Passo Fundo perdeu votos para candidatos de fora

Pulverização de votos reduziu as chances de ampliar a representatividade de Passo Fundo na Câmara dos Deputados. Mais de 200 candidatos de fora do município receberam 43 mil votos de passo-fundenses

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Daniela Wiethölter/ON

O grande número de votos em candidatos de outras regiões nestas eleições acabou reduzindo as chances de que Passo Fundo pudesse ter no mínimo mais um representante na Câmara de Deputados. Somente Beto Albuquerque (PSB) se elegeu angariando o voto de mais de 45 mil eleitores e 200 mil em todo o Estado. Juliano Roso (PC do B) e Patric Cavalcanti (DEM) não conseguiram o suficiente para conquistar as vagas.

Em Passo Fundo, o número de votos em candidatos de fora aumentou cerca de 30% nestas eleições. Em 2006, 272 candidatos de outras cidades obtiveram aqui 33.399 votos. Em 2010, 212 candidatos receberam mais de 43.050 votos na cidade. Segundo o cientista político Mauro Gaglietti, estes números indicam que os eleitores de Passo Fundo votaram em candidatos de partidos diferentes e de domicílios eleitorais muito distantes do nosso.

Nestas eleições, todos os candidatos eleitos para a Câmara receberam votos de Passo Fundo. Entre os mais votados, candidatos como Marco Maia (PT), de Canoas, Giovani Cherini (PDT), de Soledade, Manuela D´Avila (PC do B), de Porto Alegre, e Danrlei de Deus Goleiro (PTB), também da capital. Todos foram eleitos a Deputado Federal e receberam, respectivamente, 4.255, 3.232, 2.246 e 1.743 votos de eleitores de Passo Fundo. Além destes, outros 25 candidatos de fora tiveram eleitores passo-fundenses.

Representando o município, três candidatos disputaram uma vaga na Câmara e somente Beto Albuquerque foi eleito para o quarto mandato. Juliano Roso fez 11.531 votos no total, sendo 8.252 votos em Passo Fundo, e ficou na terceira suplência pela coligação (PC do B, PR e PSB). Segundo Roso, seriam necessários pouco mais de seis mil votos para ultrapassar os 17.802 votos obtidos pelo candidato Luis Noé (PSB), que ficou como primeiro suplente à vaga. Vicente Selistre (PSB), segundo suplente, conquistou 14.941 eleitores. Para Roso, esta diferença poderia ter sido resolvida com um trabalho de conscientização. "Faltou explicar para o eleitor a importância de eleger mais candidatos locais", afirmou.

No caso do democrata Patric Cavalcanti (DEM/PTB), seriam necessários mais votos, mas que, com o potencial do município, poderia significar uma chance maior para aumentar a bancada passo-fundense em Brasília. O candidato fez 9.401 votos no total, sendo 8.205 no município, mas à sua frente ficaram três candidatos da coligação na lista de suplentes. Para Cavalcanti, este aumento preocupa. "O passo-fundense precisava ser mais bairrista, pensar que eleger um deputado daqui pode render em mais melhorias para a cidade", afirmou.

Voto distrital

A explicação para este fenômeno, segundo o historiador Antonio Kurtz Amantino, é o sistema de votos proporcional, onde há uma divisão de votos entre partidos e vagas e permite que o eleitor escolha quem quiser independentemente da região por onde se candidatou. Para Amantino, o voto distrital é uma solução institucional para acabar com a pulverização. "Este sistema faz com que nenhuma região fique sem representação no Legislativo", explicou. O sistema existe na Alemanha desde 1945 na forma mista e simples nos Estados Unidos, Inglaterra e França.

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