O clima na reserva indígena de Carreteiro, localizada no município de Água Santa segue tenso. Na noite desta segunda-feira (1), policiais militares que faziam patrulhamento nas proximidades da reserva, trocaram tiros contra indígenas, que estavam fortemente armados.
Segundo o registro policial, realizado na Delegacia de Polícia de Pronto Atendimento de Passo Fundo, policiais militares do 3º Batalhão de Polícia de Choque realizaram uma barreira na estrada que liga a sede do município de Água Santa com a reserva de Carreteiro. Durante esta ação, os policiais ouviram disparos de arma de fogo. A guarnição solicitou apoio de policiais do 3° RPMON, que ao chegar no local foram recebidas a tiros, inclusive com rajadas de armas automáticas e de calibre restrito. Os disparos foram revidados pelos militares. Após o fim da troca de tiros, os policiais realizaram um patrulhamento nas proximidades de onde partiram os disparos, mas não identificaram nenhum suspeito. Nenhum policial ficou ferido, e também não há registro de que outra pessoa tenha sido ferida durante o confronto. As guarnições permaneceram nas proximidades da aldeia até chegada do reforço de mais policiais de Passo Fundo. Guarnições da BM permanecem em alerta no local para evitar novos conflitos entre os grupos rivais.
Histórico do confronto
A disputa interna pela liderança das terras se acirrou desde a metade do ano passado, quando as disputas pelo poder fizeram com que dois grupos rivais entrassem em confronto.
O então cacique, Getúlio Daniel chegou a ser baleado na perna durante uma emboscada. Um grupo rival, e que reivindicava a escolha de um novo cacique, foi expulso da aldeia. Em menos de 60 dias foram registrados aproximadamente 70 confrontos e três casas foram incendiadas. Os confrontos não aconteciam apenas dentro da aldeia, pois houve registro de brigas dentro de estabelecimentos comerciais em Água Santa. O grupo expulso da aldeia se abrigou em um complexo esportivo localizada na sede do município.
Com o objetivo de encerrar a sequência de conflitos, no dia 21 de agosto a Polícia Federal realizou uma operação onde cumpriu 21 mandados de prisão e 28 de busca e apreensão. Entre os presos estavam os líderes dos grupos rivais que disputavam o cacicado da aldeia. Desde então um grupo mediador assumiu a liderança no local.
Apesar disso, os confrontos seguiram. Em janeiro um homem foi assassinado dentro da reserva, e a polícia investiga as circunstância do seu assassinato. Na última semana policiais federais e policiais militares estiveram na aldeia para realizar a reconstituição deste crime. Deste então, a Brigada Militar reforçou o policiamento no município, para evitar que novos crimes aconteçam.