O advogado José Luiz Oliveira Lima, defensor do ex-ministro-chefe da Casa Civil José Dirceu, disse hoje (2) que nenhum dos 500 depoimentos colhidos ao longo do processo do mensalão confirma as acusações do então deputado federal Roberto Jefferson, presidente nacional do PTB, ou as teses da denúncia do Ministério Público.
“Todas as provas que foram feitas durante o contraditório, com a moderação do magistrado e presença do Ministério Público, levam a um único veredito, no meu entendimento: a absolvição de Dirceu”, disse Lima.
Tanto Dirceu quanto o ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares estão acompanhando o julgamento, que começou nesta quinta-feira, no Supremo Tribunal Federal (STF), de São Paulo. Para o advogado de Delúbio, Arnaldo Malheiros Filho, tanto seu cliente quanto José Dirceu não faziam parte de nenhuma quadrilha. “Eles se associaram em torno de um sonho, um projeto de poder, e isso não é quadrilha”.
Malheiros disse que Delúbio sempre assumiu dar dinheiro para custear despesas de campanha e que essa doação não era para comprar apoio no Congresso Nacional. “Isso [comprar apoio] é coisa que não é feita com dinheiro, mas com a partilha de poder”, observou. Para o advogado, não é possível supor o que o tribunal decidirá sobre o desmembramento do processo, possibilidade em análise devido à questão de ordem apresentada pelo advogado Márcio Thomaz Bastos, que defende o ex-dirigente do Banco Rural José Roberto Salgado. “Tem muitas questões técnicas envolvidas e isso pode gerar um debate entre os ministros. Não sei dizer qual será o desfecho.”
Thomaz Bastos defendeu que apenas três dos 38 réus do processo do mensalão têm prerrogativa de serem julgados pelo STF.
O presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Ophir Cavalcanti, acredita que a decisão do caso não sairá na data prevista pelo STF, em 30 de agosto. “Quero crer que o julgamento terá incidentes e, certamente, vai frustrar expectativas da sua realização dentro do cronograma.”
Cavalcanti também criticou a demora no julgamento do processo pelo STF. “É inconcebível que se demore tanto para julgar um processo dessa natureza, embora tenha uma peculiaridade de muitos réus. Entretanto, o que a sociedade quer é o julgamento desse processo. São sete anos de processo, que já é julgado há cinco anos. É um espaço de tempo muito grande para se combater a impunidade neste país.”
Agência Brasil