Aproximadamente 150 pessoas compareceram a audiência pública para o debate sobre o aumento de passagens nos coletivos urbanos de Passo Fundo. Além dos membros do Conselho Municipal dos Transportes, fizeram parte da mesa que presidiu a sessão a secretária Mariniza dos Santos e o diretor-presidente da Codepas, Saul Spinelli. O responsável pela empresa pública foi o único representante entre as três concessionárias que operam na cidade a se fazer presente, Coleurb e Transpasso se isentaram da participação. Antes do início da planária, em frente à Câmara de Vereadores, o Comitê das Lutas Sociais realizou uma manifestação contrária ao aumento, com faixas, cartazes e palavras de ordem. Os participantes que antecipavam o descontentamento eram a maioria dos presentes, representada especialmente pela classe estudantil, membros de sindicato e militantes partidários.
Iniciando as colocações a presidente do Diretório Central de Estudantes da Bibiana Sanches, afirmou rechaçar qualquer índice de reajuste. “Nos posicionamos contrários no Conselho de Transportes porque consideramos que é preciso discutir a qualidade do transporte e a licitação para a concessão”. O diretor-presidente da Codepas considerou a ausência das demais concessionária na discussão como um descumprimento de suas obrigações com os usuários. Spinelli também afirmou que questões relacionadas à interposição de linhas, ar-condicionado nos veículos, abrigos nas paradas de ônibus, pista livre, bilhetagem com passagem integrada precisam ser discutidas publicamente. “Hoje um ônibus leva aproximadamente 20 minutos para ir da Praça Tochetto à escola Notre Dame. Isso causa um estresse aos funcionários que não conseguem cumprir horário, nem trabalhadores, nem para estudantes”, avaliou o dirigente da Codepas. “É importante dizer que temos alguns pontos que nos levam a prejuízo no transporte em certos meses, devido a uma concorrência predatória, com uma concessão que foi feita há 50 anos”, afirmou em referência ao contrato estabelecido com a Coleurb, que está é alvo de questionamento judicial.
A Codepas apontou como resultado da planilha de custos o valor de R$ 2,40 para o reajuste. Foi a menor tarifa proposta inclusive em comparação ao preço apontado pelo Conselho Municipal de Trânsito, que levando em consideração as planilhas de custos apresentadas, chegou ao preço de R$ 2,44. As empresas privadas apresentaram as propostas R$ 2,61 – Coleurb – e R$ 2,91 – Transpasso.
O maior clamor das manifestações do público foi referente à realização de licitação para o transporte na cidade, além dos valores requeridos terem sido considerados exorbitantes. O líder estudantil, Eduardo Pelicioli, considerou que a comunidade tem sido estimulada a se locomover de carro e motocicleta devido ao valor exorbitante do transporte público. Já o líder sindical, Cassio Menezes, apresentou como reivindicação a publicização do lucro auferido pelas concessionárias, além de cobrar a participação de empresas privadas no debate. “A questão do trânsito também é fundamental ser discutida. Há alguns anos atrás quando entrei na faculdade levava 20 minutos para percorrer de uma ponta a da outra a avenida. Hoje o cidadão leva 45 minutos para atravessar a cidade”, observou.
“É uma imoralidade discutir aumento de passagens, quando está se discutindo na Justiça a licitação para as empresas”, afirmou o vereador Juliano Roso (PCdoB) que também se fez presente. Entre os parlamentares municipais, além de Roso, apenas Rui Lorenzato (PT) esteve na audiência. O comunista cobrou um novo marco regulatório baseado na participação da comunidade, especialmente trabalhadores, estudantes e terceira idade, com licitação pública e clara.
Os valores apresentados pelas empresas nas planilhas também foi posta em dúvida. De acordo com participantes que se manifestaram este ano os gastos teriam reduzido significativamente em relação ao apresentado no período anterior. O preço do combustível, assim como o custo dos pneus e remuneração das diretorias seria menor, enquanto o número de passageiros foi ampliado. Ainda foi questionada a incongruência entre o aumento da frota e a redução de quilômetros rodados nas planilhas.
As considerações serão levadas até o prefeito Airton Dipp que decidira sobre a concessão do reajuste ou não e eventuais valores.