Campanha entra na reta final

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Gerson Lopes/ON

Restando uma semana para as eleições, partidos políticos traçam as últimas estratégias de olho principalmente no voto dos indecisos. Os candidatos a prefeito terão apenas mais dois programas no rádio e na TV (segunda e quarta), para conquistarem essa parcela do eleitorado. O enfrentamento de propostas promete ser mais acirrado nos debates que restam. Nas ruas, a presença da militância será intensa. Somente para este final de semana, serão duas carreatas, além de bandeiraços, comício, caminhadas e ato de filiação. Estrategistas das coligações consideram os próximos dias decisivos. Representantes dos cinco candidatos à majoritária revelaram ao ON a programação e parte do conteúdo que será usado nesta reta final de campanha.

Bradimir da Silva (PSTU)
Evitar a polarização e demonstrar ao eleitor que todos os candidatos a prefeito podem vencer, será o desafio do PSTU, na última semana da campanha. A equipe de coordenação quer evitar o chamado voto útil, onde o eleitor acaba escolhendo o candidato, às vésperas da eleição, considerando apenas os primeiros colocados nas pesquisas. A mobilização se intensifica a partir de hoje à noite (sábado), com um ato político de filiação em frente ao CPERS Sindicato. Coordenador da campanha de Bradimir, Orlando Marcelino da Silva Filho, diz que nos últimos programas de rádio e TV, o partido vai procurar fazer um balanço das propostas apresentadas. “É preciso ficar claro quem defende os trabalhadores e quem defende a classe empresarial” afirmou. A militância pretende fazer concentrações na área central da cidade, com bandeiraços e o corpo a corpo com os eleitores. O partido também reivindica participação em todos os debates marcados para esta semana.

Rene Cecconello (PT)
A programação que abre a última semana de campanha começa neste sábado para a coligação Juntos Podemos Mais, do candidato Rene Cecconello e Cesar Bilibio, com o evento chamado de “comício da vitória”, marcado para às 15h30, em frente à praça da Mãe. No domingo, às 15h, acontece a “carreata da vitória”, com saída prevista do Cais do bairro Petrópolis. Quanto ao conteúdo dos últimos dois programas de rádio e TV, o coordenador da campanha, Marcos Citolin, diz que a coligação fará uma síntese das propostas, além de continuar enfatizando aspectos como geração de renda, empregos, exportação, aumento do PIB, e instalação de grandes indústrias na cidade. “Além disso, vamos manter o foco na capacidade de Cecconello em pilotar essa locomotiva que é nossa cidade”, afirma. Segundo ele, as caminhadas nos bairros serão mantidas ao longo da semana, com a participação da militância dos partidos coligados. A coordenação também destaca a importância dos próximos debates, para que o eleitor indeciso conheça melhor as propostas da coligação.

Luciano Azevedo (PPS)
A coligação Juntos por Passo Fundo, do candidato Luciano Azevedo e Juliano Roso, entra na reta final da campanha com uma carreata, marcada para este domingo, às 14h30. A saída será do Estádio Vermelhão da Serra. Às 17h, acontece um bandeiraço no centro. Coordenador da campanha, Tadeu Karczeski, destaca a importância dos últimos debates na conquista do eleitor indeciso. “Adotamos uma campanha propositiva no início e vamos mantê-la até o final. Estamos mostrando para o eleitorado uma nova alternativa para resolvermos os problemas da cidade” afirma. Segundo ele, a coligação está aproveitando os últimos programas de rádio e TV, para aprofundar algumas destas propostas. Karczescki destacou também, a importância que a militância vem tendo, e terá, na última semana de trabalho. “O cenário está muito parecido. Cada um achando que está na frente. Estamos em um jogo de xadrez, uma peça mal colocada pode mudar o panorama”, comenta.

Marcelo Zeni (PSOL)
O PSOL, do candidato Marcelo Zeni, que tem como vice Rosane Gomes, já gravou todos os programas de rádio e TV, portanto, manterá a linha adotada no início da campanha, focando principalmente em três aspectos: eficiência na gestão; educação, com prioridade para as séries iniciais, fundamental na visão do partido para reduzir índices de violência e drogadição; e meio ambiente, através do desenvolvimento sustentável. A militância segue com as caminhadas nos bairros, área central, e nas portas das fábricas. Coordenador da campanha, Celso Dalberto, também ressalta o fato de que a eleição não está decidida, e que os cinco candidatos estão na disputa com chances de assumir o executivo municipal. “As pesquisas acabam induzido ao chamado voto útil, isso prejudica aos demais candidatos” ressalta. O PSOL pretende aproveitar os últimos debates para reafirmar as propostas. Conforme Dalberto, as redes sociais têm sido uma ferramenta importante para o processo eleitoral.

Osvaldo Gomes (PMDB)
A coligação Passo Fundo Unindo Gerações, dos candidatos Osvaldo Gomes e Rafael Bortoluzzi pretende seguir até o final da campanha com a mesma estratégia nos programas de rádio e TV: apresentando os problemas da cidade e apontando propostas para resolvê-los. A coordenação da campanha disse ter gravados todos os programas, mas ainda não definiu quais serão exibidos. Também pretende realizar pelo menos uma carreata, cuja data ainda não foi definida. As visitas aos estabelecimentos comerciais, e nos bairros da cidade, seguem durante toda a semana. A militância aposta nos últimos debates para convencer o eleitorado.

Cientista político analisa voto dos indecisos
As pesquisas divulgadas recentemente sobre a corrida eleitoral em Passo Fundo apontam que pelo menos 14% (Ibope/Rádio Uirapuru/ Troca-Troca) do eleitorado ainda não definiu em quem votar no dia 7 de outubro. Um índice que pode decidir quem será o prefeito e os próximos vereadores da cidade. Na avaliação do cientista político, doutor em história e professor da IMED, Mauro Gaglietti, os indecisos são, na grande maioria, eleitores sem filiação partidária. Votam, segundo ele, por afinidade pessoal e não por critérios associados à lógica da disputa entre os partidos. Gaglietti também inclui nesse grupo, eleitores decepcionados com a política ou voltados para outras preocupações relacionadas à sua vida diária, como, dívidas e problemas no ambiente de trabalho e familiar. Por último, cita o eleitor que troca o seu voto por vantagens pessoais e familiares.

O professor chama a atenção para o aspecto do voto útil, a partir da divulgação de pesquisas. “Tais sondagens ao serem divulgadas, colaboram, em certa medida, para que o eleitor fique entre dois candidatos para a Prefeitura, o que não ocorre na escolha dos vereadores. Esse comportamento é adotado por eleitores ricos e pobres à medida que se aproxima o dia da eleição, ninguém quer perder. Nesse caso concreto, os eleitores adotam uma relação com a política mediada por suas experiências na arte do jogo, da aposta, ninguém gosta de votar em perdedor” observa.

Sobre os critérios adotados pelos eleitores na hora de escolher seus candidatos, Gaglietti diz que boa tarde deles, não leva em consideração coligações, nem mesmo o partido. “Observa tão somente o carisma do candidato, a tradição na política, as vantagens pessoais, a família do candidato, a experiência anterior nos cargos exercidos, o patrimônio pessoal e a honestidade. O voto muitas vezes, nesse caso, é definido pelo grupo social ao qual o eleitor(a) encontra-se vinculado. Isso quer dizer, que o grupo familiar e o grupo de amigos é mais forte do que a campanha realizada pela TV, rádio, debates públicos e jornais”.

Gaglietti diz ainda, que nesse último caso, a campanha só reforça a decisão já tomada pelo eleitor a partir dos seus eferenciais sociais, culturais, familiares, junto a empresa em que trabalha e vínculos e crenças religiosas. “Assim, o perfil do eleitor, sua escolarização, sua renda, o local de moradia, seus vínculos familiares e econômicos, o sexo, geração, idade pesam na hora dos estrategistas das campanhas pensarem na mensagem e na imagem que seus candidatos devem acentuar”, comenta.

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