Fernanda Bruni/ON
A Secretaria Municipal de Transporte e Serviços Gerais (STSG) apresentou na audiência pública de ontem, uma nova possível tarifa. A proposta é que seja de R$ 2,30. O cálculo desse valor foi feito pela engenheira civil da secretaria, Gislaine Mello Alves, que considerou o Índice de Passageiros Equivalentes por Quilômetro (IPKe) onde é calculado o número de passageiros dividido pelo número de quilômetros rodados, ambos numa média mensal.
No caso de Passo Fundo, a quantidade de passageiros é de 1.517.566 e a quilometragem é 837.395,99 mês. Com base nesses números, o IPKe alcançado pela secretaria é de 1,81. Este mesmo índice foi apresentado pela Codepas. Já a Transpasso e a Coleurb apresentaram um índice de 1,79, o que teria provocado a diferença do cálculo de valor. Então, há três possibilidades de valores para o transporte coletivo: R$ 2,25 proposto pela Codepas, R$ 2,47 pela Transpasso/Coleurb e R$ 2,30 pela STSG. Os valores ainda serão avaliados pelo prefeito Airton Dipp (PDT) que é quem dá o veredito final.
Entre os coeficientes apresentados pelas empresas para a proposição de aumento estão: preço do combustível, consumo de combustível, vida útil dos pneus, peças e assessórios, despesas com pessoal e despesas administrativas.
A Secretária Municipal de Transporte e Serviços Gerais (STSG), Mariniza dos Santos (PT), disse que receberam as planilhas das três empresas Coleurb, Transpasso e Codepas, mais a planilha da secretaria. “Hoje (ontem) apresentamos oficialmente a nossa proposta de aumento de R$ 2,30. Ouvimos a comunidade, além de discutir aumento de tarifa também falamos sobre o transporte coletivo como um todo. Isso nos permite levantar os coeficientes unitários para que ao final de cada trimestre nós consigamos fazer uma planilha única. Vamos buscar evitar que as empresas apresentem suas planilhas próprias para não haver diferenças e a população saber exatamente por que a passagem aumentou. Sabemos, porém, que as empresas que prestam serviços também têm suas tabelas de custos e não podem trabalhar no prejuízo”, disse.
O vereador Juliano Roso (PC do B), presidente da Comissão de Educação e Bem Estar Social (Cebes) da Câmara de Vereadores, disse que antes de mais nada é preciso que as empresas tenham licitação para trabalhar. “É ilegal e imoral solicitar aumento enquanto essa situação da concessão das empresas está sub judice de uma concessão feita no canetaço no mandato do ex prefeito Osvaldo Gomes. Por isso fiz uma moção contra o aumento, assinada pela grande maioria dos vereadores e que será entregue ao prefeito Dipp. O valor do aumento não importa, o que importa é a situação de não haver a licitação. Houve uma renovação do transporte coletivo por 15 anos e isso é ilegal. Por isso, não há legitimidade porque as empresas estão ilegais em Passo Fundo”, comentou.
Saul Spinelli, Diretor da Codepas, acredita que esse tipo de audiência deve ser permanente. “Não podemos discutir o transporte coletivo somente quando se fala no aumento da tarifa. Um coisa que quero saber é quando é que vai ser dada preferência para o transporte coletivo no nosso trânsito. Com o aumento da frota, o nosso tempo no trânsito é ainda maior. Um trecho que levávamos de 3 a 4 minutos para fazer, hoje fazemos em 20 nos horários de pico. A bilhetagem eletrônica e integrada também é imprescindível que tenhamos. A passagem integrada valoriza o cidadão e estimula o maior uso do transporte coletivo. Um transporte mais ágil, mais moderno e mais barato deixa a população com mais vontade de usar. É possível sim fazer um transporte de qualidade, não tão oneroso para a população”, destacou.
Sobre o aumento de tarifa da Codepas ter sido o menor proposto, Saul disse que fica abismado quando se discute planilhas citando como exemplo a Codepas pagar por litro de óleo diesel R$1,75 e as outras R$ 1,90. “Esse é um problema delas, não é meu e nem da população. Sei das dificuldades que todas as empresas têm em termos de estrutura, mas quem tem que pagar isso não é a população”, pontuou.
Antônio Carlos Antunes, presidente do Diretório Central de Estudantes, da Universidade de Passo Fundo (DCE/UPF) destacou a mobilização dos estudantes. “Somos contra esse aumento, o momento não á oportuno. Mobilizamos os estudantes, contratamos oito ônibus, carregamos mais de 1.500 alunos até a universidade, sem custo, para tentar sensibilizar o poder público que a comunidade como um todo já está pagando muito caro pelo transporte. Não foi um ato isolado, hoje (ontem) era para acontecer novamente só que por causa da forte chuva não fizemos, e porque a empresa que fez da outra vez e sentiu hostilizada. Mas, estamos mobilizados, movimentando nossos líderes para poder atingir o nosso objetivo que é contrário ao aumento”, apontou.
Manifestação
Alunos de escolas públicas fizeram durante a manhã de ontem um protesto contra o possível aumento da passagem de ônibus. Eles saíram em passeata da Praça da Mãe até a prefeitura onde conversaram com vereadores.
Sindiurb
Um grupo de trabalhadores da Coleurb procurou o Sindicato dos Trabalhadores dos Coletivos Urbanos (Sindiurb), através do vice-presidente Miguel Valdir dos Santos Silva, para pedir que concorde em assinar a proposta em cima do que foi definido na assembléia da empresa de terça-feira, para o índice de reajuste de 7,47%, manutenção da cesta básica e possibilidade de implantação de um plano de saúde, a ser encaminhado no próximo acordo coletivo que havia sido proposto pela empresa. “Nós só pedimos a eles um prazo até amanhã (hoje) para dar uma resposta porque queremos ouvir mais algumas opiniões. Em momento algum nós atrapalhamos as negociações e ficamos muito satisfeitos de os trabalhadores terem nos procurado. Isso que aconteceu é o que nós gostaríamos que acontecesse sempre, a categoria ter procurado o Sindiurb. O sindicato sempre foi a favor da vontade dos trabalhadores”, disse o vice-presidente.