Operação Orange X da Polícia Civil desmascara organização criminosa do conto do bilhete

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Foto: Divulgaçãol/Polícia CivilFoto: Divulgaçãol/Polícia Civil
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Na manhã desta sexta-feira (11), a Polícia Civil, através da Draco, coordenada pelo delegado Diogo Ferreira, com apoio de Delegacias de Passo Fundo, PRF e PC/PR, deflagrou a Operação Orange X, com o cumprimento de nove mandados de busca e apreensão, seis prisões preventivas e 8oitomandados de sequestro de veículos, em Passo Fundo e Curitiba.

A operação é desdobramento da Operação Pólis, deflagrada em 2018, que visa combate a organizações criminosas dedicadas aos estelionatos e lavagem de dinheiro.

Na investigação desenvolvida pelo Núcleo de Lavagem de Dinheiro foi possível constatar a existência de um elaborado esquema criminoso, no qual cada um dos investigados exercia um papel importante para o sucesso da atividade criminosa. A funcionalidade dessa engenharia criminal girava em torno do cometimento de delitos de estelionato, modalidade conto do bilhete premiado, lavagem de dinheiro por intermédio do sistema bancário (contas de laranjas) e organização criminosa destinada para esse fim. 

Os investigados compõem uma verdadeira organização criminosa, que se articula de diversas maneiras para ludibriar suas vítimas, praticando delitos de forma perene, em um curto espaço de tempo. 


Como funcionava

No período de 03 de agosto a 14 de agosto de 2020, a ORCRIM angariou vultosa quantidade em dinheiro. Após conseguir enganar as vítimas, contas de “laranjas” eram utilizadas para “lavar” o dinheiro sujo. Dessas contas, o dinheiro era enviado para casas de câmbio e, posteriormente, convertido em moeda estrangeira, bem como era remetido para contas de novos “laranjas” residentes na cidade de Passo Fundo/RS e, após, agora com aparência lícita e sem suspeita, era sacado pelos criminosos.

Primeiro, um dos investigados abordava a vítima (sempre idosa) e lhe dizia que tinha um bilhete premiado e que precisaria trocar a quantia em alguma agência bancária. Para tanto, caso a vítima o ajudasse, receberia uma quantia em dinheiro. Nesse momento, outro criminoso também se aproximava da vítima e se prontificava a ajudar o pseudo-vencedor da loteria, afirmando que trocaria o “bilhete premiado” por uma quantia em dinheiro. 

A vítima, achando a história verdadeira, afirmava que também queria receber o “bilhete premiado” e dizia que também repassaria uma quantia em dinheiro em troca do prêmio. Durante o cometimento do delito, outros investigados ficavam acompanhando a vítima e os criminosos de perto. Outros, por sua vez, seguiam a vítima até a agência bancária, a fim de ter certeza se conseguiria ter acesso ao valor que prometeu aos criminosos. 

Uma vez com o dinheiro na mão, os criminosos transferiam os valores para contas de terceiros. Dessa conta, o dinheiro era disparado para outras contas ou para casas de câmbio, a fim de ser convertidos em moeda estrangeira. Foi exatamente isso que ocorreu nos autos da investigação. 


Abordagem das vítimas

Os investigados revezavam na abordagem das vítimas. Um investigado ficava dentro das agências bancárias cuidando os passos da vítima. Outro investigado, por sua vezes, fazia as vezes de atendente do banco, a fim de mentir para a vítima que de fato o bilhete era verdadeiro e que ela poderia receber o prêmio em lotéricas ou agências da Caixa Econômica federal (conforme áudios). Um terceiro suspeito concedia as contas de “laranjas” para os representados. Já um investigado residente no estado do Paraná, realizava transações bancárias para os representados, bem como fazia alguma transação referente à moeda estrangeira - dólar. Por fim, um quinto investigado, nesta perquirição, usava sua conta bancária para receber os valores já com aparência lícita. 


Grandes quantias envolvidas

A título de exemplo, em apenas um crime de estelionato foi lesado de uma vítima o valor de R$ 170.000. Além disso, entre delitos consumados e tentados, somente no período de duas semanas, foram feitas nove vítimas. Outra vítima teve prejuízo de R$ 230.000. Na mesma oportunidade, uma terceira vítima perdeu R$ 75.000 e uma quarta vítima perdeu de R$ 50.000. Portanto, a citada organização criminosa movimentou, em apenas duas semanas, mais de meio milhão de reais. 

Foi possível constatar que os criminosos visam vítimas idosas, principalmente pela fragilidade que possuem em razão da idade. 

Esse é o motivo por que, em razão da facilidade de ganhar vultosa quantia em dinheiro em tão pouco tempo, os investigados vivem da contumácia criminosa. Nenhum dos representados, a tempo desta investigação, pelo que se tem conhecimento, exercia atividade lícita. O crime é o meio de vida desses indivíduos. 

Nesta manhã, seis pessoas foram presas preventivamente, 11 veículos aprendidos, joias, R$ 7.226 e U$ 298,00 e 5 euros.


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