O novo julgamento do réu Leandro Boldrini começa na manhã de hoje no Foro da Comarca de Três Passos, no Noroeste gaúcho. O júri será transmitido ao vivo pelo canal do TJRS no YouTube. A Juíza de Direito Sucilene Engler Audino presidirá o Tribunal do Júri.
Caso
Bernardo Boldrini tinha 11 anos quando desapareceu, em Três Passos, no dia 04/04/14. Seu corpo foi encontrado dez dias depois, enterrado em uma cova vertical em uma propriedade às margens do rio Mico, na cidade vizinha, Frederico Westphalen.
No mesmo dia, o pai e a madrasta da criança, Graciele Ugulini, foram presos, suspeitos, respectivamente, de serem o mentor intelectual e a executora do crime, com a ajuda da amiga dela, Edelvania Wirganovicz. Dias depois, Evandro Wirganovicz foi preso, suspeito de ser a pessoa que preparou a cova onde o menino foi enterrado.
Acusação
Para o Ministério Público, Leandro foi o mentor intelectual do crime. Conforme a acusação, ele e Graciele não queriam dividir com Bernardo a herança deixada pela mãe dele, Odilaine (falecida em 2010), e o consideravam um estorvo para o novo núcleo familiar. O casal teria oferecido dinheiro para Edelvania ajudar a executar o crime.
Bernardo, não sabendo do plano, aceitou ir, em 04/04/14, até Frederico Westphalen com a madrasta para ser submetido a uma benzedeira. O menino acabou morto por uma superdosagem de Midazolan, medicação de uso controlado. Seu corpo foi enterrado na cova vertical, aberta por Evandro .
Para encobrir o crime, Leandro teria feito um falso registro policial do desparecimento do menino.
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Defesa
No primeiro julgamento, a defesa de Leandro Boldrini sustentou a inocência dele. Afirmou que as acusações foram feitas em cima de conjecturas e de pr ovas falsas, e que a imprensa teria criado a imagem de "monstro" do cirurgião.
Citou o depoimento da madrasta de Bernardo, Graciele, que disse que a morte do menino teria sido acidental, e que Leandro não sabia de nada.
Sobre as alegações de que o médico seria uma pessoa fria, a defesa argumentou que o réu não é uma pessoa emotiva e que foi "criado na ponta do facão". Os Advogados citaram declarações de testemunhas que falaram bem do relacionamento entre pai e filho.
Primeiro júri
Em 2019, Leandro foi condenado a 33 anos e 8 meses de prisão (30 anos e 8 meses por homicídio, 2 anos por ocultação de cadáver e 1 ano por falsidade ideológica).
Também foram condenados: Graciele Ugulini (34 anos e 7 meses de reclusão), Edelvania Wirganovicz (22 anos e 10 meses) e Evandro Wirganovicz (9 anos e 6 meses).