Debate com candidatos a prefeito

Candidatos reafirmam propostas da campanha e respondem a questionamentos dos representantes de cinco entidades de classe

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Redação ON

O debate realizado na manhã desta terça-feira pela Rádio Planalto com participação do Grupo O Nacional de Comunicação reuniu os cinco candidatos a prefeito de Passo Fundo que, no próximo domingo, disputarão a preferência dos 136.208 mil eleitores. O debate foi dividido em  cinco blocos, sendo três deles com perguntas entre os candidatos, com sorteio prévio antes de iniciar o programa. Em dois destes blocos, as questões foram definidas pela produção do programa e sorteadas entre os candidatos. Um teve tema livre. O bloco que demandou maior tempo foi o realizado com a participação de entidades de classe do município. Os dirigentes da CDL, Acisa, Sindicatos dos Metalúrgicos e Comerciários e a Uampaf tiveram a oportunidade de questionar os candidatos em torno de suas demandas. Neste bloco, o candidato sorteado para responder a uma entidade teve dois minutos para dar a resposta e os demais, um minuto para também falar sobre o tema.

Nos blocos de perguntas e respostas entre os candidatos, os temas propostos pela produção versaram sobre turismo, infraestrutura, trânsito, sossego público, interior do município, desenvolvimento urbano e empresarial, saúde e educação. Os candidatos reafirmaram as propostas de campanha.  O programa foi mediado pelo radialista e coordenador de jornalista da emissora, João Altair.

A resposta dos candidatos às entidades de classe
O segundo bloco do debate foi dedicado aos questionamentos feitos por dirigentes de entidades empresariais, sindicais, e do movimento comunitário. Abriu a rodada de perguntas a presidente da CDL, Zoila Medeiros. A lojista questionou aos candidatos qual a proposta de incentivo às empresas do comércio local.

Marcelo Zeni (PSOL) – Em Passo Fundo, seja para a indústria e o comércio local, o incentivo não tem sido prioridade e isso vem de muitos governos. Exemplo disso são feiras que chegam à cidade. Elas são um desrespeito ao contribuinte e vamos tomar todas as medidas legais para impedi-las. Não é possível que estas pessoas vendam produtos sem o devido pagamento de tributos. Queremos também desenvolver o comércio e indústria local, incentivando a venda dos produtos fabricados ou industrializados aqui, concedendo redução de tributos para o comércio que priorizar os produtos locais.

Bradimir da Silva (PSTU) – Para incentivar o comércio local precisamos tomar iniciativas que inibam a vinda de multinacionais, como grandes supermercados. A princípio eles dão a ideia de que vão desenvolver a cidade, mas onde essas grandes empresas se instalaram elas baixaram os preços até quebrar os pequenos comerciantes, os mercadinhos de bairro. Depois elevam o valor e praticam o maior preço do estado. Vamos discutir com a comunidade esta lei (que libera os grandes supermercados) e voltar atrás. Precisamos incentivar a pequena floricultura, o minimercado, a padaria e aquelas empresas que vão deixar o dinheiro aqui.

Osvaldo Gomes (PMDB) – As feiras itinerantes são de fato extremamente prejudiciais ao nosso comércio e inclusive ao município, porque não há arrecadação de impostos. A infraestrutura de transito também é importante, percebemos a dificuldade que os clientes têm de chegarem às lojas em função dos problemas de estacionamento. Então há uma sucessão de medidas que devem ser tomadas para facilitar a locomoção das pessoas que compram em nosso comércio e facilitar a logística para as mercadorias.

Luciano Azevedo (PPS) – Como deputado, fui autor da emenda constitucional das feiras itinerantes, que criou regras mais duras, transferindo para os municípios a possibilidade de legislar sobre estes temas. Temos que proteger o comércio local, especialmente o pequeno comerciante para que ele possa desenvolver sua atividade com tranquilidade. Dando a ele segurança, uma rua iluminada, valorizar o setor que tem tradição em Passo Fundo e contribui tanto para o desenvolvimento.

Rene Cecconello (PT) – Com o processo de industrialização da cidade no último período compreendemos que aumentamos a renda média da população contribuindo para ampliar o consumo. Quero me somar à ideia de que temos que impor limites às feiras itinerantes, intensificar a fiscalização municipal, estadual e federal, ver se quem trabalha lá tem carteira assinada, recolhe tributos. Devemos adotar medidas como a implementação do parquímetro, para facilitar o estacionamento, dentre outras sempre com muito diálogo com as entidades.

O presidente da Acisa, Marcos Silva, perguntou se haverá modificação na política de atração de empresas que vem sendo praticada.

Bradimir - Não concordamos com a forma que está sendo feito o incentivo e a geração de empregos dentro da indústria. Precisamos gerar empregos, mas acho que a prioridade tem que ser a indústria do bairro. Não posso concordar que se dê incentivo fiscal e isenção para quem tem um faturamento cinco vezes maior do que a própria prefeitura de Passo Fundo. Quero como prefeito ouvir todas as entidades, mas priorizar as entidades dos trabalhadores, que são aquelas que produzem e constrói a riqueza desta cidade e do país.

Osvaldo – Somos favoráveis ao incentivo para empresas, mas temos que ter regras. Não podemos apenas beneficiar quem vem de fora e esquecermos o pessoal daqui. A indústria em Passo Fundo tem perdido empregos, é diferente do comércio e da prestação de serviços que tem sustentado a geração de emprego dos últimos anos. A pequena indústria está passando por dificuldades, com dificuldades para local de instalação. Temos que pensar no incentivo para todos, os de fora são benvindos, mas temos que pensar nos nossos.

Luciano - Estamos vivendo um período em que a economia cresceu e isso aconteceu em centenas de municípios do país e é positivo. Vamos acelerar a política de atração de investimentos industriais, mas também focar no auxílio aos empreendedores que já estão aqui, oferecendo infraestrutura logística, incentivos, qualificação da mão de obra. As portas das cidades estarão abertas para os investimentos que vierem de fora e serão buscados por nós.

Cecconello – Vamos continuar com a política que viemos implantando nestes oito anos do governo Dipp. Mais de 80% das empresas do setor industrial e de logística que receberam incentivos da prefeitura são empresas de Passo Fundo, que queriam crescer, produzir mais e gerar emprego. Vamos continuar fortalecendo as empresas locais, mas evidentemente trazer mais indústrias de áreas que ainda não temos aqui, como é o caso das que vieram, para gerar mais cadeias produtivas.

Marcelo – Temos que olhar a ingenuidade da população que acredita nesta política. Passo Fundo em oito anos trouxe cinco empresas para Passo Fundo, ou seja, trouxe muito pouco. E mais: tentou trazer outras e perdeu a maioria delas, conseguiu algumas porque a economia nacional se desenvolvia em passos largos. Nada mais natural que algumas empresas viessem, mesmo sem todas as isenções dadas. Temos que desenvolver a economia local nas mesmas regras, nos mesmos moldes.

O presidente do Sindicato dos Metalúrgicos, Ailton Araújo, elegeu um tema semelhante. Preocupado com a geração de empregos, questionou sobre quais seriam as medidas objetivas para a atração de novos investimentos ao município.

Osvaldo – Lembro bem quando a Menegaz estava fechada, numa dificuldade muito grande, e fomos buscar empreendedores para que a assumissem e a transformassem novamente em uma empresa que gerasse emprego e renda. Também estivemos lado a lado com a Bertol para a aquisição da fábrica de latas. A área da metalurgia é um dos pontos fortes de Passo Fundo. Temos a maior fábrica de plantadeiras do Brasil. Sempre ficamos ao lado dos empresários dando suporte do poder publico inclusive na busca de recursos para podermos superar os momentos de crise.

Luciano – A preocupação do sindicato é na essência a mesma da entidade industrial. Vamos acelerar a política de desenvolvimento, trabalhar muito para atrair novas empresas, criar condições para novos distritos industriais, oferecer logística e incentivo, mas também investir muito em empreendedores locais. Não dá pra esquecer a qualificação do trabalho, que faz com que o trabalhador ganhe mais e tenha condições de optar pelo emprego, o que é fundamental para desenvolver o município.

Cecconello – Esta é uma preocupação que também temos e o emprego quanto mais qualificado melhor. Vamos estar muito articulados com o projeto nacional, como já estamos, e estimular algumas questões importantes. A economia popular e solidária, por exemplo, vai receber atenção. A implantação de uma plataforma logística multimodal, que avence para no futuro ter aduana alfandegada. Vamos avançar no tema do turismo e outras iniciativas que compõe esta nova realidade.

Marcelo – É decepcionante ver que o mérito de uma administração é trazer quatro ou cinco empresas em quatro anos, uma época em que a economia nacional estava em franca expansão. Passo Fundo precisa investir em educação de qualidade para que os empregos sejam gerados para a comunidade local e que as empresas não tragam mão de obra de fora por falta de qualificação.

Bradimir – Fui sindicalista quase a minha vida toda e sei os problemas que a categoria passa, sou solidário. Existe uma clara diferença de classe que está sendo colocada à prova neste debate. Quase todos os candidatos estão preocupados com a empresa e ninguém fala dos trabalhadores, que é o tema central do debate.  A geração de riqueza de uma cidade passa por dar assistência aos trabalhadores que é quem constrói essa riqueza.

O tema do horário livre foi trazido ao debate pelo presidente do Sindicato dos Comerciários, Tarciel da Silva. Ele questionou qual o compromisso dos candidatos com os comerciários, em relação ao assunto.

Luciano – Não há nenhuma possibilidade de haver alteração sem que haja acordo entre as categorias. Respeitamos igualmente o sindicato dos trabalhadores do comércio e o sindicato patronal, de modo que não tomaremos nenhuma iniciativa que altere algo pactuado entre as partes. Entendemos que este é um tema da relação das categorias.

Cecconello – Temos em oito anos, na gestão comandada pelo prefeito Dipp, absoluto respeito à relação entre as categorias acertadas em negociação bilateral, que define o funcionamento do comércio em determinados domingos.  Dessa forma queremos dar continuidade aquilo que a gente já vem trabalhando nos próximos quatro anos.

Marcelo - A participação do prefeito nisso é indireta e esta questão deve ser debatida na Câmara de Vereadores, onde queremos lutar com todas as nossas forças para mudar esta lei. Não é possível que a gente queira tratar da segurança e não dê oportunidade para que os comerciários fiquem com os filhos aos domingos. Não adianta a folga durante a semana quando o filho não está em casa. É necessário ter respeito às famílias.

Bradimir – Estou muito tranquilo sobre a necessidade de reverter a lei que abre o comércio aos domingos. Não só pensando nos comerciários, mas também a grande maioria dos empresários não quer abrir aos domingos, a lei só beneficiou meia dúzia. Os candidatos defendem a lei como está porque são patrocinados pelos grandes empresários, que abrem aos domingos. Quem votar em nós vota pelo fechamento do comércio aos domingos.

Osvaldo – Trabalhei muito na lei da abertura do comércio aos sábados, achava que uma cidade polo deveria ter um atrativo e que a abertura aos sábado auxiliaria muito. Sobre a abertura do comércio aos domingos, sou a favor de que haja diálogo entre as partes envolvidas, para que definam se é interessante ou não. É difícil o prefeito tomar uma incitativa que sozinha resolva isso, mas estou aberto ao diálogo e podemos patrocinar um encontro entre todos.

O presidente interino da Uampaf, Adriano Garcez, perguntou aos candidatos se há ideia de incentivo para o setor de prestação de serviços. Como exemplo o líder comunitário sugeriu a concessão de locais adequados para a instalação de oficinas mecânicas.

Cecconello – Temos estimulado o crescimento do setor industrial e de logística numa visão de que a partir daí se ajuda a dinamizar toda a economia. Sabemos que as oficinas mecânicas prestam um serviço muito importante, porém a legislação que temos hoje permite apenas o incentivo direto para a indústria e a logística. Mas quando a economia cresce, indiretamente tem se auxiliado muito este setor.

Marcelo – Uma pena que tenhamos que usar este tempo importante para responder três perguntas no mesmo sentido, lamentavelmente tendenciosas e que não representam a concepção da maioria da sociedade. Vou reiterar o que disse: trazer quatro ou cinco empresas não é a solução dos problemas e não foi feito mais do que a obrigação. É necessário fazer o que propomos para todas as pequenas e médias empresas, dar acesso à tecnologia.

Bradimir – Vamos, sem dúvida, priorizar o investimento. Por exemplo, na questão do lixo queremos priorizar as cooperativas de reciclagem para que 100% seja reciclado, isso pressupõe que as pessoas que trabalham com a reciclagem tenham o direito de qualquer trabalhador. Temos a proposta de através dos Conselhos Populares desenvolver a cidade e os líderes comunitários terão um papel fundamental dentro dos conselhos

Osvaldo – Precisamos de propostas de incentivo para que os pequenos também possam ter oportunidades de aumentar os seus negócios e terem melhores condições de atendimento aos seus clientes. Nossa ideia é fazer em quatro pontos da cidade pequenos condomínios para que as empresas possam se instalar, dando sequencia aos seus trabalhos e gerando empregos.

Luciano – Queremos trabalhar muito junto com a Uampaf e o movimento comunitário de todos os bairros. Esta ideia que o Adriano está trazendo merece ser examinada, como outras trazidas pelo movimento comunitário, me disponho a examinar este tema e estar permanentemente aberto a sugestões.

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