A Polícia Civil, por meio da 1ª Delegacia de Polícia de Gravataí, com o apoio da Brigada Militar, deflagrou, na manhã desta terça-feira (12/7), a Operação Car Wash, que investiga esquema de lavagem de dinheiro gerido por organização criminosa dedicada ao tráfico de drogas. Cerca de 380 policiais (civis e militares) cumpriram 3 mandados de prisão preventiva, 61 mandados de busca em 11 municípios distribuídos pela Região Metropolitana, interior do estado do Rio Grande do Sul e no estado de Santa Catarina; também foram bloqueadas contas bancárias vinculadas a 47 CPF/CNPJ e 5 imóveis.
De acordo com a investigação, conduzida pelo delegado Eduardo Amaral, a lavagem do dinheiro obtido pela prática do tráfico de entorpecentes ocorria com a compra de imóveis, carros de luxo, e compra e venda de veículos, com intenso fluxo de dinheiro entre contas bancárias. Em apenas 12 meses foram movimentados cerca de 17 milhões de reais com o comércio de automóveis operado por empresa de fachada. Ao todo, a Operação Car Wash conta com 124 medidas cautelares (mandados de prisão, mandados de busca e apreensão, mandados de busca e apreensão de veículos, bloqueio de bens e de ativos em contas bancárias), que foram cumpridas nas cidades de Viamão, Garibaldi, Sarandi, Santo Ângelo, Porto Alegre, São Jerônimo, Canoas, Sapucaia, Novo Hamburgo, Estância Velha e Imbituba/SC.
A investigação iniciou em 2022, a partir da troca de informações entre a Brigada Militar e a Polícia Civil. Na ocasião, foi deflagrada a Operação Big Fish, quando parte das lideranças da organização criminosa, que tem base no Vale do Rio dos Sinos, foi presa pela prática dos crimes de tráfico de drogas e de associação ao tráfico. Com o aprofundamento das investigações e com o apoio do setor de inteligência da Brigada Militar foi possível desvelar o esquema desenvolvido para lavar o dinheiro oriundo do tráfico, o que culminou, após 15 meses de investigação, com a deflagração da presente Operação Car Wash.
Segundo o delegado Eduardo Amaral, os lucros obtidos com a venda de drogas eram enviados para contas bancárias de integrantes da organização criminosa ou de seus familiares e investidos na compra de bens móveis e imóveis de luxo, na compra de carregamento de entorpecentes e armas de fogo (para retroalimentar a engrenagem criminosa) e na compra e venda de veículos a partir de uma empresa com sede em Viamão. A investigação identificou que a conta central do esquema era vinculada a uma revenda de automóveis, que recebia valores do tráfico para a compra de veículos (possuindo 180 em seu registro). A empresa transferia com frequência carros para membros ou familiares da facção, fazia pagamentos para a facção (diretamente ou por meio de contas de passagem), fazia pagamentos para advogado da facção, cedia veículos para recolher dinheiro em pontos de tráfico. Ao longo de 12 meses, a empresa transacionou com mais de 50 integrantes da facção e movimentou mais de R$17 milhões.