Nos últimos cinco anos, o combate aos crimes ambientais ganhou o reforço de ferramentas tecnológicas. Seja por meio de aeronaves remotamente pilotadas, softwares que utilizam imagens de satélites e inteligência artificial, ou mesmo a incorporação de câmeras nos coletes dos policiais, estas novas tecnologias estão suprindo uma demanda importante no combate aos crimes ambientais, tanto para a detecção de áreas degradadas, como para produção de provas dos crimes, que são utilizados pelo Ministério Público ou pelo Judiciário nos processos de penalização dos responsáveis.
Na região de cobertura do 3º Batalhão Ambiental da Brigada Militar, com sede em Passo Fundo, todos os dias há pelo menos uma ocorrência registrada em que é utilizada alguma das novas tecnologias para comprovação de crimes, ou ainda atender alguma demanda do Ministério Público.
Aeronaves Remotamente Pilotadas
As aeronaves remotamente pilotadas, que são popularmente conhecidas como Drones, foram incorporadas ao cotidiano do trabalho da polícia ambiental há mais de cinco anos. Na região do 3º Batalhão de Polícia Ambiental da Brigada Militar, com sede em Passo Fundo, que compreende uma área de 239 municípios, todos os dias são registradas ocorrências onde há utilização do drone.
O comandante do 3º Batalhão de Polícia Ambiental da Brigada Militar, tenente-coronel l Marcelo Rovani, explica que os policiais da região utilizam de forma intensa o drone, que neste momento ainda está disponível com modelos semi-profissionais, mas que aos poucos estão sendo adquiridos modelos mais modernos, que são utilizados especialmente para utilização de mapeamento de áreas degradadas. “Hoje o Batalhão de Aviação certificou um novo modelo de drone, que está equipado com câmera térmica, e que poderá ser utilizado em situações mais abrangentes. Pode ser utilizado pela parte de inteligência, para realização de vôos noturnos, detecção de animais, pessoas ou veículos, por meio do calor”, explicou ele.
O comandante explica que a implementação de novas tecnologias, auxiliam de forma significativa nas demandas dos policiais. “Antigamente nosso pessoal chegava para ver um desmatamento com um GPS na mão, e precisava percorrer toda a área para poder avaliar. Isso demandava tempo e desgaste de efetivo, pois eram áreas de acesso complicado. Hoje o pessoal chega no local, levanta do drone em uma área geolocalizada, e é feito o mapeamento através da imagem, além disso, a imagem vira uma prova em casos de processo”, diz ele.
O comandante explica que ao levantar uma aeronave remotamente pilotada, e tirar uma foto aérea, o policial acaba transmitindo muito mais certeza do dano provocado, em comparação às imagens horizontais.
Inteligência Artificial
O comandante comenta que a utilização do drone, em muitos casos é apenas uma etapa do processo desenvolvido pelos policiais. Atualmente são utilizadas imagens via satélite, que, por meio de inteligência artificial, conseguem detectar áreas degradadas. “As fotos são feitas diariamente por satélite, e no momento em que a inteligência artificial detecta alguma área degradada, ele emite um alerta, e vamos até o local, utilizando o drone, para comprovar o dano e registrar a ocorrência com o levantamento fotográfico”, disse ele.
Com a utilização desta tecnologia foi possível localizar uma área degradada de oito hectares na região de Nova Alvorada, há pouco mais de um mês, considerado um dos maiores flagrantes de crimes ambientais na região nos últimos anos.
Treinamento e habilitação
Para utilização dos equipamentos, é necessário que o policial passe por uma etapa de treinamento e se habilite para utilizar as tecnologias. É o caso dos drones, onde é necessário que o policial seja aprovado em um curso promovido pelo Batalhão de Aviação da Brigada Militar, localizado em Caxias do Sul. Inicialmente é realizado uma etapa em EAD, e em seguida o policial vai desenvolver a parte prática, somente depois ele sai habilitado na “Operação de Aeronave Remotamente Pilotada”. Além disso, o comandante explica que é necessário que o drone seja nacional e específico, que é requisitado pelo Batalhão de Aviação. Também, a ANAC exige o registro de cada vôo e habilita o equipamento para ser utilizado.
Rovani ressalta ainda que os equipamentos têm sido utilizados constantemente, especialmente pela demanda do Poder Judiciário. “É uma prova técnica que demonstra claramente os danos ambientais. É um equipamento que tem sido utilizado rotineiramente”, conclui.
Parcerias com MP
Neste momento, o Batalhão Ambiental está em um processo de parceria com o Ministério Público de Marau, que por meio de uma doação, será incorporado aos uniformes dos pilotos de Jet Skis, câmeras do modelo GoPro. Esse equipamento será acoplado em uma caixa estanque, à prova de água, que será instalado nos coletes dos policiais. “Eles vão conseguir captar imagens durante a fiscalização em rios e barragens, especialmente durante a fiscalização da pesca ilegal”, explica o comandante. Os policiais irão captar imagens no momento da ação policial, que também vai gerar uma prova incontestável do crime.
A parceria já está firmada, e o Batalhão Ambiental está no processo de ajuste e preparação dos equipamentos para entrada em operação. O que deve acontecer em breve.