A Polícia Civil desencadeou na manhã de ontem (4) uma operação para combater crimes de estelionatos aplicados na região norte do Rio Grande do Sul. A operação reuniu policiais das delegacias regionais de Passo Fundo e Erechim e foi comandada pelo Delegado Regional Adroaldo Schenkel. O objetivo da ação foi combater uma organização criminosa especializada em crimes de extorsão, especialmente um deles conhecido como “Golpe do Nudes”, ou “Sextorsão”.
O crime
Neste crime, as vítimas são escolhidas e procuradas por meio de redes sociais por pessoas se passando por mulheres bonitas, e passam a trocar mensagens e fotos (algumas de caráter sensual ou sexual). A partir disso, as vítimas começam a ser extorquidas, com alegações de que as supostas mulheres eram adolescentes, e mediante ameaças de divulgação das fotos íntimas e falsos registros policiais, inclusive com fotos de policiais e carteiras funcionais falsificadas, ameaças de prisão. Os policiais constaram que os estelionatários falsificavam os mandados de prisão, para exigir que as vítimas realizassem altos valores em contas dos envolvidos. As exigências de valores não param, vão aumentando e sendo sequenciais. Segundo o delegado Schenkel, em um dos casos investigados, a vítima declarou que de tão pressionada, e sem mais condições de pagar as novas exigências de valores, pensava até em cometer suicídio, quando foi procurada pela Polícia Civil, informando o esquema criminoso.
A operação
Na operação que desarticulou a organização criminosa, participam 122 Policiais Civis de todas as Delegacias das Regiões Policiais de Passo Fundo e Erechim, com 41 viaturas. A ação iniciou às 5 horas da manhã com foco nas cidades de Getúlio Vargas e Erechim. Foram cumpridos 22 Mandados de Busca e Apreensão, e 10 Mandados de Prisão, além disso houve a quebra de 20 Sigilos Bancários.
A investigação iniciou em agosto deste ano com uma vítima de Sertão procurando a Delegacia, após ser extorquida em R$ 110 mil. Durante a investigação, os policiais identificaram cinco vítimas, sendo quatro da região Norte do RS, que foram extorquidas em cerca de R$ 600 mil.
Com as buscas e quebras de sigilo bancário, outras vítimas e muitos outros criminosos envolvidos com a quadrilha podem ser identificados.
Vítimas não eram escolhidas aleatoriamente
Chama a atenção, segundo o delegado Schenkel, os valores expressivos exigidos das vítimas, além de aparentemente não serem escolhidas aleatoriamente, mas indicadas pelos criminosos. Apenas uma das vítimas foi obrigada a depositar R$ 274 mil para o grupo investigado, sob ameaças de prisão por falsos policiais.
A Polícia Civil informa ainda que, vários dos investigados têm passagens prisionais ou têm familiares presos, especialmente vinculados aos presídios de Getúlio Vargas e Erechim, podendo as ações criminosas estar sendo comandadas de dentro das cadeias e alimentar o crime organizado. A investigação agora vai trabalhar na identificação das lideranças, extensão dos crimes e criminosos envolvidos.
Orientação
A recomendação da Polícia Civil é sempre que alguém for vítima de qualquer espécie de crime, notadamente chantagem ou extorsão, procure a Delegacia mais próxima e relate os fatos. Os policiais não ligam, nem mandam mensagens para solicitar valores ou negociar registros de ocorrência, ou ameaças de prisão.