A Polícia Civil concluiu o inquérito sobre a morte de Rafael Mateus Winques, de 11 anos. O crime aconteceu em maio deste ano, na cidade de Planalto. Alexandra Dougonkeski, mãe do menino, confessou ter matado o filho. Inicialmente, ela alegou ser um crime de homicídio culposo, quando não há intenção de matar, pois disse ter administrado medicamentos ao filho, o que teria ocasionado a morte. Entretanto, no último sábado, ela mudou sua versão, dizendo que a morte foi causada por asfixia mecânica.
Com o a mudança na versão e a entrega do resultado final de todos as perícias, a Polícia Civil indiciou Alexandra por homicídio doloso triplamente qualificado, pois há os agravantes de motivo fútil, asfixia e a impossibilidade de defesa da vítima. Ela também irá responder pelos crimes de falsidade ideológica e ocultação de cadáver.
Detalhes
Na manhã desta quinta-feira (2), a Polícia Civil deu detalhes da investigação do crime, que iniciou no dia 15 de maio, com o desaparecimento do menino. O diretor do Departamento de Polícia do Interior (DPI), delegado Joerberth Pinto Nunes, comentou que passados aproximadamente cinco dias do desaparecimento de Rafael, os investigadores começaram a levantar suspeita sobre o envolvimento da mãe do menino. As suspeitas giraram em torno do comportamento dela durante a busca pelo adolescente; algumas informações excessivamente detalhadas sobre o desaparecimento; e contradições nos depoimentos. “Após diversos elementos indiciários que trouxemos à investigação, ela acabou por confessar no dia 25 de maio, ainda de modo parcial, a morte do filho”, esclareceu.
Reconstituição
No dia 18 de junho o Instituto Geral de Perícias e a Polícia Civil, realizaram a reconstituição do crime para elucidar alguns fatos contraditórios nos depoimentos coletados. Neste dia, Alexandra ratificou a versão de que Rafael havia sido morto pela ingestão de medicamentos, e após constatar a sua morte, ela ocultou o cadáver. O laudo apontado pelo IGP indicando estrangulamento, foi justificado pela defesa de Alexandra, naquele momento sob a responsabilidade do advogado Jean Severo,. Segundo o argumento da defesa, a lesão teria acontecido no transporte do corpo até a casa vizinha.
Reviravolta
O caso teve uma reviravolta no último sábado (27), quando Alexandra mudou novamente sua versão, e confessou ter matado o menino com o uso de uma corda e ocultado o cadáver. Com a mudança no rumo das investigações, Jean Severo deixou o caso, e Alexandra deverá ser defendida por um Defensor Público.
Frieza da mãe chamou a atenção
O diretor de investigações do Departamento Estadual de Homicídios e Proteção à Pessoa (DPHPP), delegado Eibert Moreira, revelou que o comportamento da mãe já chamava a atenção pois ela se mostrava 'extremamente fria' com a situação. Segundo ele, a atitude dela na reconstituição trouxe um elemento a mais para explicar o motivo da morte da criança. “Naquela ocasião, o primeiro contato dela com a casa foi extremamente perturbador para ela. Quando ela notou que a casa dela estava fora de ordem como havia deixado, ela entrou em uma crise de nervos e chorou bastante. Naquele momento, o que mais a perturbou foi a casa estar fora de ordem e não a morte do filho”, disse.
Segundo Moreira, nos momentos que antecederam o crime, ela teria pesquisados vídeos de sexo onde aparecem situações de asfixia com esganaduras ou estrangulamentos, além de pesquisas relacionadas a “boa noite cinderela”. Por fim, antes de cometer o crime, adquiriu alguns produtos de beleza.
Motivo
O inquérito apontou que a morte foi motivada por um descontentamento do comportamento do menino. O conjunto de provas aponta para uma morte intencional, provocada pela ação voluntária e desejada por Alexandra. A investigação apontou, que Rafael, na noite de 15 de maio de 2020, de forma reiterada, desobedeceu às ordens de Alexandra no que diz respeito ao uso do celular, sendo este o motivo apontado para o crime.
Trabalho Pericial
A Diretora-Geral do Instituto-Geral de Perícias, Heloisa Kuser, participou da coletiva de imprensa que marcou a finalização do inquérito. Ao todo, foram realizadas 30 perícias. Além dos tradicionais exames de local de crime - perícia e exame papiloscópico – diversas outras análises esclareceram pontos importantes do fato. A necropsia, realizada pelo perito médico-legista do Posto Médico-Legal de Carazinho, revelou como se deu a morte. Já a pesquisa de psicotrópicos na urina, no sangue e nas vísceras, realizada no Departamento de Perícias Laboratoriais, revelou a presença e a concentração do medicamento diazepam, encontrado no corpo do menino. “Realizamos um trabalho de forma integrada, tanto com a Polícia Civil quanto com os nossos peritos criminais, envolvendo vários Departamentos”, afirma Heloisa.
O laudo da Reprodução Simulada dos Fatos, realizada no dia 18 de junho, deve ser concluído em cerca de 15 dias. O objetivo desta perícia foi verificar se os fatos tinham acontecido da forma como foram narrados em depoimento por Alexandra Dougokenski, mãe de Rafael. Mesmo sem a conclusão, o diretor de investigações do Departamento de Homicídios, delegado Eibert Moreira Neto, destacou a importância da RSF para o andamento da investigação. “Durante essa perícia foi possível perceber vários detalhes do comportamento da Alexandra, que nos permitiram avançar na motivação do crime”, afirmou.
O inquérito será remetido pela Polícia Civil ao Ministério Público.