Caso Kiss - Depoimento de ex-barman encerra o terceiro dia de depoimentos

Por
· 2 min de leitura
Divulgação/TJRSDivulgação/TJRS
Divulgação/TJRS
Você prefere ouvir essa matéria?
A- A+

A oitiva de Erico Paulus Garcia encerrou o terceiro dia de depoimentos do júri do caso Kiss e também a lista de vítimas arroladas pelo Ministério Público para serem ouvidas em plenário. O jovem foi barman da boate por 3 anos e ajudou a colocar a espuma que revestia o palco do local. Erico auxiliou no salvamento de muitas pessoas (cerca de 20 pessoas), retirando-as do interior do prédio. “Conseguimos entrar lá dentro, pegar as pessoas e levar até a porta para que fossem levadas ao hospital”. Ele se emocionou ao lembrar daquela noite, pois também ajudou a levar corpos para os caminhões. Hoje, Erico é policial militar.

Na noite da tragédia, Erico estava próximo do palco, trabalhando no bar, quando viu o vocalista da Banda Gurizada Fandangueira, Marcelo de Jesus dos Santos, apontar para o alto, segurando um artefato pirotécnico, usando uma luva. Ele não sabe como o artefato foi acionado. Segundo a testemunha, o incêndio começou naquele local. Foi alcançado um extintor de incêndio para tentar apagar o fogo, o que não ocorreu. Logo, uma fumaça preta tomou conta do ambiente.

“Vi que eles começaram a recolher os instrumentos e começaram a conversar entre eles”, afirmou a testemunha, sobre a atitude dos membros da banda quando o incêndio começou. “Nesse momento, já começava a pingar espuma derretida do teto”.

Erico lembrou que entrou várias vezes na boate para retirar as vítimas e inclusive quebrou a parede da fachada para viabilizar a saída. Bombeiros entraram junto com ele na danceteria, mas Erico disse que ele ia na frente. “Eles jogavam água em direção à pista”. Ele disse que encontrou na rua o sócio da Kiss, Elissandro Callegaro Spohr (Kiko), preocupado com a situação da esposa, que estava grávida e que ele ainda não havia encontrado.

A testemunha relatou que o teto da boate tinha uma camada de gesso e uma de lã de vidro. “Exceto no palco. Eu, Rogério e João (falecidos) colamos espuma nas laterais, no fundo e no teto, a mando do Kiko”. Inicialmente os funcionários reutilizaram restos do material, mas como eram pedaços diferentes e o sócio não havia gostado do resultado, foram retiradas e colocada espuma nova. O motivo da colocação do material seria para possibilitar o isolamento acústico do ambiente.

Sobre as barras de contenção, o ex-funcionário afirmou que foram instaladas na boate para organizar a saída do público. Ele contou que conversou com seguranças sobreviventes e eles disseram que acreditavam se tratar de uma briga e que, por isso, teriam tentado impedir a saída das pessoas que fugiam do incêndio.

Alguns meses antes da tragédia, Kiko pediu que Erico retirasse da boate 6 ou 7 extintores de incêndio. Segundo Erico, ele deixou os equipamentos “amontoados” na entrada da boate. A testemunha acredita que eles não foram recolocados todos de volta nos seus lugares, pois deu falta de alguns. Também nunca ouviu falar que Elissandro queria retirar os extintores das paredes por questões estéticas.

Em relação às decisões na boate, Erico disse que Mauro nunca deu ordens diretas a ele. Mas, certa vez, Kiko afirmou ao funcionário que recorreria ao sócio para tomar uma decisão acerca de determinado assunto (que ele não lembra qual era). Afirmou que sua relação com Kiko era boa e que ele era um bom patrão.

Os trabalhos prosseguem amanhã, a partir das 9h. Estão previstos os depoimentos da testemunha Alexandre Marques (arrolado pela defesa de Elissandro) e da vítima Maike Ariel dos Santos (indicada pelo Assistente de Acusação).

Gostou? Compartilhe