Familiares de mulher assassinada pelo namorado farão coleta para exame de DNA

Objetivo é comprovar de forma técnica que os restos mortais localizados em Mato Castelhano no último sábado (25), são da mulher que desapareceu dia 15 deste mês em Passo Fundo

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Os restos mortais de Cleusa Souza da Silva, 48 anos, foram encontrados no último sábado; (Foto: Arquivo Familiar/Divulgação)Os restos mortais de Cleusa Souza da Silva, 48 anos, foram encontrados no último sábado; (Foto: Arquivo Familiar/Divulgação)
Os restos mortais de Cleusa Souza da Silva, 48 anos, foram encontrados no último sábado; (Foto: Arquivo Familiar/Divulgação)
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Familiares de Cleusa Souza da Silva de 48 anos devem fazer a coleta de material genético para o exame de DNA na próxima quarta-feira (29). O objetivo é confrontar o material e se certificar de forma técnica que os restos mortais encontrados no último sábado (25), em um local de difícil acesso, próximo à divisa de Mato Castelhano e Gentil são da mulher. Ela estava desaparecida desde o dia 15 desse mês, e um homem de 49 anos, namorado de Cleusa, confessou que cometeu o feminicídio e deixou o corpo dela no local.  


Vítima gerenciava a empresa da família 

Alex Souza da Silva, irmão da vítima, diz que Cleusa era uma pessoa muito responsável. Ela morava no bairro Planaltina junto com seu pai (que faleceu no mês de fevereiro), a mãe, o irmão e um casal de sobrinhos. A família tinha uma empresa de som automotivo, e Cleusa era responsável pela parte administrativa, enquanto Alex trabalhava com os serviços gerais e de instalação dos equipamentos. “A loja estava no nome dela, ela era responsável por administrar o negócio, e também cuidava das coisas em casa, nosso pai era doente e faleceu em fevereiro, depois disso, a nossa mãe também passou a necessitar de cuidados especiais”, contou Alex. 

Cleusa era solteira e há aproximadamente um ano passou a se relacionar com um homem de 49 anos. Ele chegou a ser apresentado aos demais familiares e, segundo Alex, o relacionamento dos dois não era bem visto, já que que em alguns momentos ele tinha algumas atitudes de agressividade, inclusive, contra os vizinhos dos familiares. Eles também desconfiavam de suas intenções com Cleusa. “Minha irmã era uma mulher muito reservada, pois nossa família sempre foi muito rígida, meu pai era da Brigada Militar, e ele teve que vir aqui em casa pedir a mão dela em namoro”, disse Alex, destacando ainda que a irmã comentava que o namorado sempre demonstrou ter muito ciúme. 


Viagem marcada 

No dia que desapareceu, Cleusa e a família estavam com uma viagem marcada para Porto Alegre, que aconteceria no dia seguinte, feriado de Corpus Christi. No dia 15, ela saiu de casa, para ir até o Posto de Saúde do Bairro Bom Jesus fazer uma injeção, em seguida, deveria ir até ao supermercado comprar guloseimas para a viagem, e depois voltaria para casa. Porém, após deixar o Posto de Saúde, ela não foi mais vista pelos familiares. No dia seguinte, a família registrou o desaparecimento. 

“Nós acreditamos que ela não queria mais manter um relacionamento com ele, e isso pode ter motivado o crime, mas ainda não sabemos. Só vamos ter certeza quando localizarem o celular dela e vermos as mensagens”, comenta Alex. Ele disse ainda que a família suspeita que possa haver algo que vai além da questão do ciúme, pois no período que antecedeu o crime, aconteceram algumas movimentações financeiras na conta de Cleusa, consideradas anormais pela família. Alex diz ainda que a família vai fazer uma varredura nos documentos da vítima em busca de informações que possam auxiliar na investigação.  


A investigação 

Segundo a Delegada Daniela de Oliveira Mineto, logo após o registro do desaparecimento, os policiais começaram a fazer buscas por Cleusa. Durante a investigação, alguns depoimentos levaram a suspeita de que o namorado dela poderia ter algum envolvimento. Ele passou a ser investigado e os policiais perceberam mudança na rotina do suspeito. “Ele deixou um dos empregos em que trabalhava, se mudou da casa onde morava sem comunicar a proprietária, destruiu um celular que ele tinha, e tirou o um adesivo de frete da caminhonete dele, e tudo isso é muito estranho para uma pessoa que não tinha nada a dever”, disse a delegada. 

No sábado (25), os policiais foram até o local onde o suspeito trabalhava, e encontraram uma arma. Ele foi conduzido até a delegacia e, durante a conversa com os policiais, confessou o crime e se prontificou a mostrar onde ocultou o corpo. 

Segundo a delegada, na conversa com os policiais ele disse que deu carona para vítima após ela sair do Posto de Saúde. Em seguida, foram até a casa o suspeito, onde o crime aconteceu. Por razões de ciúme ele teria estrangulado a mulher e depois ocultado o seu corpo. “Agora a investigação deve prossegui, e essas questões ligadas a conta bancária e sigilo telefônico devem acontecer, para avaliar se há algo além da questão do ciúme que possa ter motivado o crime, mas isso demanda um maior tempo e vai seguir o curso da investigação”, disse a delegada. 

No local indicado pelo namorado de Cleusa, os policiais encontraram um crânio, uma mandíbula, um quadril e um pedaço de fêmur. Segundo a delegada, mesmo que a investigação indique com clareza que os restos mortais encontrados são da mulher desaparecida, há uma necessidade técnica de confirmar essa informação, e por este motivo foi solicitado o exame de DNA. No momento os restos mortais permanecem no IML em Passo Fundo para coleta do material genético dos familiares. 

O suspeito segue à disposição da Justiça do Presídio Regional de Passo Fundo. 

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