Eleições: propostas para combate às drogas

Grupo que congrega aproximadamente 20 instituições, com forte presença evangélica, convidou os candidatos à prefeitura para falarem como pretendem combater o tema e tratar os dependentes

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Poucas ações concretas para o combate ao uso de drogas e tratamento aos dependentes químicos foram apresentadas durante o encontro realizado na manhã de terça-feira, 25, no plenarinho da Câmara de Vereadores. O evento promovido pela Rede de Assistência a Dependentes Químicos e Familiares, grupo que congrega aproximadamente 20 instituições, a maioria ligada a igrejas evangélicas, convidou os candidatos a prefeito para apresentarem o plano de ações que pretendem adotar em relação ao tema. Os membros da mesa organizadora – composta pelos pastores Selmir Fagundes da Rosa e João Carlos Silveira, os evangelistas Eliseu Hofmann e Julio Rosa e a psicóloga e presidente do Conselho Municipal Antidrogas, Vanessa Ilha – se disseram decepcionados com o exposto durante os 15 minutos concedidas para cada postulante. Participaram os candidatos Bradimir da Silva (PSTU), Marcelo Zeni (PSOL), o vice de Luciano Azevedo, Juliano Roso (PCdoB), e Osvaldo Gomes (PMDB). O candidato Rene Cecconello (PT), embora convidado, não compareceu.

Bradimir (PSTU)
Bradimir da Silva indicou a priorização da educação como principal via de combate à drogadição. “A base social de qualquer sociedade é a educação. Defendemos a educação em tempo integral para que um dos turnos seja de aulas didáticas e outro seja usado para a arte, para o lazer, a prática de esportes”. Sem medo de tocar em um ponto polêmico frente a uma plateia sabidamente conservadora, Bradimir defendeu a legalização do comércio de drogas. “Assim como foi legalizado o tabaco, que comprovadamente é uma das drogas que mais arrasta pessoas aos hospitais e mais leva o ser humano a gastar dinheiro para resolver seu problema depois, com a cura do câncer. Proibir não resolver porque se a proibição resolvesse talvez não tivéssemos mais ninguém usando drogas”. Para o candidato, o caminho seria adotar uma “taxação elevadíssima” e o investir os recursos captados com os impostos da comercialização em campanhas de combate às drogas e educação. Ainda segundo o representante do PSTU, as ações a serem adotadas devem passar pela avaliação dos Conselhos Populares, um órgão deliberativo que seria composto pela comunidade.

Marcelo (PSOL)
Marcelo Zeni usou boa parte do seu espaço para criticar a forma de atuação dos partidos tradicionais e o modelo de gestão por eles adotados. Ele também defendeu a educação como base para solucionar o consumo de drogas. “Entendemos que ela (a dependência química) é uma consequência da falta de perspectiva dos nossos jovens. Temos que dar esta perspectiva a eles proporcionando uma educação de qualidade, quadras de esportes nos bairros e cultura”. Para o candidato do PSOL a dependência química não pode ser tratada como caso de polícia, mas sim encarada com políticas públicas. “Para isso a gente precisa de uma gestão profissional, educação pública de qualidade e uma perspectiva ambiental, tudo o que não existe hoje”. Zeni também defendeu a legalização da maconha, com a reversão de recursos para o combate e tratamento dos usuários.

Juliano (PCdoB)
“Queremos propor e construir um trabalho que valorize e contemple o que é feito pelas comunidades terapêuticas, um trabalho em que a Prefeitura possa conveniar com as comunidades”, apontou Juliano Roso. Para o candidato a vice-prefeito, através de convênio podem viabilizados serviços que atualmente não são oferecidos, como o atendimento médico dentro das próprias comunidades terapêuticas. “Os dependentes chegam para tratamento no pior estado possível e a prefeitura pode criar uma equipe multidisciplinar vinculada ao Caps AD para atender exclusivamente as comunidades. Isso é possível e fácil de ser feito”. Outra proposta foi o estabelecimento de convênio com as casas que oferecem tratamento para que o fornecimento de medicamentos e exames seja feito através do SUS. De acordo com o comunista, sua chapa propõe trabalhar a drogadição a partir de um tripé: prevenção, tratamento e ressocialização. Juliano também prometeu a adoção de programas para a recuperação e ressocialização de detentos. Investimentos no atual Caps AD, a instalação de outra unidade e a criação de um Caps I, destinado à população infantil, além de apresentação de projetos para o Plano Nacional de Combate à Drogadição também foi apontada pelo candidato.

Osvaldo (PMDB)
Após falar sobre o sofrimento que acomete as crianças nas famílias com pessoas dependentes químicas, o ex-prefeito afirmou que “a cura, 99% vem pela fé”. Osvaldo relembrou o Programa Apoiar e Comprometer, criado em sua administração, com auxílio do Tribunal de Cotas do Estado. “Ele era para auxiliar não só quem tivesse problemas de drogas, mas também de alcoolismo, para abranger até 400 pessoas e dar a elas uma ocupação, inclusive aos presidiários”. O candidato falou em ampliar o número de vagas para tratamento de dependentes e do combate através da repressão, além de criticar o abrandamento da legislação. “O grande erro começou quando se deu que a pequena quantidade passou a ser consumo e não tráfico. Se pega uma pequena quantidade, vai daqui até ali vender, volta e pega outra quantidade pequena”. O peemedebista, que se referiu às drogas como “a tentação”, afirmou que a estruturação das famílias é fundamental e destacou a questão religiosa. “Acima de tudo, para mantê-los longe da tentação, eles precisam de fé”.

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