Manifestantes ocupam plenário e vereador pede desculpas

Organização via rede social levou cerca de 350 pessoas à Câmara em manifestação contra pronunciamento de vereador que criticou uso de adesivo

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A sessão desta quarta-feira foi palco de uma articulação poucas vezes vista no parlamento passo-fundense. Aproximadamente 350 pessoas lotaram a sessão plenária da Câmara em protesto a fala do vereador Roque Letti (PDT) que criticou a campanha “Passo Fundo Capital dos Buracos”. A maioria dos presentes eram jovens munidos com o adesivo que motivou a polêmica, além de cartazes, narizes de palhaços e apitos. Além da comunidade, o Sindicato dos Comerciários, Sindicato dos Bancários, Correios, partidos políticos e o movimento estudantil também estiveram representados. Ao final das manifestações, o vereador pediu desculpas pela forma como se expressou.

A sessão que iniciou com apenas cinco vereadores e menos de 20 pessoas no público, culminou em um ato com direito a vaias e gritos de protesto que interrompeu por diversas vezes a reunião plenária. Após pedir sem sucesso que não houvesse manifestações dos presentes, o presidente da Casa, vereador Luiz Miguel Scheis, deixou a mesa para negociar com lideranças da movimentação que fosse mantido o silêncio. O regimento interno da Câmara impede qualquer tipo de ação como aplausos ou vaias.

Os presentes exigiram o uso da tribuna para expressar sua insatisfação. Inicialmente negado pela presidência, a solicitação foi levada à votação dos vereadores e o espaço terminou por ser concedido através da suspensão da reunião plenária, como forma de atender ao regimento. O líder estudantil Guido Lucero foi o primeiro a se manifestar. “O transporte de Passo Fundo está abandonado. A cada ano temos aumento de tarifas. Estamos aqui para trazer nosso descontentamento. Os buracos de Passo Fundo nada mais refletem do que àquilo que é esta Casa hoje e o que é a Prefeitura e o descaso que elas tem com a população. Não são os adesivos que envergonham Passo Fundo, o que nos envergonha são os buracos e os nossos governantes”, afirmou o estudante.

Em seguida o representante do Movimento Internacional Anonymous, Douglas Gomes da Silva, subiu à tribuna. Ele destacou o fato da mobilização ter sido organizada com um dia de antecedência através de uma rede social Fecebook. Silva ainda considerou que o descontentamento dos participantes vai além do estado das ruas de Passo Fundo ou da postura do vereador. “O que viemos cobrar hoje não é simplesmente relacionado à situação dos buracos. Nós queremos uma proposta concreta. Queremos um cronograma, um orçamento e algo que resolva o problema. Não adianta só a gente reclamar do asfalto hoje e daqui a dois meses recapearem tudo mas continuarem a saúde, segurança e educação com os mesmo problemas”, refletiu.

O representante do Movimento Internacional Anonymous considerou que “no caso do vereador Roque um pedido de desculpas seria mais do que muito bem feito”. Antes de encerrar sua fala, Silva sugeriu: “nestes 17 segundos eu pediria que vocês permanecessem em silêncio que era o que o nosso vereador deveria ter feito, ao invés de falar aquilo”.
Completando a participação da comunidade, Marvin Borges, levou sua insatisfação aos vereadores. “Não queremos mais decisões baseadas em política, mas sim no bem para a sociedade. Uma coisa que posso afirmar para o senhor vereador Roque Letti, é que houve um ponto positivo que é tudo isso aqui. É as pessoas terem vindo e se manifestarem, saírem de casa para vir mostrar sua indignação. Nós queremos simplesmente resultado, estamos cansados de promessas e palavras”, registrou.

Terminado o espaços aberto para a manifestação, a sessão foi retomada e Letti solicitou o uso dos dez minutos da bancada do PDT na tribuna mas não conseguiu concluir sua fala. “Que bom ver todo este pessoal, que bom ter lido todas as manifestações contra a minha pessoa no Fecebook e no Twitter. Eu li e não respondi uma sequer porque eu respeito a manifestação dos senhores. Reconheço que possa...”, disse em meio a vaias e palavras de protesto. O vereador ainda tentou prosseguir e falou que admira as pessoas que tiveram coragem de postar comentários nas redes sociais. “A minha fala (no YouTube) teve mais de 15 mil acessos. Quer dizer, para alguma coisa serviu, pelo menos o povo...”. Desta vez as manifestações impediram que Letti terminasse seu pronunciamento. Ele acabou deixando a tribuna sob o coro dos manifestantes que já estavam de costas durante sua fala e começaram a deixar o plenário. “Não, não! Não nos representam, não!” e “Pastel Noel que papelão desrespeitando o cidadão”, foram as palavras entoadas.

Apenas próximo ao final da sessão, quando a grande maioria dos manifestantes havia ido embora, Roque Letti conseguiu fazer uso da palavra novamente. Emocionado, o vereador agradeceu ao apoio da filha que lhe enviou uma mensagem de encorajamento e pediu desculpas publicamente pela forma como se expressou.

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