Os candidatos à Presidência da República Dilma Rousseff (PT) e José Serra (PSDB) disseram, em São Paulo, que respeitam a decisão tomada pelo PV de se manter neutro no segundo turno. Serra e Dilma falaram após o debate realizado pela Rede TV e pelo jornal Folha de S.Paulo. “Eu respeito a decisão dos partidos. Sobretudo é fundamental que a gente respeite as posições políticas porque senão não vivemos numa democracia, mas sim numa ditadura”, afirmou Dilma Rousseff.
Serra também falou que respeita o que foi decidido pelo PV, embora não tenha visto a decisão. “Respeito a decisão de qualquer partido sobre o rumo que ele deve tomar. Sempre respeitei. Cada partido tem a sua identidade e é meio constrangedor a gente ficar metendo o bico”, disse.
Pró-Serra
Parte das lideranças do Partido Verde (PV) formalizaram ontem, em São Paulo, apoio a candidatura de José Serra, do PSDB, a presidência da República. Entre as lideranças estão o candidato derrotado ao governo do estado do Rio de Janeiro, Fernando Gabeira e do terceiro colocado na eleição ao governo de São Paulo, Fábio Feldmann. O apoio dos membros do PV ao candidato tucano foi pessoal, já que o partido declarou ontem que teria postura de neutralidade em relação ao segundo turno da eleição presidencial.
Ex-membro do PSDB, Feldmann destacou características de Serra que o aproximam das causas do PV. “Trabalhamos juntos na Assembléia Nacional Constituinte. E quem trabalha e convive com o Serra, sabe que o Serra é um homem obstinado pelo bem. O candidato Serra desde a Constituinte apoiou a inclusão de um capítulo sobre meio ambiente, que ainda hoje é considerado, depois de 20 anos, uma referência no mundo”.
Gabeira fez um breve discurso e exaltou alguns pontos do programa de governo de Serra. “Uma das coisas que mais me fascinam na proposta do Serra é dizer que ele quer um governo de unidade nacional. Numa eleição tão raivosa como essa, a proposta de um governo de unidade nacional é um coisa que soa como um elixir”. Serra comemorou o apoio. “Não tem uma conotação somente eleitoral, embora a questão eleitoral seja muito importante. Mas tem uma conotação programática, é a aliança pelo desenvolvimento sustentável no Brasil. Na minha vida pública dei exemplos marcantes de atuação nesse sentido, e com o Partido Verde nós temos muito o que aprender e muita energia para trazer para esta causa”, em discurso no edifício que foi usado como sede de campanha do candidato Fábio Feldmann.
Pró-Dilma
O presidente do PV no Paraná, Antonio Jorge Melo Viana, declarou voto para Dilma Rousseff, presidenciável do PT, apesar da decisão de neutralidade no segundo turno que foi tirada na convenção nacional do PV no domingo. Aliado do PT e do PMDB, partidos que formam a base da coligação de Dilma no Estado, Viana disse que baseou sua decisão na coerência.
"Temos uma história de luta de 24 anos e sempre em uma posição de esquerda. O PV do Paraná nunca se aliou ao PFL ou ao PSDB. Entre o projeto do governo atual e o projeto neoliberal anterior, ficamos com o atual. Se alguém me apontar um brasileiro que esteja vivendo em piores condições do que há 8 anos, talvez eu mude de opinião", justifica Melo Viana, que foi secretário do governo de Roberto Requião (PMDB) no Paraná.
Enquanto o presidente do PV no Paraná anunciou o voto em Dilma, Paulo Salamuni, ex-candidato do partido ao governo do Estado se declarou neutro no processo. Salamuni, que obteve 1,4% dos votos na eleição estadual, disse que coerente é não apoiar nenhum dos candidatos. "Minha posição acompanha a da Marina (Silva). Fizemos uma belíssima votação e o partido já fala em um projeto para 2014. Então, não teria sentido abraçar essa ou aquela candidatura. Seria como negar oficialmente que havia uma alternativa, uma terceira via, uma outra proposta", defendeu.