorrências sabiam que ela não faz apenas parte de um livro de registros, mas do compromisso assinalado na frase pintada dentro da garagem e que carregam no trabalho, em que estão “de plantão pela vida”.