As aulas remotas na rede estadual de ensino do Rio Grande do Sul, por meio da plataforma Google Classroom, tiveram início ainda no dia 1º de junho. Durante aproximadamente um mês, professores e alunos utilizaram a plataforma em caráter experimental, em etapas chamadas de Ambientação e Letramento Digital, voltadas à inserção da comunidade escolar no ambiente virtual e à capacitação para uso de todos os recursos disponíveis na plataforma. Encerradas as fases de capacitação, desde o dia 29 de junho, as aulas das escolas estaduais passaram a ser efetivamente desenvolvidas a partir da Matriz de Referência, definida por componente curricular ano/série, com registro de presença dos alunos. No entanto, um levantamento feito pela 7ª Coordenadoria Regional de Educação (7ª CRE) aponta que, até o momento, apenas 70% dos 35 mil alunos matriculados na área de abrangência da pasta efetuaram cadastro no sistema online.
A estimativa indica que, somente na região de Passo Fundo, mais de 10 mil alunos ainda não puderam acompanhar as aulas online. “Os professores estão empenhados, fazendo o uso da plataforma e se reinventando para dar conta de cumprir a Matriz e disponibilizar as atividades, mas infelizmente nem todos os alunos acessaram ainda”, comenta a coordenadora da 7ª CRE, Carine Imperator Weber. Uma das dificuldades encontradas é a falta de acesso à internet por parte da comunidade escolar. Embora o Governo do Estado, através da Secretaria Estadual de Educação, tenha prometido custear pacotes de dados móveis para garantir o acesso de alunos e professores ao Google Classroom, em parceria com empresas de telefonia, o serviço ainda não está sendo oferecido. A expectativa é de que ele esteja disponível até o fim desta semana.
Há indefinições, também, quanto à situação daqueles que, além de não terem internet, não possuem aparelho eletrônico para acessar a plataforma online. O plano do governo estadual era que as escolas funcionassem em regime de plantão com agendamento, respeitando os protocolos de saúde, para oferecer aos alunos a possibilidade de utilizar a estrutura da instituição – como, por exemplo, bibliotecas e laboratórios de informática –, o que ainda não tem acontecido. Por ora, aos alunos não cadastrados no ambiente virtual, as escolas precisam encaminhar de forma física atividades e materiais de apoio, para garantir que todos tenham acesso às aulas. “Independente de os alunos acessarem ou não, nós temos que fazer com que as atividades cheguem até eles. Cada escola tem autonomia pedagógica para organizar como e com que frequência isso será feito, de acordo com a sua realidade. Elas estão funcionando em regime de plantão, com atendimento agendado. Na maioria dos casos, os pais ou alunos buscam as atividades e, em outros, a própria escola entrega nas casas”, esclarece Weber.
Frequência escolar
A marcação de presença é outro ponto que ainda carece de deliberações do governo. Enquanto, no Google Classroom, os professores registram a presença dos alunos dentro do ambiente virtual por meio do Diário de Classe Online, para aqueles que dependem do material físico esse controle não é possível. “Na sala virtual, existe todo um controle de quem consegue acessar as aulas diariamente, mas é mais no sentido de participação do que frequência. Nós ainda não temos uma deliberação do Estado sobre como ficará a situação da frequência escolar em um ano tão atípico. Nossa meta agora é chegar o mais próximo possível de cem por cento dos alunos com cadastro e condições de acesso ao Google Classroom, mas é um cenário complexo e atípico. Para muitas famílias, é a primeira vez que se aproximam do acesso à internet”, pondera a coordenadora da 7ª CRE. Ela salienta ainda que as escolas estão disponíveis, por telefone, para auxiliar as famílias que possuem dúvidas sobre como efetuar o cadastramento do aluno no ambiente virtual e relembra a importância da participação dos pais neste momento, a fim de garantir que as crianças e adolescentes não percam o vínculo com a escola.
Aulas remotas devem ser mantidas até o fim do ano
O governador do Estado, Eduardo Leite, chegou a anunciar em maio um plano de retorno gradual das atividades escolares a partir do mês de julho deste ano. No entanto, diante do cenário de avanço da pandemia do coronavírus, a proposta foi suspensa. Por enquanto, não há qualquer previsão de retomada presencial das atividades em 2020. O Estado ainda estuda sugestões apresentadas por entidades sociais sobre a data ideal para um retorno gradual e escalonado, por níveis de ensino. “Para este ano, não há previsão de um retorno cem por cento presencial. Mesmo que seja possível retornar às aulas presenciais no mês de agosto nas regiões de bandeira amarela e laranja, será com escalonamento e em modelo híbrido, que mescla atividades presenciais e virtuais, para garantir que não tenha aglomeração nas escolas”, adianta Carine Weber.