ESPERANÇA - "Não sinto ele morto, eu acredito que ele ainda está vivo"

Mãe fornece material para Banco de Perfis Genéticos na esperança de encontrar o filho desaparecido desde 2015

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Luciano Breitkreitz/ON Luciano Breitkreitz/ON
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Um mutirão na tarde de quarta-feira (16), coletou material genético de 21 pessoas de toda a região de Passo Fundo. Em comum, elas têm  têm familiares de primeiro grau desaparecidos, e mantêm viva a esperança de reencontrá-los.

O material coletado vai para o Banco de Perfis Genéticos do Rio Grande do Sul, e fica disponibilizado para fazer a confrontação, especialmente nas ocorrências de pessoas encontradas sem vida e que estavam sem documentos de identificação. Em Passo Fundo, recentemente foi encontrado um corpo ainda sem identificação. No ano passado, pelo menos seis corpos permaneciam nessa mesma condição.  Muitas vezes não é possível localizar familiares ou fazer a identificação por meio das impressões digitais. Nestes  casos, o Banco de Perfis Genéticos é a melhor opção.

A aposentada Norma Venturini Badalotti, de 76 anos, compareceu na Praça Marechal Floriano, onde a estrutura estava montada, para realizar a coleta do material. Em abril de 2015 a sua vida teve uma guinada inesperada. Ela era mãe de dois filhos, de 40 e 43 anos, ambos empresários do ramo da produção de  móveis. Um dos filhos, Renato Badalotti viajava frequentemente  a trabalho para a cidade de Porto Alegre. Porém, em uma destas viagens, ele não retornou mais. “Nunca mais tivemos notícias dele”, disse Norma. Após quatro dias do desaparecimento de Renato, seu outro filho, Leandro Badalotti, que era sócio na empresa de móveis, foi encontrado sem vida. Ao lado do corpo, havia um bilhete de despedida. “Eu conversei com o Leandro na noite anterior ao suicídio. Ele estava muito triste, pois era muito unido com o irmão que desapareceu, eles faziam tudo juntos. Leandro estava muito angustiado com o desaparecimento do Renato e disse que seria muito difícil viver sem ele”, lembrou Norma.

Logo que a família percebeu o desaparecimento de Renato, registrou a ocorrência e iniciaram as buscas. “Meu filho era bastante conhecido na cidade, e durante três meses fizemos uma campanha muito grande, inclusive nos veículos de comunicação, para ver se encontrávamos ele, mas nunca mais tivermos notícias”, disse ela. Norma lembra que muitas possibilidades foram investigadas, mas nenhuma pista levou ao paradeiro de Renato.

Com a coleta do material genético, Norma espera que a polícia consiga encontrar alguma pista que leve ao paradeiro de seu filho. “Não sinto ele morto, eu acredito que ele ainda está vivo”, finalizou ela.

 

Falta de dados

O Coordenador Regional do Instituto Geral de Perícias, Ricardo Durks, esclarece que o trabalho de coleta deste material acontece diariamente, porém, muitas pessoas não vão até o IGP para fazer a coleta. “Muitas pessoas sequer registram ocorrência policial do desaparecimento de seus familiares, e procuram os órgãos de segurança pública muitos anos depois para buscar informações”, explicou ele. São pessoas que perdem contato com um irmão, ou um tio, e 10 ou 15 anos depois começam a procurar por informações.  

O mutirão realizando quarta-feira em Passo Fundo, teve o objetivo de estimular que  pessoas com familiares  desaparecidos façam a doação do material para o banco de dados. Desta forma, muitos casos poderão ser solucionados com mais rapidez. “O material coletado é destinado exclusivamente para este fim, sendo descartado após a identificação da pessoa desaparecida”, disse Ricardo, explicando que muitas pessoas tem receio de doar o material e ele ser utilizado para outro fim.

O próximo passo é fazer o confronto dos dados inseridos no banco. Os resultados dessa coleta deve ser divulgado em aproximadamente uma semana. 


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