Fernanda Bruni/ON
O vereador Alberi Grando (PDT), que também é Coordenador Regional de Saúde, advertiu ontem que o crack é, sem dúvida alguma, um problema de saúde pública em Passo Fundo. A afirmação se deu durante seu discurso na sessão plenária de ontem, na Câmara de Vereadores. Ele justificou que isso se deve não só pelo fato de estar dizimando vidas, mas pelo custo que está acarretando ao serviço público de saúde.
Para ilustrar essa afirmativa, Grando mostrou que somente em abril deste ano foram 288 atendimentos no Caps AD – Unidade de Saúde Mental, enquanto houve 14 atendimentos por uso de cocaína, 15 por maconha e 195 por álcool. Somente de janeiro a maio de 2011, o município já gastou R$ 40.728,00 em internações compulsórias determinadas pela justiça. Este número ilustrado em apenas 4 meses e meio é quase o total que foi gasto em todo o ano de 2010 que foi da ordem de R$ 60.584,00 e bem superior a 2009 quando foram pagos pelo município R$ 26.920,00.
Grando destacou ainda que, para se fazer o tratamento contra o crack não existem medicamentos específicos com eficácia garantida. “Tratamos com medicamentos usados para doentes com distúrbios mentais”, destacou. Em um tratamento real são utilizados os seguintes medicamentos: Zyprexa, Dormonid, Valium, Haldol, Amplictil, Fernergan, Depakote e Akineton, ou seja, todas de alta potência psicoativa. Ainda assim, a recaída para o uso do crack chega a 90% dos casos atendidos.
“Nós resolvemos fazer esse chamamento para que a sociedade pense e faça uma reflexão porque me parece que não está se dando a devida importância à questão do crack. O mais preocupante é que não se trata facilmente esse problema. A adesão é muito alta e o tratamento é muito difícil então, o problema se torna cada vez maior”, destacou Grando.
O vereador destacou que as pessoas em sua busca desenfreada do prazer não têm limites. “Hoje, a maioria dos pequenos delitos que acontecem em Passo Fundo, é em busca de recursos para ir atrás dessa droga que é barata. Por isso conclamamos a sociedade para fazer essa reflexão para mostrar que não se deve tratar essa doença como uma doença comum, ela é uma doença crônica e difícil de ser controlada. Também quero chamar a atenção dos nossos políticos e legisladores para criarmos leis que permitam ao Executivo a executar políticas públicas sérias e não eleitoreiras com o objetivo real de coibir a propagação da droga. A ideia é que façamos um trabalho preventivo, envolvendo a escola, a segurança, a família, enfim, é um trabalho muito complexo e eu não sei se a sociedade está preparada para fazer esse tipo de prevenção”, finalizou.