Polícia Civil conclui investigação sobre o incêndio no CETRAT em Carazinho

Os peritos afastaram a possibilidade de uma pane elétrica, e apontaram a ação humana, não podendo determinar se dolosa ou culposa

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A Polícia Civil de Carazinho concluiu a investigação que apurava as causas do incêndio no Centro de Tratamento para Dependentes Químicos de Carazinho - CETRAT, que causou a morte de 11 pessoas, e deixou outras três feridas. A ocorrência foi registrada no dia 23 de junho do ano passado. Após a investigação a Polícia Civil concluiu que a ação ou omissão humana, acidental, dolosa ou culposa, foi a causa do incêndio. Segundo a investigação, a ação foi praticada por alguém que estava dentro do imóvel e que acabou morrendo carbonizada, juntamente com todas as demais vítimas. A perícia afastou a possibilidade de um problema elétrico no prédio.

Diante das provas produzidas, e especialmente do resultado das perícias realizadas pelo Instituto Geral de Perícias (IGP), a investigação foi concluída, e o inquérito está sendo remetido ao Poder Judiciário sem indiciamentos.

 

Laudos Periciais

Segundo a delegada Rita de Carli, responsável pela investigação, a perícia afastou uma pane elétrica como causa do incêndio. Segundo o IGP, os peritos concluíram, “amparados tecnicamente nos vestígios encontrados no local; na grande destruição constatada na edificação, associado aos demais elementos de ordem  técnica, apontaram como causa compatível para o início das chamas a ação de corpo ignescente sobre material combustível presente nos dormitórios à direita e posterior, onde se deu o foco inicial do incêndio”. A delegada explica que “corpo ignescente” é algo capaz de iniciar chama, principalmente através de forma térmica, como exemplos fósforo, isqueiro, vela, cigarro.

O foco do incêndio ocorreu junto do acesso aos dormitórios, contribuindo para que as vítimas não conseguissem sair do local, devido às chamas no único caminho para saída. As janelas dos dormitórios eram do tipo basculante, também impedindo a fuga das vítimas.

O laudo cita como exemplo de material combustível todo aquele que fornece calor quando entra em combustão, podendo manter e propagar chama. “Temos como exemplo a madeira do assoalho e paredes do imóvel, móveis, roupas, colchões. Não foi possível determinar a quantidade de material combustível que constituía a edificação e a quantidade de móveis e pertences pessoais das vítimas. Pelas evidências do local, não havia material inflamável armazenado no bloco onde ficavam os dormitórios”, diz o laudo. 

A perícia apontou que, analisando o local do fato, a maior probabilidade é de que o início do incêndio foi causado pela ação humana, não podendo determinar se dolosa ou culposa. Ainda, que o evento iniciou através de ação ocorrida no interior do imóvel, afastando, portanto, a possibilidade de alguém de fora ter provocado o incêndio, dolosa ou culposamente.

Ainda, todos os internos do aposento onde o fogo iniciou, nos aposentos mais próximos e da porta que servia como único acesso, entrada e saída, morreram no local. Portanto, o evento que deu início ao incêndio aconteceu dentro do imóvel, possivelmente de forma acidental ou culposa.

O laudo apontou ainda que, como o incêndio aconteceu à noite, quando todos os internos já dormiam, demorou um pouco para ser percebido, fato que impossibilitou a evacuação de todos do local pela única saída, situação agravada pelas janelas em formato basculante.

 

Licenças de funcionamento

A Polícia Civil de Carazinho esclareceu que o CETRAT estava com as licenças e autorizações para funcionar em dia. O Programa de Prevenção de Incêndio, PSPCI Simplificado, era o modelo adequado de programa de prevenção a ser adotado pela empresa, tanto em função das atividades desenvolvidas pelo CETRAT, como em razão da área construída, fato confirmado pelos Bombeiros. O PSPCI estava em dia, estando válido até o dia 14/06/2026.

 

Relembre o caso

No dia 23 de junho do ano passado, por volta das 23h, um incêndio de grandes proporções foi registrado no CETRAT – Centro de Tratamento para Dependentes Químicos de Carazinho, deixando 11 mortos e três feridos. O atendimento da ocorrência contou com os trabalhos do Corpo de Bombeiros; da Brigada Militar; da Polícia Civil; do IGP – Instituto Geral de Perícias; do Município de Carazinho, que assegurou o atendimento psicológico e social às famílias das vítimas.

O incêndio destruiu todo o alojamento onde as vítimas pernoitavam. Dos 15 internos que estavam no local, quatro conseguiram sair do prédio pelas janelas, após quebrá-las e entortá-las; três ficaram lesionados, necessitando de atendimento médico. Os demais não conseguiram sair do local e acabaram morrendo, pois havia apenas uma porta para entrar e sair, justamente onde o fogo começou e havia maior concentração de chamas.

As vítimas mortas foram identificadas como: Idemar dos Reis, Sebastião dos Santos, Deive Dea Silva, Adair José Langaro Nascimento, Avelino Timm, Cesas Dutra de Andrade, Gilberto Almeida de Oliveira, Gilberto Soares dos Santos, Luciano Serafim Lemos, Oscar Duranti e Luiz Eduardo Ribeiro. Todas as vítimas morreram carbonizadas.

As identificações de 10 vítimas já foram confirmadas por exame de DNA. Ainda aguardamos a confirmação de uma delas, mas a PC assegurou que ela está na relação divulgada.

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