Um grupo de aproximadamente 30 bandidos fortemente armados, detonou explosivos e entrou em confronto com a polícia durante um assalto na cidade de Criciúma, em Santa Catarina, na madrugada desta terça-feira (01). O alvo da quadrilha foi uma agência do Banco do Brasil. Eles detonaram explosivos na agência e roubaram uma quantia em dinheiro, cuja soma não foi divulgada. Com armamentos pesados, eles sitiaram a cidade e confrontaram a polícia. Há o registro de duas pessoas feridas, uma delas é um segurança de uma empresa privada, a outra é um policial militar. Baleado no peito, ele seguia internado em estado grave no hospital da cidade. Até o começo da tarde de ontem, ele já havia passado por três cirurgias.
A ação da quadrilha
O centro da cidade foi sitiado por assaltantes de banco fortemente armados, que explodiram caixas em uma agência do Banco do Brasil. Eles usaram reféns como escudo, provocaram incêndios e atiraram várias vezes.
Um túnel na BR-101, em Tubarão, foi interditado com o uso de um caminhão incendiado. O objetivo foi evitar que reforços policiais chegassem à cidade. Eles também atearam fogo em outro caminhão em frente a um batalhão da Polícia Militar.
Durante a ação, um grupo de pessoas foi feita refém. Eram funcionários do município que pintavam faixas de trânsito. Nenhum foi ferido. Os tiros disparados tinham a intenção de intimidar os moradores para que não saíssem de casa e nem fossem para as janelas. Uma emissora de rádio foi ameaçada quando transmitia informações sobre o assalto.
Durante a fuga, os bandidos espalharam mais de R$ 800 mil reais, que estavam sendo recolhidos por moradores,mais tarde confiscados pela polícia. Quatro pessoas foram levadas para a delegacia por estarem tentando furtar dinheiro espalhado na rua. Elas não teriam participação no ataque.
Fuga para o Sul de Santa Catarina
Pouco mais de 6 horas depois da fuga de Criciúma, os policiais encontraram 10 carros utilizados pelos bandidos na ação. Os veículos estavam em um milharal próximo a um rio em uma região chamada de Picadão, em Nova Veneza, que fica distante 18 quilômetros de Criciúma.
Os automóveis são de luxo, e no interior dos veículos os policiais encontraram placas de São Paulo. Eles devem passar por perícia para que seja apontada a procedência. Os policiais localizaram manchas de sangue em dois veículos, o que sugere que haja ao menos dois bandidos feridos após o confronto com a polícia e o uso dos explosivos feito pelos criminosos.
Os órgãos de segurança do Rio Grande do Sul auxiliam os policiais catarinenses nas buscas pela quadrilha.
A Polícia Civil de Santa Catarina informou que a principal suspeita é que a ação possa ter sido cometida por um grupo de criminosos de São Paulo. O delegado Vitor Bianco Junior disse que a suspeita inicial é de que os bandidos já estivessem na região há bastante tempo para analisar rotas de fuga e as ações a serem feitas durante o assalto.
A escolha da agência do Banco do Brasil teria se dado porque a unidade havia sido abastecida com dinheiro recentemente, de acordo com o delegado. Segundo ele, há vídeos que mostram o uso da caçamba de uma caminhonete para levar o dinheiro.
Nota do Bando do Brasil
O Banco do Brasil emitiu nota informando que aguarda a conclusão dos trabalhos de varredura da polícia técnica e a liberação do acesso ao local para que uma equipe de engenharia avalie eventuais danos à estrutura do prédio.
"O Banco do Brasil atua para normalização do atendimento no menor prazo possível, mas não há previsão para a reabertura da unidade", informou. Não houve feridos entre os funcionários do banco.
Novo Cangaço
O comandante do 9º Batalhão de Polícia Militar de Criciúma, tenente-coronel Cristian Dimitri Andrade, falou sobre a ação dos bandidos ainda durante a madrugada. Ele classificou a ação dos bandidos como “Novo Cangaço”. “A gente chama de modalidade de Novo Cangaço. Fazem assaltos simultâneos, atacam quartéis, como atacaram o 9º Batalhão”, disse o comandante. Em nota para a imprensa, o Banco do Brasil também se referiu ao assalto como “Novo Cangaço”.
A expressão faz referência a uma onda de banditismo, crime e violência que se alastrou por quase todo o sertão do Nordeste brasileiro no final do século 18 até o começo do século 20.A expressão “Novo Cangaço”, passou a ser utilizada à partir do começo da década de 1990, quando grupos de criminosos passaram a invadir cidades do sertão nordestino (municípios carentes de efetivo policial) para saquear bancos e carros-fortes. As ações, bastante violentas, terminavam em tiroteios e mortes de policiais e civis inocentes.
Nos últimos cinco anos, a expressão “Novo Cangaço”, passou a ser utilizada pela imprensa do Sudeste, ao se referir aos assaltos aos bancos que começaram a acontecer com mais frequência, principalmente no interior de São Paulo.
O delegado titular da Delegacia Regional de Criciúma, Vitor Bianco Junior, afirmou que as primeiras informações indicam que a quadrilha que agiu em Criciúma possa ser de fora de Santa Catarina, mas que não é possível estabelecer, neste momento, uma relação direta deste assalto com o PCC, entretanto esta será um linha de investigação que será seguida.