PSOL prioriza apresentação de ideias

O partido prioriza conduta crítica e aposta na criatividade durante a campanha e na elaboração de propostas para o município

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“Nossa prioridade não é ganhar, mas conscientizar a sociedade que não se pode ter um trânsito assim, uma educação assim; que Passo Fundo não pode ser a nona pior cidade, conforme o Tribunal de Contas do Estado, no atendimento à saúde. Essa é a nossa preocupação, queremos lançar novas ideias”, resumiu o candidato a prefeito do PSOL, Marcelo Zeni. Assumindo a improbabilidade de uma vitória o partido aproveita a liberdade para externar uma conduta crítica ao que acreditam ser o modelo perpetuado pelas grandes legendas, com seus cabos eleitorais pagos, promessas de cargos e acordos de conveniência. “Existe dinheiro para a campanha, mas não existe para o governo”, censura sobre os gastos estimados por outros candidatos.

Mesmo com um limite de gastos para a campanha a prefeito limitado a R$ 50 mil, o partido não lamenta o orçamento reduzido. “A gente entende que não se pode gastar tanto dinheiro, não se faz política desta maneira em nenhum lugar do mundo. O Brasil é o país em que se gasta fortunas em campanhas eleitorais e nós mesmo que tivéssemos esta possibilidade não usaríamos porque entendemos que política não se faz assim”, afirma o candidato a prefeito. O PSOL não aceita doações de empresas e a receita para as despesas de campanha é proveniente dos próprios candidatos e filiados. “A gente espera conseguir arrecadações durante a campanha, mas de pessoas físicas”, assegura.

O PSOL consegue reduzir gastos com uma campanha baseada na atuação de membros do partido. “A gente dribla essa questão (financeira) com a colaboração espontânea dos militantes”, conta Zeni. Ajuda que vem inclusive de fora do município e até do estado. Foi um militante do Rio de Janeiro que contribuiu com a elaboração das artes para os panfletos e adesivos. Já o gasto que representa maior impacto no custo de campanha foi neutralizado com a colaboração do diretório estadual, que usou o fundo partidário para aparelhar a estrutura para produção audiovisual que o PSOL montou em Porto Alegre. É lá que Marcelo Zeni e os demais candidatos já começaram a gravar os programas de televisão para a propaganda eleitoral.

Como todas as doações mesmo em serviços precisam ser informadas à Justiça Eleitoral, as colaborações da militância são englobadas dentro dos R$ 50 mil estimados como teto, de forma que a expectativa com gastos em dinheiro é muito menor. “A gente não estima gastar nem mais R$ 5 mil, botamos esse valor (de R$ 50 mil) justamente contando com uma eventual contribuição; fazendo uma rifa a R$ 50,00, por exemplo. Mais do que isso não temos perspectiva nenhuma”, declara Zeni. A fabricação de mais adesivos e panfletos são os únicos gastos que o partido tem em vista, além dos já realizados. Sem cabos eleitorais pagos, no dia-a-dia de campanha os candidatos da sigla conseguem contar com dez correligionários militantes.

Zeni e a candidata a vice-prefeita, Rosane Gomes, são funcionários públicos, portanto gozam do licenciamento de suas funções durante o período eleitoral e tem dedicação exclusiva à campanha. O candidato a vereador Cássio Menezes tem o mesmo benefício, porém os outros dois candidatos precisam administrar o desempenho de suas atividades profissionais com a busca de votos. José Carlos Ferreira dos Santos, o Baiano, trabalha em um bar e Gisele Sana Rebelato é bióloga.

Internet aliada

“A gente está acreditando que como em outros países a mobilização social foi através da internet esta também possa ser a nossa melhor alternativa para uma eventual vitória. Já que as coisas têm repercutido muito bem para nós dentro das redes sociais”, aposta o candidato a prefeito. Ele avalia que importantes movimentos mundiais se deram através das redes sociais, a exemplo da Primavera Árabe, da onda de protestos ocorridos na Europa e também na eleição do presidente norte-americano Barack Obama. Porém, mesmo otimista com o uso da rede, ele admite que também existe a preocupação em ser cauteloso e encontrar a medida certa no uso das ferramentas disponíveis. Por isso o partido adotou uma ação moderada e paulatina na rede, com a intenção de apresentar as propostas aos poucos e deixando para intensificar o diálogo virtual com o eleitor no período mais próximo ao pleito. “Não pode ser demasiado porque a sociedade brasileira tem um preconceito muito grande com a política então a gente precisa ter a sensibilidade de conscientizar, mas sem passar dos limites”, avalia Zeni.

Aposta em ideias alternativas

A estratégia do PSOL é mostrar-se diferente dos grandes partidos que tradicionalmente se alternam no poder. E para transmitir esta ideia ao eleitor o partido aposta em ações alternativas que vão desde o uso do papel reciclado para o material de divulgação até propostas menos usuais de campanha, como a construção de uma grande biblioteca pública sobre situada a Avenida Brasil. Mesmo elevando o custo da confecção de panfletos, o partido priorizou o uso do papel reciclado. “Acho que somos a única candidatura a ter esta preocupação, já desde a outra eleição. Apesar de não ter dinheiro a gente está preocupado em usar o papel reciclado, afinal quem não cuida da sua casa, tão pouco terá condições de cuidar da sua cidade”.


Outra ação de campanha menos tradicional adotada foi um ato de doação de sangue no Hemopasso. “Estas ideias diferentes que nós temos são nossa grande aposta, mas que são viáveis também. Não adianta ser diferente, mas inviável”, ponderou. “Nossa preocupação nem tanto é ganhar ou perder eleição, mas sim trazer ideias que possam ser postas em prática por nós ou por outros candidatos, que beneficiam a comunidade independente de quem vença a eleição”, completou.

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