Mato Castelhano está entre as 35 cidades do Estado que possuem eleitorado maior do que a população local indicada pelo último Censo, realizado em 2011. Enquanto o Tribunal Regional Eleitoral (TER) indica um número de 2.641 eleitores, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) aponta um número de 2.472 habitantes. Destes aproximadamente 2 mil estão em idade eleitoral, considerando desde os 15 anos até 70, ou mais.
De acordo com a promotora eleitoral Ana Cristina Ferrareze Cirne, a Polícia Federal está investigando alguns municípios, devido diferença entre eleitorado e população verificada. Porém, até o momento o Ministério Público não possui inquérito sobre o caso. “Isso pode acontecer porque há um problema de recadastramento de eleitores. Quando algumas pessoas vão embora e deixam o título em determinadas cidades, por diversas questões, pode haver depois crime de aliciamento, com transporte, vantagens”, comenta a promotora. Por outro lado, ela também considera o êxodo de jovens que migram em busca de estudo ou outras oportunidades em cidades de maior porte, como Passo Fundo. “Até acredito que haja fraude, mas não é em todas as situações. Por isso, é preciso analisar caso a caso”, poderá.
De acordo com a chefe da 128ª Zona Eleitoral, Cristina Bohrer é comum em pequenos municípios que o domicílio eleitoral não seja o mesmo domicílio civil. Isso significa dizer que uma pessoa pode manter o registro de eleitor em uma cidade, mas residir, em virtude de trabalho ou estudo, por exemplo, em outra cidade. E havendo duas residências é possível optar sobre onde votar.
A princípio, não existe indício de fraude no universo do eleitorado de Mato Castelhano, mas algumas situações pontuais foram colocadas em suspeição, assim como casos verificados em outros dois municípios. “Em maio, na época de fechamento de cadastro foi feita a indicação para a verificação de domicílios em Ernestina, Passo Fundo e Mato Castelhano. O cartório abriu expediente para que a Polícia Federal fizesse a verificação, mas ainda não recebemos o retorno sobre estas situações”, relatou Cristina. Quando se considera que o eleitorado está muito acima do normal, o Tribunal recomenda uma revisão.