PMDB busca reestruturação

Depois de reduzir o número de deputados na Assembléia Legislativa e o de representantes gaúchos na Câmara de Deputados, além de não eleger o governador e Senador, o partido busca colocar a casa em dia

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Natália Fávero/ON

O desempenho do PMDB na eleição de 3 de outubro não condiz com o tamanho do partido, que reduziu sua bancada na Assembléia e perdeu uma cadeira entre os representantes gaúchos na Câmara dos Deputados. Além disso, o partido não conseguiu eleger José Fogaça para governador e nem Rigotto para Senador. Filiados do partido atribuem esses fatores a falta de um candidato à presidência da República e a divisão interna.

Atualmente, a maior bancada da Câmara dos Deputados é do PMDB, com 90 deputados e em seguida o PT, com 79. Mas a partir do próximo ano o cenário se inverte. O PT superou o número de parlamentares.  Serão 88 petistas e 79 peemedebistas. Em 2006 havia cinco deputados federais do PMDB representando o Rio Grande do Sul. Nessas eleições, o partido perdeu uma cadeira.

Na Assembleia Legislativa esses dois partidos são no momento as duas maiores bancadas. O PMDB e o PT têm 10 deputados estaduais, respectivamente. Nesta ano, os peemedebistas elegeram dois deputados a menos, enquanto que o PT elegeu mais quatro deputados, passando de 10 para 14 deputados.

O partido também não obteve êxito nas eleições para governador do Rio Grande do Sul e para Senador. José Fogaça foi o segundo mais votado com 1.554.836 votos (24,74%), perdendo para Tarso Genro, do PT, ainda no primeiro turno. O candidato Germano Rigotto também não conseguiu vencer Ana Amélia Lemos (PP) que concorreu pela primeira vez e ficou com a segunda vaga, depois de Paulo Paim, do PT.

Assembleia Legislativa    2006    2010
Deputados Estaduais PMDB    10    8


Câmara dos Deputados    2006    2010
Deputados Federais PMDB    5    4
    
“O PMDB precisa voltar às origens”

O vereador Paulo Neckle disse que o partido tem que voltar ao antigo MDB porque senão a tendência é reduzir a cada eleição. Atribuiu a má fase a erros estratégicos. “Hoje infelizmente está uma salada de frutas em todo o país. Aqui se coligam com um e em nível nacional com outros. Nacionalmente estamos coligados com o PT e em outros 10 estados somos adversários. Isso deixa o eleitor atordoado”, disse Neckle.

“Partido não pode ficar neutro”
O outro vereador do PMDB, João Pedro Nunes afirmou que o partido na eleição estadual deveria ter tomado posição pró-Dilma ou pró-Serra, porque o eleitor tem uma sequência de votos e outros partidos teriam se beneficiado disso. “Uma dos motivos que levou o partido a perder foi porque ficou na neutralidade”, avaliou Nunes. Para ele, na política, nenhum partido pode ficar neutro, deve se posicionar.

“Avalanche petista”
Na opinião do deputado estadual reeleito, Gilberto Capoani, o bom desempenho da chapa majoritária aliada à imagem do Lula contribuiu para que as pessoas votassem mais em candidatos petistas. O PMDB é considerado um dos maiores partidos do país e não teve um candidato próprio para a Presidência da República. O partido preferiu colocar Michel Temer como vice da Dilma. “O PMDB tem o maior número de filiados, governadores, senadores e vai a reboque de outro partido. Isso repercutiu nas urnas”, explicou. Capoani disse que o partido já sofreu situações assim e agora é preciso passar pela reestruturação. “Quando Britto saiu do partido ele levou 50% da bancada gaúcha. Dos 10 deputados ele levou cinco. As pessoas diziam que o PMDB estava acabado. Nas eleições seguintes, o PMDB ganhou a eleição para governo e elegeu 10 deputados”, analisou.

“Ausência de candidato a presidente”
Esse também foi um dos principais motivos citados pelo candidato Caio Rocha que também não conseguiu se eleger para deputado estadual. Outra questão enfatizada por ele foi a divisão do partido. “O fato de um grupo do PMDB apoiar a Dilma e os peemedebistas do RS apoiarem outro candidato por entender que nós temos uma visão distanciada do PMDB nacional distanciou o nosso partido do segundo turno no Estado”, explicou Rocha.
O peemedebista disse que a máquina administrativa nas mãos do PT contribuiu para a situação em que se encontra o PMDB. “O PT está na presidência do país há oito anos, com uma máquina administrativa e financeira nas mãos levou o Tarso a ganhar as eleições no primeiro turno”.

“O PMDB tem que lamber as feridas”
A partir de agora, o PMDB deverá procurar uma solução para equilibrar-se novamente. O presidente da executiva municipal Fernando Scortegagna atribuiu o resultado negativo a estratégias mal sucedidas. Confirmou que a ausência de um candidato à presidência e a divisão do partido levaram o PMDB a essa situação. “O primeiro fato a ser considerado é o maior partido do Brasil ter aberto mão de ser protagonista na disputa presidencial. Isso fragilizou o partido desde o início da campanha”, disse. No cenário nacional o PMDB apoia a Dilma porque o vice dela é do nosso partido, mas no Rio Grande do Sul, a coligação foi entre PMDB e PDT contra o PT. “A coligação PMDB e PDT tinha tudo na teoria para se tornar uma coligação imbatível, mas na prática não atingiu os resultados esperados. Temos que reconhecer as virtudes dos adversários”, disse Scortegagna.

O presidente da executiva municipal disse que o PMDB respeita o resultado das eleições, mas precisam tomar o seu rumo. “Cabe ao PMDB lamber as feridas e tomar o seu caminho. Cada eleição é um aprendizado e a partir de agora vamos trabalhar para reestruturar o partido”. No próximo dia 15 de novembro, a executiva estadual elegerá o seu novo presidente. “O senador Simon se afastou da presidência da executiva e abriu processo de renovação da estrutura partidária. Temos ótimos nomes e políticos experientes. Sempre vamos buscar ocupar o nosso espaço político”, falou.

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