Um confronto entre grupos rivais na Terra Indígena do Carreteiro, em Água Santa, na quarta-feira (4) mobilizou forças policiais e resultou em dois indígenas feridos. O conflito é motivado pela disputa do cacicado, envolvendo apoiadores do atual cacique e um grupo opositor que não aceita sua liderança.
A situação se agravou quando o 3º Batalhão de Polícia de Choque, em apoio ao Conselho Tutelar, entrou na área indígena para verificar denúncias relacionadas à presença de crianças em situação de risco. Aproveitando a presença policial, o grupo pró-cacique tentou expulsar os oponentes e remover seus móveis, o que levou a um acirramento do conflito. Houve troca de agressões, incluindo o uso de armas de fogo.
Tensão
Diante da tensão, a tropa de choque foi obrigada a intervir com o uso de agentes químicos para dispersar os grupos. Disparos de armas de fogo vindos do mato e rojões lançados na direção das casas próximas à estrada contribuíram para a agitação da comunidade.
Dois indígenas feridos por disparos foram encaminhados ao Hospital de Tapejara para atendimento médico. A Brigada Militar permanece na área, atuando para preservar a ordem e garantir a segurança dos moradores da aldeia.
Reunião
Uma reunião entre as lideranças indígenas, FUNAI, e órgãos de segurança aconteceu nessa quinta-feira (5), com o objetivo de apaziguar os ânimos e encerrar os atos de violência. No encontro, as lideranças indígenas se comprometeram em não se envolver em atos de violência. Além disso, também não haverá mais tentativa de expulsão de famílias envolvidas nos conflitos, independente se forem do grupo de apoio, ou de oposição ao cacique.
A Funai também deverá agendar, com brevidade, uma nova reuniãocom a presença do Ministério Público Federal, para discutir as ações futuras. Além disso, haverá uma reunião futura com o grupo opositor ao atual cacique da Terra Indígena, e a avaliação da transferência de membros deste grupo de oposição para outro local, desde que seja de forma pacífica.
Na tarde de hoje (5), o comando do 3º Batalhão de Choque, confirmou que a situação estava tranquila no local, mesmo assim, a Terra Indígena seguirá sendo monitorada de forma preventiva.
Violência na TI
A escalada de violência na Terra indígena ficou mais intensa depois da renúncia, em outubro de 2019, do cacique que exerceu a liderança por aproximadamente 15 anos.
A partir disso, instalou-se uma disputa pelo cacicado, na qual dois grupos antagônicos que almejavam o posto entraram em conflito. Desde que os confrontos iniciaram já aconteceram a expulsão de famílias da Terra Indígena, além da prática de crimes, como tentativas de homicídio, lesões corporais, incêndio de casas, ameaças, disparos de armas de fogo, entre outros.