Nesta quarta-feira (16), a Polícia Civil deflagrou a Operação Consórcio, no combate aos crimes de homicídio em Alvorada. Trata-se de uma das maiores operações da história da Polícia Civil gaúcha, desenvolvida pela Delegacia de Polícia de Homicídios e Proteção à Pessoa de Alvorada, com a participação de 850 policiais, cumprindo 279 ordens judiciais. A operação contou com 30 policiais de delegacias das cidades de Passo Fundo e Marau.
São 67 mandados de prisão, 182 mandados de busca e apreensão e 30 medidas restritivas de contas bancárias. Alvorada é o município do Rio Grande do Sul com a maior taxa de homicídios por 100 mil habitantes (46,6 no acumulado do ano). O Departamento de Homicídios, através da Divisão de Homicídios da Região Metropolitana (DHM), elegeu a cidade como o ponto principal de ações do Departamento e, nesse contexto, a Operação Consórcio visa atacar organizações criminosas atuantes naquela cidade e, também, restituir às famílias os imóveis que lhe foram tomados pelo tráfico de drogas em um complexo habitacional no bairro Umbu, um dos mais pobres da cidade.
Entre os grupos criminosos atuantes, destaca-se um grupo que é coordenado por um detento do sistema prisional e que, mesmo recolhido, continua exercendo o posto de liderança criminosa mais relevante do grupo, do qual se conseguiu identificar a participação de outros 99 criminosos que tiveram suas condutas na organização estritamente individualizadas.
Nos 18 meses de investigações, nove homicídios foram comprovados como sendo perpetrados por membros do grupo, todos eles com a determinação e/ou anuência por parte do líder. Dentre os homicídios cometidos pela organização criminosa, destaca-se o de uma moradora que contraiu dívidas de entorpecentes com os membros do grupo, foi morta e teve o corpo queimado ao lado do complexo habitacional, para que o seu apartamento fosse então vendido como forma de pagamento de dívida. A brutalidade do crime serve também como intimidação para quem afronta o poder da organização criminosa.
Também foi verificado que moradores que foram expulsos de seus apartamentos por membros do grupo tiveram o imóvel desapropriado mediante violência e/ou grave ameaça, para posteriormente o imóvel ser comercializado de maneira irregular, alugado para terceiros ou ainda entregue para que outros membros do grupo viessem a residir no imóvel retirado dos moradores. Durante as investigações, foram cerca de 50 registros de apartamentos invadidos por membros do grupo.
Ainda no período das investigações, foram 125 linhas telefônicas interceptadas, 1.800.000 ligações e 1.200 ligações transcritas.
A Delegacia de Polícia de Homicídios e Proteção à Pessoa de Alvorada orienta que, aquelas pessoas que foram expulsas de seus apartamentos no complexo habitacional Umbu 2, que procurem a DPHPP/Alvorada a fim de formalizar a queixa crime e dar seguimento aos devidos procedimentos de polícia judiciária cabível ao fato.